Latitude Podcast #13: Planta recém-descoberta já está em perigo
Durante uma pesquisa ecológica no nordeste do Amazonas, uma árvore de pequeno porte chamou a atenção de cientistas do INPA (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia) e da Universidade Federal do Maranhão. A pequena árvore parecia ser uma espécie ainda não catalogada. Para confirmar a hipótese do ineditismo, os pesquisadores Layon Oreste Demarchi, Maria Teresa Piedade e Lucas Marinho começaram a coletar amostras dessa árvore misteriosa todo mês, de julho de 2017 a março de 2020.
No episódio 13 do Latitude Podcast, trazemos detalhes sobre a história da Tovomita Cornuta, uma pequena árvore verde-clara com uns chifrinhos no topo, que foi catalogada recentemente.
As descrições do formato da planta recém-descoberta, da sua distribuição geográfica e do seu estado de conservação foram publicadas na revista científica Acta Botanica Brasilica, em fevereiro de 2022.
Os exemplares da planta recém-descoberta foram encontrados em florestas de campinaranas, um tipo de vegetação de solos arenosos extremamente pobres em nutrientes. Os pesquisadores fizeram medições rigorosas do tamanho das flores e dos seus botões, observando até as cores das estruturas da planta. Após analisar as caraterísticas da nova árvore em diferentes catálogos herbários — extensos repositórios com nomes e formatos de plantas do mundo todo — os pesquisadores confirmaram que a pequena árvore do nordeste do Amazonas era, sim, uma espécie inédita.
Outro passo metodológico da pesquisa de campo foi verificar o estado de conservação da nova espécie, ou seja, se a planta recém-descoberta estava correndo algum perigo na sua área de distribuição. Após análise, a Tovomita cornuta foi classificada como ameaçada. Mas os pesquisadores acreditam que a espécie esteja criticamente ameaçada.
Para entender mais sobre a descoberta da Tovomita cornuta, conversamos com Layon Oreste, ecólogo e doutorando em Botânica do INPA, e um dos responsáveis por encontrar e descrever a nova árvore.
Para Oreste, a descoberta mostra que a biodiversidade desconhecida na região é abundante, alertando para os riscos de algumas espécies serem destruídas antes mesmo de serem catalogadas.