Fotogaleria: Projeto celebra reprodução em cativeiro da ave símbolo do Brasil

Série fotográfica regista a reintrodução de ararajubas em Belém, marcando o avanço na conservação de espécie ameaçada na Amazônia

Ararajubas no Parque do Utinga. Foto: Foto: Bruno Cecim / Agência Pará.
Ararajubas no Parque do Utinga. Foto: Foto: Bruno Cecim / Agência Pará.
Ararajubas no Parque do Utinga. Foto: Foto: Bruno Cecim / Agência Pará.

Ararajubas no Parque do Utinga. Foto: Foto: Bruno Cecim / Agência Pará.

Entre o branco das asas das garças, o rosa shock do guará e o verde dos periquitos, há uma outra cor que agora volta a colorir o céu amazônico: o amarelo ouro das ararajubas (Guaruba guarouba).

Símbolo da fauna brasileira e endêmicas da Amazônia, essas aves já foram consideradas extintas na região, mas agora reencontram seu lugar graças ao Projeto de Reintrodução e Monitoramento de Ararajubas na Região Metropolitana de Belém, liderado pelo Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade (Ideflor-Bio), em parceria com a Fundação Lymington.

O projeto, que conta com cinco etapas, alcançou a terceira com o nascimento de cinco ararajubas no Parque Estadual do Utinga “Camillo Vianna” em agosto do último ano.

Até o momento, dezenas de aves foram trazidas do aviário da Fundação Lymington, em Juquitiba, interior de São Paulo, e reintroduzidas à natureza após um rigoroso processo de adaptação. Essas ararajubas precisaram aprender a lidar com o clima, a alimentação e os desafios naturais da Amazônia antes de serem liberadas. Por isso, com a ajuda de biólogos e veterinários, são ensinadas a voar, se alimentar de frutas regionais – como açaí, muruci e ajiru – e a reconhecer possíveis predadores. Dessa forma, elas estarão preparadas para enfrentar os desafios do ambiente natural.

Por outro lado, as novas ararajubas estão plenamente adaptados ao ambiente local, trazendo sucesso à operação e continuidade à espécie. O biólogo do projeto, Marcelo Vilarta, explica: “Elas são a primeira geração nascida do grupo que soltamos na segunda etapa. A última reprodução foi em 2018, mas sem sucesso e, desde então, não tivemos mais nenhum nascimento”, relata o especialista.

Além da adaptação, nascimento e reintrodução à natureza, o objetivo do programa é sensibilizar a comunidade e envolver o público por meio de educação ambiental.

Com novas etapas previstas, incluindo a ampliação de instalações e o uso de tecnologias interativas, a equipe pretende engajar ainda mais pessoas na preservação desse verdadeiro patrimônio natural. Durante a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), o grupo planeja utilizar da atenção voltada para a cidade e devolver mais 50 ararajubas para o céu de Belém.

Símbolo nacional

As ararajubas, nome que significa “papagaio amarelo” em tupi-guarani, não é essencialmente brasileira só em nome. Quando filhotes, carregam a plumagem amarela esverdeada, mas, quando crescem, as cores ficam mais definidas e o verde e o amarelo dorsais lembram a bandeira nacional. A brasilidade desses animais também está no seu comportamento colaborativo, além da mãe, outros membros do grupo participam da proteção e alimentação dos filhotes, aumentando as chances de sobrevivência dos jovens pássaros.

Outras características marcantes são sua alta vocalização que ecoa por longas distâncias, seu instinto territorialista e o bico curvo é adaptado para quebrar sementes. Graças ao projeto, são fáceis de encontrar no Parque Estadual do Utinga, mas também é possível vê-as e ouvi-las aos fins de tarde, fazendo revoadas de volta ao ninho.

A quase extinção das ararajubas

Por décadas, a população de ararajubas no Pará sofreu um grande declínio, impulsionado por dois fatores principais: a perda de habitat e o tráfico de animais silvestres. O desmatamento acelerado reduziu drasticamente as áreas de floresta tropical disponíveis para a espécie, ameaçando seu habitat natural. Relatórios da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) indicam que, em até três gerações, a ararajuba perca de 23,3% a 30,9% de seu habitat natural, e que sua população seja reduzida em pelo menos 30%.

Além disso, a ararajuba é altamente cobiçada no comércio ilegal de animais devido à sua plumagem vibrante. Um estudo publicado na Revista Brasileira de Ornitologia destaca que a captura indiscriminada para o tráfico intensificou o declínio populacional. Ainda mais no Brasil, onde cerca de 38 milhões de animais são traficados por ano. Desses, as aves são os animais mais capturados e vendidos no mercado ilegal, principalmente tipos de araras, papagaios, periquitos e passarinhos.

O triunfo da conservação

Para o presidente do Ideflor-Bio, Nilson Pinto, iniciativas como esta são “um símbolo de sucesso para todo o esforço de reintrodução da espécie na nossa região. É um lembrete de que a dedicação à conservação pode, sim, trazer de volta espécies que um dia pareciam perdidas, reafirmando a conexão entre o homem e a natureza. Estamos restaurando um patrimônio natural que esteve ameaçado por muitos anos”.

Ao devolver mais de 58 ararajubas ao seu habitat natural, o programa reafirma o compromisso com a biodiversidade brasileira e inspira a sociedade a reconhecer a importância da conservação. As imagens desta fotogaleria celebram não apenas a beleza dessas aves amazônidas, mas também a vitória sobre a extinção.

Veja os primeiros momentos dos filhotes, a resiliência da natureza e a vivacidade colorida que representa a fauna brasileira na fotogaleria abaixo:

Filhote de ararajuba. Foto: Rodrigo Pinheiro / Agência Pará.

Filhote de ararajuba. Foto: Rodrigo Pinheiro / Agência Pará.

Casal de ararajubas reintroduzidas na natureza pelo Projeto de Reintrodução e Monitoramento de Ararajubas na Região Metropolitana de Belém. Foto: Bruno Cecim / Agência Pará.

Casal de ararajubas reintroduzidas na natureza pelo Projeto de Reintrodução e Monitoramento de Ararajubas na Região Metropolitana de Belém. Foto: Bruno Cecim / Agência Pará.

Ararajuba voando. Foto: Rodrigo Pinheiro / Agência Pará.

Ararajuba voando. Foto: Rodrigo Pinheiro / Agência Pará.

Ararajuba de asas abertas. Foto: Bruno Cecim / Agência Pará.

Ararajuba de asas abertas durante o pouso. Foto: Bruno Cecim / Agência Pará.

Ararajuba em corda no seu habitat no Parque Estadual do Utinga “Camillo Vianna”. Foto: Rodrigo Pinheiro / Agência Pará.

Ararajuba em corda no seu habitat no Parque Estadual do Utinga “Camillo Vianna”. Foto: Rodrigo Pinheiro / Agência Pará.

Ave símbolo da fauna brasileira. Foto: Vinícius Leal / Ascom Ideflor-Bio.

Ave símbolo da fauna brasileira. Foto: Vinícius Leal / Ascom Ideflor-Bio.

Ararajuba no poleiro no seu novo habitat. Foto: Bruno Cecim / Agência Pará.

Ararajuba no poleiro no seu novo habitat. Foto: Bruno Cecim / Agência Pará.

Por décadas, a população de ararajubas no Pará sofreu um grande declínio, impulsionado por dois fatores principais: a perda de habitat e o tráfico de animais silvestres. Foto: Vinícius Leal / Ascom Ideflor-Bio.

Por décadas, a população de ararajubas no Pará sofreu um grande declínio, impulsionado por dois fatores principais: a perda de habitat e o tráfico de animais silvestres. Foto: Vinícius Leal / Ascom Ideflor-Bio.

Os espécimes trazidos de São Paulo só foram reintroduzidos à natureza após um rigoroso processo de adaptação. Foto: Bruno Cecim / Agência Pará.

Os espécimes trazidos de São Paulo só foram reintroduzidos à natureza após um rigoroso processo de adaptação. Foto: Bruno Cecim / Agência Pará.

Uma cor volta a colorir o céu amazônico: o amarelo ouro das ararajubas. Foto: Bruno Cecim / Agência Pará.

Uma cor volta a colorir o céu amazônico: o amarelo ouro das ararajubas. Foto: Bruno Cecim / Agência Pará.

a ararajuba é altamente cobiçada no comércio ilegal de animais devido à sua plumagem vibrante. Foto: Bruno Cecim / Agência Pará.

a ararajuba é altamente cobiçada no comércio ilegal de animais devido à sua plumagem vibrante. Foto: Bruno Cecim / Agência Pará.

Já os filhotes da primeira geração nascida do grupo de aves soltas pelo projeto estão plenamente adaptados ao ambiente local. Foto: Bruno Cecim / Agência Pará

Já os filhotes da primeira geração nascida do grupo de aves soltas pelo projeto estão plenamente adaptados ao ambiente local. Foto: Bruno Cecim / Agência Pará.

O projeto planeja soltar mais 50 ararajubas para voar em Belém até a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30). Foto: Bruno Cecim / Agência Pará.

O projeto planeja soltar mais 50 ararajubas para voar em Belém até a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30). Foto: Bruno Cecim / Agência Pará.

Texto: Alice Palmeira
Montagem da página: Alice Palmeira
Fotografias: Bruno Cecim e Rodrigo Pinheiro / Agência Pará, Vinícius Leal / Ascom Ideflor-Bio.
Revisão: Glauce Monteiro
Direção: Marcos Colón

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