Acampamento Terra Livre: Resistência indígena em imagens
Cobertura dos dez dias da maior mobilização indígena do país
Mais de 8 mil indígenas de 200 povos se reuniram em Brasília entre os dias 4 e 14 de abril para a 18ª edição do Acampamento Terra Livre (ATL), mobilização anual do movimento indígena brasileiro. Durante o evento, documentei plenárias, apresentações artísticas, debates e marchas pela capital.
A 18ª edição do ATL foi a minha segunda cobertura da maior assembleia dos povos indígenas. Ela marcou meu retorno à fotografia após dois anos afastado do fotojornalismo.
Foram dias intensos fotografando diferentes personagens da luta indígena brasileira e as atividades das quais eles fizeram parte.
Houve palestras e plenárias para a discussão de temas envolvendo ancestralidade, diversidade e juventude, além da exibição de um filmes para refletir sobre cultura indígena.
Esta edição me marcou pela participação de jovens em painéis de discussão e também pelos coletivos de comunicadores, transmitindo e documentando o evento.
Os indígenas presentes também debateram a importância das mulheres na luta indígena, a ocupação de cargos políticos por indígenas e as ameaças aos territórios e à demarcação de terras, afetada diretamente por decisões tomadas pelos três poderes.
Não é por acaso que o tema da ATL de 2022 foi “Retomando o Brasil: Demarcar territórios e aldear a política”, em contexto de desmonte de políticas ambientais do Governo Federal e a tramitação de projetos de lei prejudiciais aos direitos dos indígenas e ao meio ambiente.
Uma das promessas do ex-presidente Lula (PT), que compareceu ao evento, foi retomar o processo de demarcação caso seja eleito neste ano.
A lista das propostas em tramitação que afetam os povos indígenas é extensa. Projeto de Lei 490/2007, do Marco Temporal; PL 6299/2002, da mudança nas regras nos agrotóxicos; PL 2633/2020 e PL 510/2021, da regularização de terras públicas invadidas por grileiros; PL 2159/2021, que altera as normas de licenciamento ambiental no país; PL 2699, do Estatuto do desarmamento e porte de armas, que fornece poder de fogo para invasores de terras indígenas; e o PL 191/2020, da Mineração em Terras Indígenas.
Este último recebeu aprovação pela Câmara dos Deputados para ser votado em regime de urgência, com apoio do Governo Federal. A necessidade de rapidez foi baseada na interrupção de potássio importado da Rússia, que invadiu a Ucrânia em fevereiro de 2022, e na suposta necessidade de minerar terras indígenas.
O Acampamento Terra Livre também divulgou uma carta aberta contra o PL 191/2020, elencando os impactos dessa investida em suas terras.
O ATL de 2022 reuniu milhares de pessoas entre representantes indígenas do país, políticos, celebridades, organizações sociais como a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil APIB, a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), a Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo (Apoinme), a Grande Assembleia dos Povos Guarani e Kaiowá (Aty Guasu), a Articulação dos Povos Indígenas da Região Sul (ARPINSUL) e a Articulação dos Povos Indígenas do Sudeste (ARPINSUDESTE).
Todas as fotos utilizadas nesta fotogaleria são de autoria de Anderson Barbosa