Não queremos saber pela mísera capacidade de “miséria”

As matrizes contemporânea da criação do Possível questionam as formas do Presente, um questionar do além-rebelde, do pós, do after. A ironia cria o Possível, assim como a acidez linguística do poeta, corroendo as barreiras intocáveis pela linguagem; bem como a capacidade mimética do cientista de capacitar o vindouro nas “descobertas”, demonstrando o para além do ser Presente.

Por isso a questão do Poeta e do Cientista trabalharem no mesmo limbo intelectivo possível, em que o Imaginar, campo do pensamento, reconfigura livremente o Presente tornando o Limite a capacidade critica de reconhecer e o Possível o espaço presente de ser Futuro.

Gerard Holton em “L’imagination scientifique” (1981) acredita que a criação cientifica é debitaria da Imaginação, e, por natureza subjetiva, há por encontrar nessas criações particularidades do individuo criador, assim todo produto de natureza cientifica é um acontecimento, a descoberta expressa a dualidade Descoberta/Contexto de justificação.

“O movimento orbital dos planetas não é um circulo, mas uma elipse, onde um dos centros é o sol” pode-se ser lido pela Metafisica, pois segundo Holton o modelo reflete a grande fé de Kepler de influências neoplatonicas “reservando ao sol e às matemáticas, um lugar singular, bem como o decorrente desejo de harmonia”.

Com relação ao Principio da Complementaridade de Neils Bohr, descrita em 1927, o principio da imaginação cientifica faz uma costura cega entre duas teorias até então incompatíveis, a do eletromagnetismo e a do efeito fotoelétrico, para tal três concepções como pano de fundo: 1 – a influencia sobre Bohr do modelo do pensamento chinês, Ying e o Yang; 2 – da filosofia de Sören Kierkegaard (1813-1855); 3 – de um conto dinamarquês.

“Um sentimento religioso cósmico” escreve Holton sobre a matriz do pensamento einsteiniano. A Teoria da Relatividade é descrita formula de Baruch Spinoza (1632-1677), de que é preciso ter o amor intelectual de Deus. Uma dupla inspiração subentende esta concepção, a causalidade universal: o mundo é inteligível e racional, as leis harmoniosas o governam e ele é regido pela estrita causalidade.

A inspiração é argumentada aos 12 anos, pela consciência ele projeta um universo como uma unidade, uma unidade significativa independente de nós, daí o Principio da Relatividade traduzir a vontade de encontrar uma imagem do mundo que seja independente da situação de seus observadores, assim relativismo…

Como poeta eu me permito ser imagem, não ser exato como as datas ou as exequibilidades técnicas. Como pensador necessito da subjetividade para preencher lacunas do Possível, do enredo maior de minha vontade. Como cientista, pesquisar é catalogar, fazer o mesmo oficio do historiador ou do velho contador de historias, a acuidade visual e intelectiva pede, necessita ser além do manual, do rotineiro, do real visível e sensorial. Assim, poesia… criatividade… sensibilidade.

Vês aqui a grande máquina do Mundo,
Etérea e elemental, que fabricada
Assim foi do Saber, alto e profundo,
Que é sem princípio e meta limitada.
Quem cerca em derredor este rotundo
Globo e sua superfície tão limada, (…)

Daí, que este arrepio, este chamá-lo e tê-lo,
erguê-lo e defrontá-lo, esta fresta de nada aberta
no vazio, deve ser um intervalo.

(…) como laura,
nise e glaura
esferas musicantes de
Pitágoras…
esta foi a bela e
preciosa
descoberta (…)
(…) Quebra a força centrípeta que a
amarra,
Mas, de repente, e quase morta, esbarra
No mulambo da língua paralítica!

“Aparentemente existe um número infinito de seres vivos que seguem a lei da probabilidade.(…)
o olhar transfinito do Mário
nos ensina
a ponderar melhor a indecifrada equação cósmica (…)
}na estante de Mário
física e poesia coexistem
como asas de um pássaro –
espaço curvo –
colhidas pela têmpera absoluta de
volpi

(…)Ante o empolgamento
que foi galvanizando
sucessivamente

(…)Se o que pode ver, ouvir, pegar, medir, pesar Do
avião a jato ao jaboti Desperta o que ainda não, não
se pôde pensar Do sono eterno ao eterno devir
Como a órbita da Terra abraça o vácuo devagar
Para alcançar o que já estava aqui Se a crença quer
se materializar Tanto quanto a experiência quer se abstrair

O universo só existe quando observo.
Lento vôo da asa, teu andar de praia, a
nuvem gorda de água desaparecem se eu
falho. Penso, alto atravessa e molda um
fato. O espelho me inventa, a ruga não sou
eu quem traço.

 

Josué Vieira é professor de Língua Portuguesa da Secretaria Estadual de Educaçao do Amazonas (SEDUC-AM), e no ensino superior nos cursos de Letras e História da Universidade Estadual do Amazonas (UEA).  Como pesquisador, desenvolve pesquisas e consultoria em projetos na área de Sociologia e Antropologia, mais especificamente quanto ao tratamento da matéria Crime, Criminalidade, Vítima e Vitimização.
A imagem em destaque retrata a relação entre imaginação e ciência, onde Shakespeare contempla a cabeça de Albert Einstein em alusão ao paradigma filosófico “Ser ou Não Ser”. A ilustração é de Sandro Schutt, jornalista e editor da casa.
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