O novo coronavírus no curso do rio Amazonas

No mês de junho, a Amazônia Latitude trouxe para o público três galerias que ilustram a força com que a pandemia da Covid-19 atingiu a região amazônica.

Muito além de números e estatísticas, a pandemia acaba por impor um novo ordenamento e expõe as feridas da frágil vida biológica, social, cultural e econômica não apenas de povos nativos que historicamente habitam partes consideráveis da floresta, mas também das populações de centros urbanos, rurais e comunidades ribeirinhas, que dependem e vivem sinergicamente com a natureza e os rios amazônicos.

Na primeira das fotogalerias, mostramos como a doença mudou a vida em Tabatinga (AM), cidade na Tríplice Fronteira que limita com a Colômbia e o Peru. As fotos de Antonio Caldas contam o drama vivido no interior da região Norte, a mais afetada pela pandemia no país. Um vereador do município também relatou à Amazônia Latitude que nove localidades da região contam com apenas com uma UTI aérea. Você pode assistir à entrevista aqui.

Descendo o rio Amazonas, o repórter fotográfico Edmar Barros evidencia a calamidade enfrentada pelos manauaras diante da pandemia do novo coronavírus. Como amplamente divulgado na imprensa nacional e retratado aqui, a tragédia amazonense, acentuada pela distância física, pela desigualdade social e pela ausência de políticas públicas, adiantou o que outras capitais do Brasil ainda podem viver quando os sistemas de saúde colapsarem, inclusive no caso de novas ondas.

Fechamos a série com Santarém, a cidade do oeste paraense que silenciou na pandemia. Na antiga Aldeia do Tapajós, antes um centro vibrante de pessoas, produtos e sons, o ritmo local foi interrompido pelo peso do novo coronavírus no cotidiano local. As imagens do fotógrafo Bruno Erlan explicitam essa mudança de rotina na porção urbana do terceiro município mais populoso do Pará.

1 — Vista panorâmica da orla de Tabatinga (AM) margeada pelo rio Amazonas. A foto mostra a extensão do perímetro urbano da cidade, localizada na região da Fronteira Brasil-Colômbia-Peru. Foto: Antonio Caldas/Amazônia Latitude

 

2 – Na foto, é possível ver pessoas mantendo proximidade e ignorando as recomendações de uso de máscaras e distanciamento social enquanto aguardam atendimento na agência da Caixa Econômica da Avenida da Amizade, em Tabatinga. Muitos viajam de comunidades indígenas ou ribeirinhas nos arredores da sede municipal para fazer saques de auxílios governamentais, como o Bolsa Família. Foto: Antonio Caldas/Amazônia Latitude

 

3 – Porto de Tabatinga (AM) recebe passageiros de comunidades ribeirinhas e indígenas, que visitam frequentemente a cidade para receber benefícios sociais, fazer compras e visitar familiares e amigos. Além disso, parte da população depende do auxílio emergencial do governo. Foto: Antonio Caldas/Amazônia Latitude

 

4 – Barreira de entrada para a Terra Indígena Tukuna Umariaçu. Nela, os próprios moradores fazem o controle e no momento não permitem a passagem de pessoas de fora. Quem vive dentro da comunidade também tem restrições para sair e voltar ao local. Há conflito na contabilidade de casos entre os nativos: quem mora em área urbana, quando infectado, era classificado como “pardo”, o subestimaria números reais. Foto: Antonio Caldas/Amazônia Latitude

 

5 – No bairro da Compensa, em Manaus, a multidão em busca do auxílio emergencial fez a fila da agência da Caixa na Avenida Brasil dobrar o quarteirão. Além do desemprego, estima-se que, no Brasil, 5 milhões de trabalhadores informais perderam sua fonte de renda. Foto: Edmar Barros/Amazônia Latitude

 

6 – Wanda Ortega, 32, da etnia Witoto, protesta em frente ao Pronto Socorro Delphina Aziz, centro de atendimento para vítimas da Covid-19 em Manaus, durante a visita do então ministro da saúde Nelson Teich. Na ocasião, o prefeito Arthur Virgílio Neto relembra que Teich prometeu ‘ênfase especial’ contra o novo coronavírus em relação a indígenas. Foto: Edmar Barros/Amazônia Latitude

 

7 – Na Amazônia, a vida corre sobre o rio. Apesar da proibição de viagens de barco para passageiros em todo o estado, o porto da Manaus Moderna seguia movimentado no fim de março. Foto: Edmar Barros/Amazônia Latitude

 

8 – Do contêiner frigorífico, o corpo de Francisco da Silva Vale, 59, é removido para o transporte que o levará até o cemitério. Nem todos podem saber o nome dos seus mortos: familiares reclamam da demora na liberação de corpos e da falta de identificação, que pode ocasionar trocas. Foto: Edmar Barros/Amazônia Latitude

 

9 – Em meio ao luto e ao colapso da saúde, o autoritarismo. Aglomerados e sem máscaras, apoiadores do presidente Jair Bolsonaro posam para fotos e pedem Intervenção Militar e a volta do AI-5. Ato aconteceu em frente ao Comando Militar da Amazônia. Naquele dia, 19 de abril, Manaus registrava 2.055 novos casos de coronavírus. Foto: Edmar Barros/Amazônia Latitude

 

10 – O ritmo acelerado de mortes e o risco de contaminação forçaram a adoção de covas coletivas para vítimas da Covid-19, que estamparam capas pelo mundo. No Cemitério Nossa Senhora Aparecida, em Manaus, cada caixão é identificado por uma cruz com o nome da vítima. Foto: Edmar Barros/Amazônia Latitude

 

11 – Pessoas desembarcam no porto de passageiros de Santarém (PA). Com 3.458 casos confirmados em 23 de junho, a cidade possui um Hospital de Campanha com capacidade para 120 leitos, sendo 10 de atendimento especializado para indígenas. Bruno Erlan/Amazônia Latitude

 

12 – Mercado dos Peixes na orla de Santarém (PA), fechado. Em abril, a Prefeitura organizou uma feira e estimou uma oferta de 30 toneladas de pescado para festividades da Semana Santa, com organização de preços e precauções contra a disseminação do novo coronavírus. Bruno Erlan/Amazônia Latitude

 

13 – Mercado de peixes continua movimentando o comércio na orla da cidade paraense, já que a pesca e os mercados populares são vitais para a obtenção de renda e de alimento. Bruno Erlan/Amazônia Latitude

 

14 – Em frente à bicentenária Catedral de Nossa Senhora da Conceição, no centro de Santarém, a praça passou do tradicional movimentação para o silêncio. Bruno Erlan/Amazônia Latitude

Imagem em destaque é o item 9 desta galeria. Crédito das imagens: Edmar Barros/Amazônia Latitude. Veja outras galerias clicando aqui.

 

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