Fotogaleria: Belém vira palco da resistência amazônica na Marcha Mundial pelo Clima
70 mil pessoas se uniram na cobrança por recursos diretos para quem vive na floresta, ressaltando o protagonismo popular nos debates sobre a Amazônia

Um close-up da energia das guerreiras amazônicas. A Marcha dos Povos foi impulsionada pela presença e liderança
das mulheres indígenas, que exigiram que a negociação climática não acontecesse sem a voz dos povos da floresta.
Foto: Isabela Leite/Amazônia Latitude.
Em Belém, atual capital do Brasil durante a COP30, nada acontece sem exalar cultura, dança, aromas e sabores amazônicos misturados. Até protestar vira um cortejo político-cultural. Foi o que aconteceu na Marcha Mundial pelo Clima, na manhã de 15 de novembro.
Sob um sol forte, a manifestação reuniu cerca de 70 mil pessoas, segundo organizadores e reportagens locais, e integrou a programação da Cúpula dos Povos.
Com a participação de movimentos sociais, partidos políticos, organizações sociais, artistas, povos indígenas, quilombolas, ribeirinhos e extrativistas, a Marcha partiu do Mercado de São Brás, no centro histórico de Belém, e seguiu por aproximadamente 4,5 km até a Aldeia Amazônica (ou Aldeia Cabana).
A dimensão cultural do ato foi visível ao longo do percurso. Brincantes do Arraial do Pavulagem estiveram na rua e encantaram visitantes internacionais com suas fitas coloridas, pernaltas e batuques. Mas, mesmo com música e dança, as cobranças nunca ficaram de lado. No trajeto, máscaras de Chico Mendes e do cacique Raoni apareceram entre os participantes, lembrando as lutas históricas pela floresta.
Um dos atos simbólicos foi o chamado “funeral dos combustíveis fósseis”. Manifestantes enlutados carregavam caixões pretos rotulados “Gás”, “Petróleo” e “Carvão” para denunciar a continuidade da dependência do petróleo e cobrar o fim do uso de combustíveis fósseis.
Há registros fotográficos e vídeos da ação nas redes das coberturas locais. Outro símbolo forte da Marcha foi uma escultura de cobra de trinta metros construída por 16 artistas de Santarém, com os dizeres “Financiamento direto para quem cuida da floresta”.
As lideranças indígenas tiveram um papel central na condução política do evento. A presença delas dava o tom do protesto, lembrando que a COP30 acontece na Amazônia, mas nem sempre com a Amazônia dentro das salas de negociação. Alessandra Korap, liderança Munduruku, caminhou entre mulheres, caciques, jovens e anciões, e resumiu com contundência o sentimento que atravessava a mobilização:
“A gente botou a nossa cara, a nossa força, a nossa resistência com as mulheres, os caciques, os guerreiros e as guerreiras. A negociação não podia acontecer sem a nossa presença. Empresa nenhuma e governo nenhum gostam do meio ambiente, só usam como mercadoria. Viemos dizer que não queremos que negociem o nosso território, a nossa mãe natureza, o nosso rio”, pontuou.
A Marcha expôs um paradoxo claro: enquanto negociadores na COP30 discutem metas e compromissos técnicos, nas ruas existe uma pressão popular vibrante para que esse debate seja mais inclusivo – não apenas com promessas, mas com recursos concretos para quem vive na floresta.

Indígena destaca o elo inseparável entre a identidade dos povos originários e a própria essência do Brasil, em meio à Marcha Mundial pelo Clima. Foto: Alice Palmeira/Amazônia Latitude.

A Marcha dos Povos avançou por 4,5 km sob forte calor amazônico, do Mercado de São Brás até a Aldeia Cabana. Ao fundo, o policiamento acompanha o percurso. Foto: Isabela Leite/Amazônia Latitude.

Sorrisos e cores vibrantes marcaram a Marcha pelo Clima. Em Belém, os protestos se transformam em cortejos político-culturais que exalam a riqueza da cultura amazônica, integrando dança e tradição. Foto: Isabela Leite/Amazônia Latitude.

Em meio ao calor intenso, manifestante usa o bom humor para ressaltar a seriedade da crise e a meta das negociações da COP. Foto: Alice Palmeira/Amazônia Latitude.

Indígenas, ribeirinhos, ativistas e representantes de diferente nações uniram-se na Marcha pelo Clima. A manifestação integrou a programação da Cúpula dos Povos, exigindo uma Amazônia inclusiva. Foto: Isabela Leite/Amazônia Latitude.

Mulher indígena participa da Marcha carregando sua filha, simbolizando a luta pela continuidade da vida e pela proteção do futuro da Amazônia. Foto: Alice Palmeira.

“World Fiers Say: System Change!” Participantes de diferentes países e movimentos sociais levantaram suas vozes e punhos durante a Marcha dos Povos 2025, reforçando a pressão por mudanças globais. Foto: Isabela Leite/Amazônia Latitude.

O evento reuniu 70 mil pessoas com um sentimento de urgência. A mobilização, intensa e diversa, foi amplamente coberta pela imprensa nacional e internacional, registrando cada passo da pressão popular. Foto: Isabela Leite/Amazônia Latitude.

Em performance, manifestante carrega uma fantasia feita de lixo plástico, simbolizando o impacto da poluição e da cultura do descarte na vida dos rios e da Amazônia, um tema vital para a saúde do planeta. Foto: Alice Palmeira.

O Cacique Ninawa Hui Kui celebra a riqueza cultural dos povos originários e sua determinação em lutar pela Amazônia. Foto: Alice Palmeira.

A Marcha expôs a pressão popular contra a ganância corporativa e governamental. Manifestantes denunciaram que, para empresas e governos, a natureza é usada como mercadoria. Foto: Isabela Leite/Amazônia Latitude.

Alegoria satírica confronta diretamente os interesses na exploração de combustíveis fósseis e o impacto ambiental na Amazônia, um dos temas quentes da COP30. Foto: Alice Palmeira.

A Voz da Floresta: Manifestante incorpora a mãe-natureza em luto, segurando um cartaz que resume a urgência do protesto: “A morte da floresta é o fim das nossas vidas”. Foto: Isabela Leite/Amazônia Latitude.

Justiça para quem cuida da terra: A Marcha integrou a luta climática com o debate social, lembrando o assassinato das Quebradeiras de Coco de Babaçu poucos dias antes da COP30. Foto: Isabela Leite/Amazônia Latitude.

Manifestantes usaram alegorias gigantes para expressar suas críticas sobre o papel do governo brasileiro e suas políticas climáticas na COP30. Foto: Alice Palmeira.

Mulheres e ativistas trouxeram à Marcha dos Povos as bandeiras do feminismo popular e antirracista. A alegria e a força do “Bem Viver” ressoaram pelas ruas de Belém, exigindo um debate mais inclusivo e justo. Foto: Isabela Leite/Amazônia Latitude.

O debate sobre as mudanças climáticas nas ruas de Belém integrou o tema da diversidade. Manifestantes ligaram as causas sociais à luta pela floresta. Foto: Isabela Leite/Amazônia Latitude.

A força da mulher indígena. Pinturas e adereços representam a determinação e a beleza cultural dos povos que protegem a floresta. Foto: Alice Palmeira.

O protesto ampliou as vozes regionais. Mulheres Marajoaras marcaram presença na Marcha, exigindo a proteção dos rios, um tema central na Amazônia e na luta contra projetos de exploração na região. Foto: Isabela Leite/Amazônia Latitude.

Manifestantes internacionais e ativistas da sociedade civil cobraram o financiamento direto e o pagamento de dívidas históricas dos países desenvolvidos, ecoando as exigências da Cúpula dos Povos. Foto: Isabela Leite/Amazônia Latitude.

Em meio ao cenário de Belém, a Marcha destacou a mensagem política da soberania, fazendo ecoar a exigência por decisões que priorizem a população e a Amazônia. Foto: Alice Palmeira.

Em Belém, a manifestação política se funde com a expressão cultural. O uso de máscaras e fantasias criativas enfatiza o apelo pela defesa da fauna e da floresta na Marcha dos Povos. Foto: Isabela Leite/Amazônia Latitude.

Crianças indígenas na linha de frente da Marcha, simbolizando a luta das novas gerações por um futuro livre de combustíveis fósseis. Foto: Alice Palmeira.

O movimento reuniu jovens, líderes e anciões. Esta manifestante simboliza a sabedoria e a luta histórica dos povos tradicionais na Marcha Mundial pelo Clima. Foto: Isabela Leita/Amazônia Latitude.

Os brincantes do Arraial do Pavulagem, com suas fitas coloridas e a energia da cultura paraense, garantiram que a Marcha fosse também um espetáculo de celebração e resistência. Foto: Isabela Leite/Amazônia Latitude.

Em um retrato que simboliza a luta pela vida, esta mãe indígena leva nos braços a força de seu povo e a esperança de um futuro seguro. Foto: Alice Palmeira.

Um dos brincantes do Arraial do Pavulagem, com seus maracás adornados, sorri enquanto puxa o ritmo da Marcha dos Povos. O batuque funcionou como trilha sonora para as cobranças por justiça climática. Foto: Isabela Leite/Amazônia Latitude.

O “funeral dos combustíveis fósseis” foi um dos atos simbólicos mais dramáticos da Marcha. Foto: Alice Palmeira.

O Movimento Munduruku Ipereĝ Ayû marcou presença na Marcha, reforçando o protagonismo deste povo na defesa do rio Tapajós e dos territórios. Foto: Alice Palmeira.

A presença das lideranças e guerreiros indígenas na Marcha expôs o paradoxo da COP30: enquanto a negociação é técnica, nas ruas a pressão é vibrante para garantir recursos e respeito concreto a quem vive na floresta. Foto: Isabela Leite/Amazônia Lattiude.

Manifestante carregam a escultura de cobra de trinta metros, com a mensagem “Financiamento direto para quem cuida da floresta” à Marcha. Foto: Alice Palmeira.

Com fantasias que remetem à floresta e à vida, a Marcha Mundial pelo Clima transformou o protesto em uma celebração vibrante da cultura amazônica, ressaltando a riqueza da biodiversidade local. Foto: Isabela Leite/Amazônia Latitude.

A Matinta Pereira, figura mítica da Amazônia, desfilou na Marcha Mundial pelo Clima. O uso de lendas regionais reforça a identidade paraense do protesto e a conexão ancestral com a defesa da floresta. Foto: Isabela Leite/Amazônia Latitude.

Solidariedade Global: A Marcha Mundial pelo Clima foi um ponto de convergência para diferentes pautas de justiça social. Foto: Alice Palmeira.

A voz popular da Amazônia se uniu ao ativismo global. Cartazes sublinharam o sentimento de resistência e o papel dos povos tradicionais como linha de frente contra as mudanças climáticas. Foto: Isabela Leite/Amazônia Latitude.

O foco na Justiça Indígena e Justiça Climática resume a essência da Marcha Mundial. Manifestante prepara sua faixa, sublinhando a conexão entre a luta dos povos tradicionais e o debate global. Foto: Isabela Leite/Amazônia Latitude.

O grito de guerra pela floresta: Guerreiros indígenas levantam suas armas e soltam um grito de determinação na Marcha Mundial pelo Clima. Foto: Alice Palmeira.

Uma denúncia sobre a exploração de petróleo na Amazônia. A mensagem contundente resume a luta contra a dependência de combustíveis fósseis: “Não existe Amazônia 2 se a floresta virar poço de petróleo”. Foto: Isabela Leite/Amazônia Latitude.

Cuidado com o Planeta: o protesto ganhou ares de performance. Um manifestante, caracterizado com maquiagem de palhaço, segurava um globo terrestre, simbolizando a urgência de cuidar do planeta. Foto: Isabela Leite/Amazônia Latitude.

O Grito pela vida: faixa confronta diretamente a violência no campo e a invisibilidade nos debates da COP30. Foto: Isabela Leite/Amazônia Latitude.
Fotos: Alice Palmeira e Isabela Leite
Texto: Alice Palmeira
Montagem da Página e Revisão: Juliana Carvalho
Direção: Marcos Colón
