Estiagem severa: seca de rios e incêndios florestais batem recordes em Roraima
Fotogaleria registra os efeitos da estiagem e de incêndios florestais em Roraima


Um lago perene, na região da Olaria, no município do Cantá, está quase totalmente seco durante o período de estiagem em Roraima. Foto: João Paulo Pires
Localizado no extremo-norte do Brasil, o estado de Roraima passa por um período de estiagem severa com efeitos do fenômeno climático El Niño, que deixou 14 dos 15 municípios em situação de emergência.
A seca, que perdura desde outubro e que deve se estender até abril, é traduzida pelo baixo nível do rio Branco — o principal do estado —, que registrou 39 centímetros negativos, o segundo pior índice desde 2016. Na tarde do último domingo (31), o rio finalmente atingiu um nível positivo de 9 centímetros, após 45 dias de marcas negativas.
O cenário piorou ainda mais com os incêndios florestais no estado. Em fevereiro, de acordo com registros do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, foram 2.057 focos de calor. Isso fez com que Roraima liderasse o ranking nacional em 2024, concentrando quase 30% de todos os focos de calor do Brasil.
Em março, a quantidade registrada foi de 1.433 focos, o que não melhorou a qualidade do ar na região, que ainda sofre com a escassez de chuvas e queimadas ilegais causadas pela ação humana. Desde fevereiro, os incêndios tanto na cidade quanto no interior do estado vêm causando a poluição atmosférica que permeia os céus do estado.
Na noite de 24 março, segundo a Plataforma Selva, sistema da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), que monitora em tempo real as queimadas e a qualidade do ar na região Amazônica, Boa Vista registrou um índice alarmante de 362.3 µg/m³ às 19h48, muito acima do considerado seguro e classificado como péssimo. O sistema conta com uma escala que vai de 0 a 160 µg/m³.
Além do episódio, a população da capital Boa Vista presenciou vários momentos em que nuvens de fumaça encobriram a cidade e a qualidade do ar atingiu níveis péssimos para a saúde. A origem do smog é de incêndios florestais em Roraima e até da Venezuela e da Guiana, países vizinhos.
Desde o final de março, chove de forma localizada em alguns pontos do estado, o que dá um alívio momentâneo à situação. Mas ainda são esperados mais dias sem chuva na região.

Horizonte de Boa Vista, capital de Roraima, encoberta por fumaça, que desde fevereiro impacta negativamente a qualidade do ar; do lado esquerdo da foto, está a cidade margeada pelo rio Branco. Foto: William Roth

Sistema de captação de água potável e medição do nível do rio Branco na Estação de Tratamento de Água (ETA) e da Companhia de Águas e Esgotos de Roraima (Caer) em Boa Vista. Foto: João Paulo Pires

Onde atualmente se vê uma paisagem de praia extensa e de pessoas caminhando pela areia, na Orla Taumanan, havia água corrente do rio Branco; o principal do estado. Foto: João Paulo Pires

Lagos e corpos d’água perenes secam e a situação piora com as queimadas intensas. Imagem registrada na Olaria, região impactada por extratores de argila para a fabricação de tijolos, no município do Cantá, nas proximidades de Boa Vista. Foto: João Paulo Pires

Fumaça de incêndios florestais encobriu Roraima em 25 de março. Imagem de drone mostra o rio Branco; do lado esquerdo, está o município de Cantá e do lado direito, Boa Vista. Foto: William Roth
Fotos: João Paulo Pires & William Roth
Texto: João Paulo Pires
Edição: Alice Palmeira
Revisão: Isabella Galante
Direção: Marcos Colón