Bem-vindos a Belém, capital da resistência
X Fórum Social Pan-Amazônico volta à cidade paraense após 20 anos
Realizada nesta quinta-feira (28), a Marcha e Cerimônia de abertura do Fórum Social Pan-Amazônico (FOSPA) já é uma tradição na história do evento. Após a concentração na escadinha da Estação das Docas, todos os participantes marcharam pelas Avenidas Presidente Vargas e Assis de Vasconcelos até a Praça Waldemar Henrique. O evento é uma grande celebração, em que palavras de ordem são intercaladas com muita música, culminando em um ato cultural, com mostras de dança e música de todas os locais representados no Fórum.
Mesmo antes do início do ato, a atmosfera já era animada com canções de carimbó tocando no pequeno carro-som que liderou a marcha. Ouviam-se diversas vozes diferentes, falando em português, espanhol, e francês, com variações de sotaques em cada uma das línguas.
Assim, representantes de cada país, estado e organização presentes foram convidados a subir ao carro-som para intervenções na abertura do FOSPA. Estavam presentes delegações de Guiana Francesa, Guiana, Colômbia, Equador, Colômbia, Bolívia, Peru, Suriname e Venezuela, além de vários estados brasileiros que fazem parte da Amazônia Legal.
Uma responsabilidade de todos
Algo comum em todos os discursos foi a urgência para a proteção do meio ambiente. “Não são os gringos que sabem cuidar da Amazônia, são os povos originários”, afirmou uma representante da delegação colombiana. A grande maioria abordou a exploração dos recursos naturais da floresta amazônica por parte de países estrangeiros, assim como o papel das grandes empresas brasileiras na degradação ambiental. “Estão levando nosso mundo à catástrofe!”, exclamou Joice Souza, membro do coletivo Vamos à Luta.
Dom Phillips e Bruno Pereira foram lembrados em várias falas que reivindicaram segurança para os apoiadores do movimento indígena.
“Agora é tua vez, Brasil”
Entre as palavras de ordem cantadas durante a caminhada, de longe a mais repetida foi “Fora, Bolsonaro”, uma das expressões mais populares para expressar descontentamento com o Governo Federal.
Durante as intervenções, vários participantes apontaram que outros países da América do Sul, como a Colômbia, têm conseguido mudanças em seus contextos políticos. Há grande atenção para as eleições presidenciais no Brasil, que acontecem em outubro. Todos os participantes do fórum denunciam o atual presidente como genocida e como um dos perpetuadores das mazelas que assolam o país. “Estamos na véspera de uma virada de página”, disse Edson Jr., professor do Instituto Popular Renato Lauande.
Resistência, sonhos e luta
Durante a caminhada, Belém ofereceu as boas-vindas aos visitantes da melhor forma que sabe: com chuva. As intervenções foram interrompidas até que o cortejo chegasse à praça Waldemar Henrique. Na Concha Acústica, uma apresentação do mestre de guitarradas Manoel Cordeiro abriu a parte final do evento, seguida por um vídeo de saudação e acolhimento Pan-Amazônico.
O prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues, e o reitor da Universidade Federal do Pará, Emmanuel Tourinho, lembraram que a primeira edição do FOSPA foi realizada há 20 anos também em Belém. “É uma honra muito grande que nesse momento, Belém seja a capital amazônica da resistência, dos sonhos e da luta por um futuro socialmente justo”, afirmou Rodrigues.
A abertura seguiu com apresentações culturais de povos originários e delegações dos países integrantes da Pan-Amazônia. Durante a cerimônia, os participantes receberam um banho de cheiro feito pelas mães de santo do Instituto Nangetu. O Ballet Folclórico da Amazônia encerrou a programação do ida com um espetáculo.