O que a rotina de uma mulher Tikuna revela sobre política e resistência

arte tikuna mulher

[RESUMO] A partir de um apanhado de relatos e da descrição detalhada de um dia na rotina de uma mulher, autor explica como a vida dessa artesã Tikuna reflete aspectos políticos, históricos e culturais entre sua etnia indígena. E como ela se revela em uma sociedade histórica e predominantemente masculina.

Apesar da representação feminina entre os Tikuna datar dos tempos de seus heróis fundadores — Mapana, a mulher de Ngutapa; e mesmo que esteja estampada em máscaras e vestimentas de rituais e presente na luta diária nas aldeias e nos movimentos; ainda é pouco expressiva na história e na etnologia desse povo.

Desde os viajantes e cientistas dos séculos XVIII e XIX, passando por indigenistas e antropólogos no século XX, os registros sobre as mulheres Tikuna são escassos, com esporádicas menções textuais ou inevitáveis flagrantes fotográficos.

As razões desse silêncio ou dessa dívida etnológica ainda não foram estudadas. Contudo, podemos mencionar pelos menos três aspectos presentes neste debate.

Primeiro, é necessário reconhecer o domínio dos homens ao longo da história em campos estratégicos: economia, militarismo, religião e ciência. Foram os homens que descreveram o “encontro etnográfico” com os povos ou sociedades do Novo Mundo, a partir, obviamente, dos princípios da sociedade patriarcal à qual pertenciam.

Segundo: do outro lado deste “encontro” estavam sociedades também dominadas, pelo menos militar e politicamente, pelos homens. Eram eles que tinham a incumbência de receber, de conversar e de informar quem lá chegasse. Viajantes, cientistas e etnólogos dirigiram-se aos homens para a produção dos primeiros relatórios, crônicas e etnografias sobre os Tikuna.

Terceiro, é recente o fato da questão das mulheres ser tratada como um problema acadêmico importante. Para uma “antropologia do contato”, dominante na etnologia Tikuna da segunda metade do século XX, o foco eram as relações interétnicas e as reações indígenas ao contato através do Movimento Indígena e suas Organizações — com pouco ou nenhum espaço para as mulheres, quase invisíveis.

Na História

Sobre este silêncio em torno das mulheres nas fontes históricas, a historiadora francesa Michelle Perrot destaca três aspectos: o silêncio do relato, pelo fato das mulheres terem sido excluídas e invisibilizadas nos documentos, uma vez que não faziam parte do espaço público, da vida econômica e política da sociedade;

Adiciona-se o silêncio das fontes, porque as mulheres, excluídas destas atividades, deixaram pouquíssimos relatos escritos sobre sua forma de ver o mundo. Por fim, a dissimetria sexual das fontes, ocasionada pelo domínio masculino na produção documental e científica.

Isto se deu principalmente porque as mulheres não somente estavam excluídas das atividades consideradas vitais para a sociedade (economia, política, guerra, religião), mas também porque não faziam parte da sociedade letrada.

Perrot atesta que essa realidade só começaria a mudar gradativamente a partir do século XVIII, quando a História torna-se mais científica e profissional e começa a haver um maior interesse pelas mulheres.

Porém, isso tudo ocorreu na Europa, num mundo muito distante das Tikuna. No século XIX, cresce o interesse pelas mulheres na história ocidental e ganham relevo as biografias de rainhas, de santas, e cortesãs, ou seja, é um interesse por “mulheres excepcionais”, jamais por mulheres comuns, muito menos ainda por mulheres indígenas.

Mesmo com a chamada “revolução historiográfica francesa” da escola dos Annales no final dos anos de 1920, que rompeu com o exclusivismo político dos temas históricos, a história das mulheres não encontrou sua nascente. Ainda nesse período, para Perrot e outros historiadores, a diferença entre os sexos não constituíam “uma categoria de análise” para a história.

Desta forma, o nascimento da história das mulheres teve que esperar mesmo os anos de 1960, especialmente na Grã-Bretanha e nos Estados Unidos para dar seus primeiros passos.

As Mulheres Tikuna nos labirintos das fontes

Mesmo sendo dados escassos e tomados a partir dos referenciais, por assim dizer, masculinos, é importante considerar como as mulheres Tikuna são apresentadas pelos diferentes autores entre os séculos XVIII e XX. Começamos com o ouvidor Francisco Xavier de Sampaio, cuja viagem pelo interior da Amazônia ocorreu entre 1774 e 1775.

Segundo ele, as mulheres Tikuna viviam nuas, diferente dos homens, que se cobriam pela cintura com uma canga. Não consta que ele teve algum contato direto com elas, mas aquele costume bárbaro de não cobrir as genitálias era demasiado exótico e até agressivo para que um administrador colonial setecentista não o percebesse.

No século XIX, principalmente na sua primeira parte, o silêncio sobre as mulheres Tikuna nas fontes é quase total. Os cientistas Spix e Martius, que estiveram na região nos anos de 1819 e 1820, fazem apenas a mesma observação de Sampaio. Henrique Lister Maw, oficial da marinha britânica que passou pelo território dos Tikuna em 1828, somente se refere a elas nas bebedeiras junto aos homens e na Dança dos Mascarados.

Maw descreve que a apresentação da dança era exclusiva dos homens, sem perceber que entre eles poderia haver mulheres, uma vez que elas também usavam as máscaras rituais.

Em 1847, o naturalista italiano Gaetano Osculate, de passagem pelo Solimões, não menciona as mulheres Tikuna em nenhuma parte de seu relato. Nesse mesmo ano, porém, elas apareceriam, ainda que discretamente, na obra do cientista Paul Marcoy, que, aliás, foi quem mais descreveu os Tukuna no século XIX, incluindo os rituais da Moça Nova e da circuncisão dos meninos.

Numa passagem, Marcoy fala de uma mulher que guiava a canoa para seu marido. Descreve seus adereços corporais dizendo que ela portava um colar de contas vermelhas de vidro, que ele diz ter sido adquirido pelo marido em transações comerciais com os brasileiros, e uma faixa de algodão nos tornozelos e outra na cintura. Na despedida, presenteou o homem com anzóis e a mulher com uma tesoura usada, e relata que os indígenas ficaram muito agradecidos .

O autor narra com admiração um caso ocorrido horas antes de sua chegada, em que uma mulher teria matado com uma lança uma onça que atacou seu marido. Após o feito, a mulher ainda remou sua canoa para a aldeia, carregou o marido para casa e o colocou em sua rede e “mesmo ocupada em […] preparar bananas e outros alimentos, descreveu o episódio […], sem gesticular ou emocionar-se, como se tivesse sido um simples caso de rotina”, conta Marcoy.

Marcoy poderia ser até uma exceção positiva entre os viajantes do XIX pelo contato com as mulheres, não fosse o tom pejorativo. Diz que comprou um filhote de anta “de uma velha e horrível mulher Ticuna enrugada, arqueada, escura e ressequida e que estava quase nua”.

Pagou com “um colar de contas de vidro amarelas que a velha pôs ao pescoço com caretas de repugnante coquetice”. Em outra passagem registra ainda que as mulheres Tikuna eram o “objeto de paixão” dos soldados do Forte de Tabatinga e que um grupo dessas “mulheres dos soldados” vivia em um povoado perto do Forte.

O grande cientista Henry Walter Bates, que morou na Amazônia entre 1850 e 1859, fez também uma importante descrição dos Tikuna, mas com pouca menção às mulheres. Relata apenas suas “tatuagens”, o casamento e, em rápida passagem, a festa da Moça Nova e o rito da puberdade.

Já o médico alemão Robert Avé-Lallemant, que passou pela região em 1859, impressionou-se com a agilidade de uma “rapariga” Tikuna para descer de uma árvore quando foi por ele avistada. Disse o médico que, ao descer da árvore, ela rapidamente juntou-se às outras mulheres que estavam à beira do barranco e, num gesto rápido, colocaram as saias entre as pernas pressionando-as com as mãos, agacharam-se e riram do ocorrido.

Contudo, os registros mais consistentes sobre os Tikuna foram feitos já no século XX, os primeiros deles realizados por Curt Nimuendaju, que esteve três vezes com esses índios (1929, 1942 e 1945) quando, inclusive, morreu entre eles. Um relato de sua primeira viagem foi publicado na Alemanha em 1930, sob o título Besuch bei den Tukuna-Indianern.

Dedicou depois à monografia intitulada The Tukuna, até hoje um dos trabalhos mais completos sobre esse grupo, publicado em 1952 pela Universidade da Califórnia. Nele, Nimuendaju fala de história, subsistência, arte, organização social e religião Tikuna, mas inclui as mulheres em rápidas passagens quando fala dos rituais da puberdade e do casamento das meninas.

Em 1959, o antropólogo Roberto Cardoso de Oliveira fez seu primeiro contato com os Tikuna. Inaugurou uma outra fase da etnologia, menos preocupada com os problemas de conteúdo cultural e mais voltada aos efeitos do contato dos indígenas com a sociedade nacional. Das publicações, destacamos “Os Índios e o Mundo dos Brancos”, de 1996.

A partir de 1974 e, principalmente, durante a década de 1980, João Pacheco de Oliveira Filho fez vários trabalhos de campo com os Tikuna e escreveu uma extensa obra, na qual se destaca o livro “O Nosso Governo: os Tikuna e o regime tutelar”, publicado em 1988.

Seguindo a mesma tradição do estudo do contato interétnico, mas trocando a fricção interétnica por situação histórica, recoloca os Tikuna no cenário etnológico brasileiro. Ambos deram uma enorme contribuição à compreensão dos problemas vividos pelos Tikuna a partir dos contatos — mas pouca ou nenhuma atenção foi dada às mulheres.

Mesmo a recente coletânea “Os Ticunas Hoje”, publicada pelo Museu Amazônico em 2000, que reúne trabalhos dos principais estudiosos dos Tikuna, não traz nenhum trabalho sobre as mulheres, o que nos permite inferir que o problema da escassez da presença das mulheres na etnologia Tikuna se estende pelo século XX.
É preciso quebrar este silêncio, inserindo a mulher no cenário etnológico dos Tikuna. Tomá-la como sujeito social que pensa e age a partir do seu mundo, mediada pelas relações sociais estabelecidas com os homens, com sua comunidade e com a sociedade que a cerca.

A problemática da mulher Tikuna aqui esboçada é indispensável para entender a situação indígena na Amazônia, particularmente na fronteira do Alto Solimões, onde ficam a cidade de Benjamin Constant e as aldeias Filadélfia, Porto Cordeirinho e Bom Caminho — estas últimas integrantes da Área Indígena Santo Antonio.

Cidade e aldeia se diferenciam e se completam mutuamente. Na cidade, os Tikuna mantêm o Museu Magüta, algumas moradias, postos de trabalho e locais de estudos (escolas e universidade), entre outros pontos estratégicos de contato com o mundo dos brancos.

Na aldeia, a população da cidade tem parentes próximos e distantes, realiza atividades de subsistência como roça, pesca e caça. Tem o lugar como um referência cultural que serve como representação identitária para atividades ligadas ao turismo, ao folclore e às pesquisas acadêmicas e científicas.

Atravessando com sutileza esses dois mundos, está a mulher Tikuna. Artesã, esposa, mãe e líder comunitária. É dela que vamos falar em seguida.

Trabalho, memória e cotidiano

Seus dedos pequenos e já enrugados pelo tempo, com unhas grossas e corroídas pela fricção com as talas, cipós, fibras e palhas tecem habilmente um delicado cesto de tucum. Seu corpo está sentado elegantemente no assoalho de madeira grossa, cujas brechas entre as tábuas permitem entrar o vento refrescante e evitam o acúmulo de sujeira entre as tábuas.

Sua aparência tranquila esconde o inevitável desassossego com os carapanãs e com as abomináveis mutucas pretas que lhe picam o corpo. Para combater essas pragas, ela bate seu corpo constantemente com um pedaço de pano.

Suas pernas curtas e parcialmente cobertas por uma saia de tecido azulado estão admiravelmente retas no chão, enquanto sua coluna, meio curvada, dá a seus braços flexibilidade e movimento. Seus pés pequenos, de pele queimada pelo sol e meio esbranquiçada pelos efeitos das águas barrentas do Solimões, têm as plantas amareladas e os dedos miúdos e ligeiramente abertos.

Indicam, por um lado, uma infância descalça e de trabalho pesado, mas, por outro, uma infância livre para as brincadeiras no terreiro, nas praias, nas canoas e nos rios. Uma liberdade que agora seus filhos quase não conhecem, pois os perigos da cidade estão cada vez mais perto.

Notícias de uso indiscriminado de drogas, estupros, roubo e tráfico de crianças não deixam que ela tire os olhos do terreiro onde brincam os curumins, afastando aquela nostálgica tranquilidade que seus antepassados desfrutaram.

Uma camiseta branca já bastante usada lhe cobre o resto do corpo magro e firme. Seus cabelos longos de um lado da cabeça estão presos por um pequeno grampo com enfeites coloridos, deixando à mostra somente um dos lados de seu rosto moreno, ainda jovem, mas já marcado pelo tempo; o restante lhe cai sobre outro lado do rosto e dos ombros constituindo quase um segundo vestuário.

Sua roupa, aliás, exprime bem a rígida influência religiosa cristã de padrões estéticos pacatos, distante da influência da moda feminina contemporânea dos grandes centros urbanos. Seu rosto moreno não contém nenhum sinal de maquiagem com produtos dos brancos e nem mesmo dos índios.

Nossa personagem só pinta seu rosto com traços geométricos de tinta de jenipapo e urucum em eventos públicos, para representar seu povo diante dos brancos em certas ocasiões.

Seus olhos negros, refletindo serenidade e firmeza, estão posicionados entre suas raras, finas e naturais sobrancelhas e olheiras meio fundas. Não se distraem um só instante de seu afazer. Talvez dizendo que, no trabalho de artesã, a mente, o corpo e o objeto tornam-se um só, que se cria a cada instante e se transforma em arte.

Concentrada e silenciosa, mas nunca sozinha, ela está em sua casa. Embora não seja visivelmente dividida em cômodos separados, contém muitos espaços específicos, cada um repleto de objetos de seu universo cultural e seu cotidiano.

Num canto da sala há uma maqueira de fibra de tucum e uma malhadeira, ou caçoeira; noutro canto, há um carote de gasolina, um remo e um motor rabeta, objetos de uso masculino e indícios de que seu marido e seus filhos estão para roça e não para o rio.

É de lá que ela espera macaxeira, farinha ou, quem sabe, uma caça para o jantar. Nas poucas paredes da casa, retratos de santos e de políticos, pregados cuidadosamente — sinais de sua religiosidade e de suas relações sociais e políticas para além de sua aldeia.

Há sobre uma mesa um televisor coberto com um pano e um aparelho de som já gasto. No quarto, separado da sala apenas por uma meia parede de paxiúba batida, uma rede de dormir envolta por um grande mosquiteiro.

É no espaço do mosquiteiro de casal que ela tem suas intimidades com seu companheiro. Fora dele não se observa aproximações físicas entre o casal. Pelo contrário, há um certo distanciamento, especialmente durante o dia, ou, pelo menos, na presença de estranhos.

Na cozinha existe um fogão à lenha, um jirau onde se prepara a comida e se tratam os peixes e um impressionante “painel de panelas”, além de louças de alumínio penduradas numa parede de tábuas disformes, tão bem areadas que chegam a espelhar o ambiente.

O zelo com os objetos da casa é sinal da dedicação da mulher ao seu marido e à sua família. A aquisição de certos objetos dos brancos, como panelas, é um indicativo de prosperidade da família, embora sejam adquiridos a preços aviltantes e geralmente no fiado.

Enfiados entre as palhas da cobertura da casa, caniços, arpões, flechas, zarabatanas, facões e espingardas, instrumentos de caça e pesca de domínio masculino. Aqui e ali, é possível ver pequenas esculturas de madeira, colares, pulseiras, anéis, cestos e uns panos pintados feitos de casca de árvores (tururis).

São representações mitológicas da Onça, do Avaí, da Saúva, do Jenipapo, do Buriti, do Mutum, do Japó, da Arara, ou seja, de oito dos cerca de vinte clãs ou nações em que se subdivide o mundo Tikuna.

Ao percorrer a casa com os olhos, a artesã mantém viva a lembrança da cultura de seu povo. Embora o contato com os brancos já tenha questionado, principalmente entre jovens, certos aspectos da tradição – religião, parentesco, casamento e escolha dos nomes das crianças, ela sabe que seus filhos herdaram a descendência clãnica do pai. Sabe que meninos e meninas devem se casar com gente da mesma nação, que eles têm em seus nomes nativos o sufixo e elas, o sufixo na.

E entende que isso é uma referência aos clãs a que cada um pertence. Por isso, vê com preocupação a liberdade de escolha conjugal reivindicada por sua única filha. Se ela preferir um Tikuna, terá que procurar um bom rapaz do mesmo clã na sua aldeia ou em outra, mas, se preferir um branco, seus netos não serão considerados Tikuna e, portanto, terão muita dificuldade em encontrar um lugar no meio de seus parentes.

Mesmo professando fé cristã, ela sabe e ensinou à sua filha que o incesto clãnico, ou de metade, está entre os três crimes que envergonham os Tikuna e são passíveis de punição sobrenatural.

Os outros dois são o infanticídio e a morte por feitiçaria. Pela tradição, quando uma criança é gerada em uma relação incestuosa, a mãe pode matá-la e enterrá-la viva, mas esse ato será punido por uma das criaturas imortais dos Tikuna, e condenará uma parte da alma da mãe. Após a morte, esta subirá ao mundo superior com o cadáver da criança atravessado em sua boca, como uma condenada. Por isso, ela jamais quer que isso ocorra com sua filha e sua família.

A criatura é Taé, mãe de Ngutapa, considerada a mãe de toda a criação. Junto com Ngutapa, Mapana e Baiá, constitui o grupo das criaturas mais antigas do mundo Tikuna.

Dentro dessa tradição, a mulher Tikuna lembra que as relações entre homens e mulheres sempre foram tensas. Mesmo antes de seus antepassados terem sido pescados por Yoi (o herói que pescou os Tikuna) e virado gente. Ou antes da organização em nações com regras e costumes próprios, no tempo dos heróis imortais.

A mulher heroína Mapana foi criada juntamente com o marido Ngutapa. Ambos viviam num lugar sagrado, hoje o Igarapé São Jerônimo. Certo dia, quando foram caçar, discutiram e brigaram. Ngutapa surrou a mulher e amarrou-a em um pau com braços e pernas abertas. Lá, ela teve as genitálias picadas por cabas (marimbondos) e formigas. Sentindo muita dor, foi socorrida por um pássaro chamado cancã, que lhe sugeriu vingança.

Deu-lhe uma casa de cabas e disse para ela aguardar o marido escondida. Quando Ngutapa chegou, Mapana jogou a casa de cabas nele, acertando-lhes os dois joelhos. Ele caiu e teve que se arrastar para casa. Chorou por vários dias. Seus joelhos incharam, e do inchaço surgiram dois casais de filhos: do joelho direito saíram Yoi e sua irmã Mowatcha; do joelho esquerdo nasceram Ipi (o herói que pescou os não Tikuna) e sua irmã Aicüna.

Os dois homens já nasceram de posse de suas zarabatanas e as mulheres, de seus cestos, objetos masculinos e femininos.

Essa e outras histórias, que ouviu quando criança, colocam para a personagem uma série de questões sobre seu passado, sobre sua tradição e sobre sua própria identidade e condição de mulher Tikuna.

Ela sabe que tem objetos que são próprios dos homens e outros que são próprios das mulheres. Sabe que nunca poderá ver a flauta sagrada tocada pelos homens e que muitos deles, no passado, como Domingos Tshunecü, da nação arara-azul, casaram-se com mais de uma mulher.

Mas sabe também que vários elementos dessa tradição têm que ser tratados com habilidade diante dos brancos, muito diversos culturalmente e com diferentes pensamentos.

Por exemplo, certas entidades nacionais e internacionais que apoiam reivindicações sociais e até financiam parte da produção artesanal Tikuna têm uma tendência preservacionista das tradições indígenas. O mesmo não ocorre com outros setores, como o Movimento de Mulheres, cujas orientações feministas questionam os fundamentos históricos, mitológicos e simbólicos do patriarcado e do machismo, ou seja, de uma suposta “dominação masculina” ao longo da história.

Ela sabe que, de uma forma ou de outra, essas contradições já estão presentes no seu dia-a-dia e influenciarão mais ainda as novas gerações de seu povo. Mas continua tecendo seu cesto e acreditando que tudo se resolverá da melhor maneira no futuro.

Mesmo tendo em sua casa uma mesa e algumas cadeiras de brancos, certos aspectos de sua cultura não mudaram: as visitas sentam-se no chão, em pequenos banquinhos de madeira, ou ficam de cócoras. A mesa das refeições é servida no chão da cozinha para os “de casa” e na sala para os “de fora”. Os visitantes, quando vão fazer alguma atividade na aldeia, geralmente são pintados com tinta de jenipapo, simbolizando acolhimento, amizade, mas também é uma maneira de manifestar sua identidade para os não Tikuna.

De qualquer ponto da casa avista-se o terreiro da aldeia, com suas árvores frutíferas, galinhas, patos e outros animais de criação ou de estimação. Veem-se também muitos curumins correndo, brincando e falando alegremente sua língua materna. Em sua casa, ela está diante de seu clã, de sua família, de sua prole, de seus xerimbabos e de seus trecos; de sua cultura, de suas lembranças e de sua memória que inspiram sua criatividade.

Em seu lugar sagrado, a mulher Tikuna trança, estica, puxa e tece rápido a vida e seu viver. Antes de ser artesã, ela é também uma hábil coletora de cipós, palhas, sementes e fibras da floresta.

Do tucum arrancado, batido, secado ao sol e desmanchado em delicados fios, ela tece engenhosos nós e tranças em formas de pequenos cestos, abanos, bolsas, chapéus, colares, pulseiras e redes. Ancestrais, as técnicas vêm passam de mãe para filhas e netas pelo lento e quase infalível método de observar, fazer e refazer.

Do arumã extraído da várzea e desfiado em finas talas, ela faz abajus, bandejas, baús, bolsas, pacarás simples e barrigudos, peneiras, pau de-chuva para uso próprio e para atender aos interesses dos brancos.

Da palha do tucumã, extraída e seca ao sol, ela tece pequenas esteiras coloridas e chapéus de diferentes formatos e tamanhos. Dos cipós ambé e titica, ela confecciona paneiros, aturás e outras variedades de cestos que serve para diferentes finalidades.

Com as tintas e corantes extraídos do urucum, do jenipapo e do crajiru, ela colore suas peças artesanais, embelezando sua arte e distinguindo sua obra das demais. E assim, com agilidade e paciência compõe com formas, cores e imagens uma arte que, de um lado, retrata a memória e a história de seu povo, e, de outro, estabelece e demarca a presença de sua gente no meio da sociedade dos não Tikuna.

arte mulher tikuna bom caminho

Produções das artesãs da comunidade tikuna do Bom Caminho, em Benjamin Constant. Amazônia Latitude

De manhã cedinho

Após a produção de uma certa quantidade de peças, a rotina muda: ela levanta cedo, toma um café, come pés-de-moleque e banana cozida e vai à cidade vender sua arte.

Dos caminhos da aldeia de Porto Cordeirinho passa pelas esburacadas ruas de Filadélfia até a ponte que liga a “terra dos índios” à cidade de Benjamin Constant. Já na cidade, passa pelo bairro de Bom Jardim, onde ainda pode ver muitos de seus parentes de povo e de clã.

Cumprimenta-os da rua, e eles respondem da soleira de suas janelas, às vezes na língua Tikuna, outras vezes em português. Muitos não se identificam mais como indígenas, mas ela os conhece. Para ela, se reconhecem como Tikuna. Para os brancos, não mais, porque sofreram toda sorte de preconceitos e silenciam sobre sua condição étnica.

Ela vê isto com certa tristeza, mas continua sua caminhada. Ainda é cedo quando, a caminho do centro da cidade, por uma longa rua cheia de ladeiras, ela passa por duas madeireiras que a lembram dos “tempos dos patrões da madeira”, tempos de fartura e de fortuna para uns, e de exploração econômica e opressão para outros, especialmente, para os Tikuna.

Tempos de medo, de conflito e das mortes ocorridas no Igarapé do Capacete, mas também tempos de alianças com outros brancos e de esperança. Já se passaram mais de duas décadas daquele triste acontecimento, mas é difícil esquecer aquele 28 de março de 1988. A mando de um madeireiro, 14 pessoas da etnia Tikuna foram covardemente assassinadas e outras 22 ficaram feridas.

Entre os feridos, inclusive, estavam quatro mulheres. Ela se recorda das viúvas, mulheres como ela, que tiveram de se desdobrar no trabalho para criar seus filhos sem pai. Mais de 20 anos depois, apesar da repercussão internacional que teve o caso, a impunidade ainda ameaça as relações pacíficas que os Tikuna sempre buscaram estabelecer com os brancos.

Sobre o Massacre do Capacete, como ficou conhecido o episódio, ainda há rumores pelas esquinas: uma memória perigosa da qual não se pode falar muito.

O sol começa a esquentar, é preciso andar rápido para vencer a última ladeira e entrar na parte alta do bairro de Coimbra. De lá descer para o Centro e para a Feira da cidade. Ao iniciar a descida, mais uma madeireira, a dos Magalhães. De fato, os tempos agora são outros, quase não há mais trabalhadores, os prédios estão corroídos pelos cupins e tombando para a beira do rio Javari.

As madeireiras não têm mais os mesmos prestígio, lucro e poder. As terras dos Tikuna já foram demarcadas, mas, paradoxalmente, as condições de vida parecem não ter melhorado para quase ninguém.

Na cidade só há lembranças do fausto da madeira quando milhares de toras, pranchas e tábuas embarcavam para o exterior e malas de dólares subiam ao porto de Benjamin. Não se sabe bem para onde foram os dólares da madeira, pois quase nada ficou. A insensatez do capital deixou tanto os índios como os brancos sem uma das principais fontes de riqueza da região.

Lá pelas oito horas, a mulher chega com seus cestos, balaios, cordões e pulseiras à movimentada Feira do Produtor de Benjamin Constant. Mistura-se com outros tantos vendedores ambulantes e feirantes, brasileiros e estrangeiros. Aliás, não tão estrangeiros assim: são, peruanos, a maioria índios e índias, que transitam com suas barbas e véus sem fronteira nas fronteiras que os brancos criaram.

Entre eles, lá vai a mulher Tikuna com seus cestos coloridos que chamam a atenção, mas que têm preços considerados altos para a população local. São principalmente os turistas ou os “de fora”, que moram ou trabalham na cidade, os maiores clientes do “artesanato dos cabocos”, como se refere a população da cidade à arte dos índios.

Depois do horário de venda na feira e no Centro, a mulher volta para a sua aldeia. Mas ainda vai às casas de alguns moradores de fora da cidade para oferecer seu artesanato. Sua presença nas ruas e nas casas é às vezes incômoda para muitas pessoas, que olham com desconfiança, desdém ou piedade, preconceitos que a sociedade não consegue vencer.

Mas, quando é maltratada ou mesmo quando não consegue vender seus pertences como pretendia, pode resmungar em sua língua sem ser entendida, como fazem certos brancos quando usam palavras difíceis diante dos índios. Pode também dar um leve sorriso, puxando um dos cantos da boca para extravasar aquele momento ruim, sem perder o humor.

Sob o sol do meio dia, lá vai ela com seus artesanatos. Ao seu redor, leva seus filhos pelas mãos, amamentando-lhes pendurados nos seus braços ou nas tipoias que lhes cruzam o corpo das costas ao peito. Quando as pernas e os braços estão muito cansados ou quando as crianças reclamam de muito do calor, ela para nas calçadas ou nas sombras das árvores para descansar um pouco.

Pede água aqui e ali. Vende um objeto cá, outro lá. Algumas vezes não recebe todo o dinheiro e marca um dia para buscar o restante. Aceita como pagamento roupas usadas e outras coisas dos brancos. A troca é mesmo algo inevitável no comércio local. Por vezes, ela é acompanhada de outras mulheres Tikuna ou Kokama que, com suas bacias de alumínio na cabeça, foram vender mapati, banana, abiu, pupunha, cupuaçu e também farinha de mandioca, pimenta e tucupi.

Quem olha de longe pode confundir com a maioria das mulheres locais, mas quem repara na conversa logo a reconhece pela língua Tikuna ou pelo sotaque do português meio cantado, sem o artigo feminino “a”, sem os “erres” finais, entre outras diferenças existentes na pronúncia do “português dos caboclos”.

Pelas duas da tarde está de volta. Ainda vai cuidar da casa e fazer o almoço para o marido e filhos que vêm da roça. Serviço que dobra sua jornada de trabalho diário. Ela já viu nas casas de alguns brancos e na televisão empregadas ou empregados domésticos que fazem esses serviços. Ou mesmo pelos maridos de esposas que trabalham fora. Mas isso é função de mulher no seu mundo, ela sabe que isso tem importância fundamental para manter a coesão familiar.

Sempre quis ter muitas filhas mulheres por isso, mas acabou tendo apenas uma e três homens. Nisto seu marido levou vantagem. Mas é só por pouco tempo: um já serve ao Exército do Batalhão de Fronteiras de Tabatinga, outros dois lhe auxiliam nas atividades diárias. Entretanto, logo todos tomarão seu próprio caminho, casando-se, quiçá, com uma moça Tikuna.

Logo depois do almoço, ela e sua filha descem as ribanceiras com as bacias de louças na cabeça para lavar no igarapé. É importante fazer isso antes da hora do banho e dos carapanãs transmissores da malária.

Com as louças lavadas, sobem de volta com duas vasilhas de água para fazer o jantar e outros serviços à noite. Mesmo perto da cidade, a aldeia conta apenas com parcos fios de luz e nenhuma água encanada. Como tantos outros bens do mundo moderno.

Mais tarde ela e a filha acompanham outras mulheres e descem para o banho antes dos homens. É hora de conversar: falar das dificuldades e dos sonhos da vida, contar como foi a ida à cidade, das vendas, comentar um pouco sobre sua situação em casa com o marido e até mesmo rir com outras mulheres.

Ali fica sabendo da aldeia e da situação dos parentes. Pode dar e receber sugestões para resolver problemas comunitários e particulares. O banho não é apenas um rito de higiene pessoal, funciona como uma espécie de reunião informal para grupos de homens e de mulheres.

Assim é mais um dia de trabalho de uma artesã Tikuna. No cair da tarde, na despedida das mutucas e antes da chegada dos carapanãs, ela contempla silenciosamente o horizonte na beira do barranco, sentada embaixo de uma árvore, num banco de madeira. Após o jantar e a novela, ela vai se recolher ao mosquiteiro junto do marido. No dia seguinte, tudo de novo.

A política revelada

Mesmo escassos, consideramos os registros sobre as mulheres Tikuna nos séculos XIX e XX relevantes do ponto de vista social, histórico e etnológico. Fica evidente que são muito pouco se comparados aos relatos sobre os homens ou sobre o masculino, em que o artigo masculino “o”, tanto no singular como no plural, é usado para descrever de forma genérica tanto os homens como as mulheres.

Vemos, por outro lado, que as mulheres Tikuna foram silenciadas nas fontes não apenas porque ficaram escondidas na generalidade do masculino como um dado universal — “o povo”, “os Tikuna” — ou porque ficaram ausentes das preocupações abrangentes de uma “antropologia do contato”. Nem porque foram preteridas e até desautorizadas como “informantes etnológicos” legítimos e confiáveis. Mas porque elas ocupavam espaços sociais no mundo Tikuna quase impenetráveis por viajantes, cientistas, missionários e antropólogos, “gente de fora”.

Nesses espaços elas estiveram, de certa maneira, livres da “inquisição” dos cientistas. Contudo, ficaram à margem dos registros históricos e etnológicos de seu povo, o que só torna sua voz hoje ainda mais necessária.

É evidente que a atitude da ciência e dos cientistas junto às mulheres Tikunas quase não mudou até o final do século XX. Mas é fato que os papéis sociais de homens e mulheres em algumas sociedades indígenas, e particularmente entre os Tikuna, pouco se modificou. A elas, em muitos casos, ainda não é atribuído o papel de falar, principalmente com os de fora, quando o assunto é/são sua história, sua cultura, seus costumes.

Mas, mesmo sendo excluídas ou tendo que ocupar seus espaços sociais específicos, que muitas vezes significaram invisibilidade, essas mulheres sempre participaram vida de sua gente.

Entre os anos de 1980 e de 1990, período de luta pela demarcação das terras Tikuna, elas lutaram no espaço privado, cuidando de suas famílias e aldeia, enquanto os homens atuavam nos espaços públicos das assembleias, encontros e viagens.

Pouco se falava naquele tempo de movimento de mulheres indígenas na Amazônia. No mundo Tikuna, isso era mesmo inexistente. Se listarmos todas as diretorias do Conselho Geral da Tribo Tikuna (CGTT), ou da Organização Geral dos Professores Tikuna Bilíngües (OGPTB), provavelmente não aparecerá nenhuma representante feminina.

Sem elas, no entanto, os Tikuna não teriam alcançado sua maior conquista: a demarcação de suas terras. Embora ausentes do palco público e formal das discussões, elas conversavam entre si e influenciavam as decisões dos homens. Não estavam na frente do Movimento, mas nunca estiveram ausentes.

A prova disso veio depois. Com a intensificação do contato entre Tikuna e brancos, bem como com as conquistas, transformações e avanços do Movimento Indígena na região a partir da década de 1990, novos desafios se colocaram para os Tikuna — e para as mulheres.

Com as terras demarcadas, como torná-las, na prática, um meio para a sustentação de seu povo? Com as distâncias entre aldeias e cidades e os recursos cada vez menores, como continuar contribuindo com a sobrevivência de suas famílias e com a crescente exigência de escolarização de seus filhos?

Uma das respostas encontradas foi a organização do Movimento de Mulheres Indígenas Tikuna.

Dentro dele cresceu uma atividade produtiva muito importante: a confecção e venda de artesanatos. Essa atividade feita predominantemente por mulheres passou a contribuir com a renda familiar e a ajudar na mobilização política e cultural das mulheres na luta dos Tikuna. Por fim, contribui para a consolidação do discurso em prol da demarcação e garantia de suas terras. Mais um trabalho silencioso e discreto exercido pelas mulheres, mas fundamental como ferramenta para a luta mais ampla dos Tikuna no Alto Solimões.

Benedito do Espírito Santo Pena Maciel é doutor em Sociedade e Cultura na Amazônia pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM). Professor de Etnologia Indígena do Instituto de Natureza e Cultura – INC na UFAM, Campus de Benjamin Constant.
As imagens que ilustram o artigo são da Associação de Mulheres Indígenas Artesãs — AMATU, com sede na comunidade Bom Caminho, em Benjamin Constant. Assista ao vídeo aqui.
Referências

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