Entre aviões e barcos: a eleição em Lábrea, no Amazonas

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No município de 47 mil habitantes, votar e organizar o pleito exigiram dias de deslocamento pela Amazônia

Enquanto o mundo assistia ao lento desenrolar da eleição americana e a um apagão que adiou as votações no Amapá, concluídas no último domingo (20), mais de 113 milhões de pessoas foram às urnas para escolher prefeitos, vice-prefeitos e vereadores no Brasil, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Com uma abstenção 34% mais alta do que a verificada em 2016, cerca de 34 milhões deixaram de votar, a maior taxa desde 1996.

Em Lábrea, no Amazonas, o índice chegou a 23%. A população da cidade é de aproximadamente 47 mil pessoas, segundo estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e o município, que não tem segundo turno — só vale para cidades com mais de 200 mil habitantes, elegeu Gean Barros (MDB) em 15 de novembro.

Com um total de 13.622 votos, o pleito em Lábrea mostrou algumas particularidades. Em muitos casos, as urnas foram de avião ou barco até os eleitores de diferentes locais. Foram 78 urnas distribuídas por 25 locais de votação, sendo que 11 deles eram comunidades de difícil acesso. Doze operadores trabalharam na transmissão do voto a partir dessas comunidades.

“Há uma preocupação da Justiça Eleitoral com a cidadania, nesse caso uma florestania, de proporcionar condições para que os moradores ribeirinhos e povos tradicionais possam exercer o direito de escolher seus representantes”, disse Elisbete Araújo da Silva, Chefe de Cartório do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) em Lábrea.

Além disso, o município está numa fronteira de derrubada de mata e queimadas. A família de um candidato mineiro, revelou o jornal El País, soma multas por desmatamento em Lábrea e Boca do Acre que superam 2 milhões de reais.

E não é possível esquecer a pandemia: 44 pessoas morreram de Covid-19 em Lábrea, que soma 3.573 casos de infecção pelo novo coronavírus até o momento. Com fotos de Edmar Barros, registramos uma votação fora dos eixos de grandes capitais. Veja as imagens abaixo.

 

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1 — Na sexta-feira, 13 de novembro, cinco urnas foram preparadas pelos funcionários do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Amazonas em Lábrea, antes de duas horas de viagem em avião anfíbio até comunidades de Santa Cândida e Cachoeira do Hilário. Foto: Edmar Barros/Amazônia Latitude

 

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2 — Avião anfíbio que vai transportar as urnas às comunidades isoladas de Santa Cândida e Cachoeira do Hilário em Lábrea, no Amazonas. Foto: Edmar Barros/Amazônia Latitude

 

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3 — Funcionários do TRE do Amazonas carregam lancha rápida com urnas eletrônicas e mantimentos que serão transportados por seis horas até as comunidades Sepatini, Marahã e Volta do Bucho, todas em Lábrea, na manhã do dia 14 de novembro, um dia antes da votação. Foto: Edmar Barros/Amazônia Latitude

 

4 — Uma família navega pelo rio Purus. Com muitas comunidades afastadas e transporte por rios, Lábrea, no fim da Transamazônica, é uma das cidades que exige maior esforço logístico para organizar as seções eleitorais e a votação. Foto: Edmar Barros/Amazônia Latitude

 

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5 — Casos de coronavírus já passaram de 3.573 em Lábrea, no Amazonas, com 44 mortes. Protocolos de segurança foram adotados em seções de votação no dia 15 de novembro. 23% de eleitores deixaram de comparecer às urnas. Foto: Edmar Barros/Amazônia Latitude

 

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6 — Na Escola Estadual Educandário Santa Rita, em Lábrea, eleitores receberam aplicação de álcool em gel na entrada e na saída das seções durante o dia de votação. Lábrea teve, até 21 de dezembro, 44 mortes e 3.573 casos de infecção pelo coronavírus. Foto: Edmar Barros/Amazônia Latitude

 

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7 — Eleição em Lábrea teve 13.622 votos e 23% de abstenção. Na Escola Estadual Educandário Santa Rita, eleitores receberam aplicação de álcool em gel e agentes da Justiça Eleitoral determinaram distanciamento e uso de equipamentos de segurança. Foto: Edmar Barros/Amazônia Latitude

 

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8 — Embora não figure entre os dez municípios com mais indígenas entre a população, Lábrea, no Amazonas, possui muitas comunidades isoladas e aldeias afastadas, como Manguatiarí, que fica a sete horas de barco. Ou a Terra Indígena Paumari do Rio Ituxi, a três dias de viagem.

 

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9 — Alcides Lopes da Silva, da etnia Paumari, de 76 anos, saiu de Tambaqui, onde mora, e viajou por três dias junto com sua esposa para votar em Lábrea, na Escola Estadual Educandário Santa Rita. Foto: Edmar Barros/Amazônia Latitude

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Imagem em destaque é o item 9 desta galeria. Crédito nas fotos. Veja outras galerias aqui.

 

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