Fotogaleria: De volta ao Mar – Tartarugas ameaçadas de extinção nascem em praia amazônica
Série fotográfica mostra o nascimento de tartarugas-oliva, as primeiras a eclodirem na temporada de desovas deste ano
Filhotes de tartarugas marinhas indo em direção ao mar após eclodirem. Foto: Agência Pará
Devagar, elas emergem da areia. Um pequeno grande milagre que surge na praia. Ainda tão pequenas, elas têm uma força gigante. Assim são as primeiras tartarugas-oliva que nasceram na praia do Atalaia, na cidade de Salinópolis, no Pará, nesta temporada de desova. Desta vez, são 52 filhotes de uma espécie que luta contra a extinção e contra predadores cada vez menos naturais.
Os quilômetros de praias famosas pela beleza litorânea são o cenário de um drama silencioso que se desenrola a cada ano. Os instintos das Tartarugas-oliva (Lepidochelys olivacea) fazem as fêmeas escolherem estas praias para a procriação, tornando a costa paraense um grande e importante berçário natural.
Na temporada de reprodução, ela e outras espécies de tartarugas marinhas saem dos oceanos em direção à areia para depositar seus ovos longe dos predadores naturais à espreita na água. Como uma mãe que procura o melhor lugar para ter seus filhotes, cada fêmea está em busca da melhor localização. O refúgio que é referência de geração em geração para espécies de tartarugas marinhas, porém, está ameaçado. Um predador voraz tomou conta do lugar: os humanos.
Na Praia do Atalaia, ele está por toda parte e oferece uma sequência de novos obstáculos para a reprodução da vida marinha. A urbanização acelerada e o intenso trânsito de carros, motocicletas e banhistas na areia trazem o risco de esmagamento de animais e seus ovos; a poluição luminosa desorienta as tartarugas recém-nascidas impedindo-as de encontrar o caminho para o mar; plásticos e resíduos contaminam o oceano matando as tartarugas que confundem o material com seu alimento; e há, ainda, a erosão costeira, intensificada pelas mudanças climáticas, que destroi os ninhos e reduz as áreas de desova..
Bandeiras de alerta para preservar a vida
A preservação das tartarugas marinhas em Salinópolis é um desafio complexo que exige a união de esforços de diversas instituições e pesquisadores. Verdadeiros guardiões e protetores como os do Projeto de Monitoramento de Desovas de Tartarugas Marinhas (PMDTM). Eles zelam por uma diversidade de espécies, mas com atenção especíal para cinco delas: a tartaruga-de-couro; a tartaruga-cabeçuda; a tartaruga-de-pente; a tartaruga-verde; e a “oliva”.
A ideia é aumentar as chances de sobrevivência dos filhotes. Para isso, os profissionais transferem os ovos depositados pelas tartarugas para uma área segura, na Unidade de Conservação (UC) do Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade (Ideflor-Bio) – Monumento Natural do Atalaia,
Em 2023, 90% dos ovos depositados aqui eclodiram e cerca de 500 filhotes conseguiram caminhar até o mar graças aos 256 hectares formados por lagos e dunas protegidas, onde pesquisadores, representantes do poder público e voluntários acompanham os ovos até o nascimento. Uma vigilância que dura meses e até o ano todo.
É um trabalho árduo. Mas, a cada ano, há uma recompensa que faz tudo valer a pena. Um espetáculo sempre impressionante: Assistir a vida surgir da terra e caminhar de volta ao mar…para recomeçar o ciclo mais uma vez…
É esse “caminhar de desenvolvimento” e luta pela sobrevivência das tartarugas-oliva, que o fotógrafo e colaborador da Amazônia Latitude, Oswaldo Forte, registrou para que possamos conferir de perto:
Fotos: Oswaldo Forte
Texto: Yris Soares
Edição: Alice Palmeira e Glauce Monteiro
Direção: Marcos Colón