Riquezas da Floresta #4: Copaíba e o óleo que viajou o mundo

Graças à sabedoria indígena, foi descoberto o poder de cura do óleo de copaíba. Na Floresta Amazônica, o produto já salvou a vida de pessoas seriamente feridas. Para essa finalidade, não há nenhum substituto. Sua árvore, a copaibeira, também é conhecida como pau de óleo e árvore do óleo diesel, entre outros nomes. Ouça no novo episódio de Riquezas da Floresta!

A altura da árvore varia entre 5 e 35 metros de altura na região amazônica. Em áreas de cerrado e caatinga, seu porte é menor, de 2 a 13 metros. A espécie atravessa vários estados do Brasil e também é encontrada na Mata Atlântica.

Popularmente conhecida como antibiótico da mata, a copaibeira foi a escolhida para o quarto episódio do podcast “Riquezas da Floresta”. Produzido e apresentado por Mara Régia, o programa é inspirado no livro “Frutíferas e Plantas Úteis na Vida Amazônica” (1998), que trata de 21 espécies da região.

A copaibeira tem importante valor medicinal, uma vez que seu óleo apresenta características antibióticas, anti-inflamatórias, antissépticas e ajuda na cicatrização. É muito usada na Amazônia, tanto para cura de ferimentos graves, quanto para pequenas lesões na pele e doenças de garganta e pulmão.

Tendo em vista essas especialidades, no episódio, Mara Régia passa uma receita para dor de garganta, que usa de 1 a 2 gotas do óleo misturado a uma colher de sopa de mel de abelhas. Não se pode exagerar, pois altas doses do produto podem ser tóxicas.

A copaibeira é uma verdadeira farmácia natural, com propriedades reconhecidas e requisitadas no mercado brasileiro e no internacional. Até a casca é empregada em algumas regiões para chás anti-inflamatórios. Em Belém, no Pará, a garrafada da casca vem sendo utilizada como substituto do óleo, cada vez mais raro.

Embora sua madeira vermelha seja bastante usada em marcenaria e construção civil, seu corte deveria ser proibido, tamanha a riqueza que a árvore viva oferece. Como a apresentadora lembra, “derrubar a copaibeira é matar a galinha dos ovos de ouro”.

A produção de óleo por árvore pode chegar a 60 litros por ano, mas não são todas as árvores que o produzem. Após muitas retiradas, a produção diminui. Cientistas da região sugerem que se extraia uma média de um litro por árvore com coletas de três em três anos.

Viscoso e fluido, possui sabor amargo e uma cor que varia do amarelo ao marrom claro dourado, conforme os tipos de copaibeiras. Mara conta que os claros interessam mais à indústria de remédios, enquanto os escuros, à de cosméticos e para curar feridas de animais.

Planta com história

Durante a época da borracha, a extração era uma ótima opção para os seringueiros diversificarem a produção, beneficiando-se também do valor do produto. No mercado nacional, um litro de óleo pode valer mais do que 15 quilos de borracha. Ouça o programa e descubra detalhes sobre como a extração é feita. Ele inclui a leitura de um trecho do diário de um seringueiro, escrito entre 1906-1916.

É preciso ressaltar, contudo, que para que as árvores continuem frutificando fauna e flora caminham juntas. Assim como a castanheira ⎼ assunto do terceiro episódio ⎼ precisa de mata por perto para ser polinizada, as copaibeiras também dependem de abelhas transportando pólen de uma árvore a outra.

Por isso, a devastação de vegetações naturais e o uso desmedido de pesticidas, que aniquilam as abelhas e seu habitat natural, ameaçam gravemente o equilíbrio ecológico e a manutenção da espécie. As aves também trabalham como principal agente dispersor de suas sementes.

Como se não bastasse, a copaibeira também é uma espécie excelente na restauração de áreas degradadas, pois se adequa a vários tipos de solo, tem um crescimento rápido, a propagação por semente é razoavelmente fácil e ainda atrai aves e mamíferos. Perfeito para a recuperação completa de ecossistemas.

Acompanhe Riquezas da Floresta na Amazônia Latitude, aqui no site ou na sua plataforma de podcasts favorita. Clique aqui para ouvir os episódios. Riquezas da Floresta é uma produção radiofônica baseada no livro Frutíferas e Plantas Úteis na Vida Amazônica, uma realização do Cifor com o apoio de instituições parceiras. Saudações amazônicas!