Sociedade e empresários se unem para oferecer opções acessíveis para turistas durante a COP 30

Com a chegada de milhares de visitantes para a COP30, Belém aposta em soluções criativas e sustentáveis de hospedagem

Pará Clube, um dos clubes que será transformado em alojamento para a COP30. Foto: Divulgação.
Pará Clube, um dos clubes que será transformado em alojamento para a COP30. Foto: Divulgação.
Pará Clube, um dos clubes que será transformado em alojamento para a COP30. Foto: Divulgação.

Pará Clube, um dos clubes que será transformado em alojamento para a COP30. Foto: Divulgação.

Mais de 50 mil pessoas devem chegar à Belém, capital do Pará, nas próximas semanas. Elas vêm participar da 30ª Conferência das Partes (Conference of the Parties, em inglês). O evento anual da Organização das Nações Unidas (ONU), focado nas mudanças climáticas, será realizado entre os dias 10 e 21 de novembro na cidade tida como “portal” para a Amazônia.

Para garantir que haja acomodação para todos, a Secretaria Extraordinária para a COP30 (SeCOP) garante que a cidade terá pelo menos 51.003 leitos disponíveis. A preocupação com os preços das hospedagens, no entanto, levantou um debate. No início de setembro, o presidente Luís Inácio Lula da Silva pediu cautela , afirmando que o próprio mercado deveria equilibrar a oferta e a demanda.

“Se alguém está cobrando muito caro em Belém e alguém já comprou, é porque quer pagar. Nessa história, a gente tem que saber que o mercado pode regular para mais ou para menos”, disse ele em entrevista à Rede Amazônica.

Um caso que viralizou na internet ilustra a flutuação do mercado. Um ex-motel reformado, por exemplo, testou a demanda subindo suas diárias de R$70 para mais de R$6 mil. A estratégia, descrita como um “teste de mercado”, não rendeu nenhuma reserva, e agora as diárias são oferecidas por cerca de US$350 (aproximadamente R$1,9 mil). O espaço foi totalmente reformado e a intenção é receber uma delegação.

Salão de festa adaptado para hospedagem para a COP30. Foto: Glauce Monteiro/Amazônia Latitude.

Salão de festa adaptado para hospedagem para a COP30. Foto: Glauce Monteiro/Amazônia Latitude.

Hotéis temporários e alternativos

Longe da rede hoteleira tradicional, outros empreendimentos também se adaptam para atender a demanda. Empresários de diferentes setores veem na COP30 uma chance de atuar no turismo, mesmo que de forma temporária.

A corretora Michelly Pojo destaca a movimentação de alguns clientes, que estão investindo na adaptação de seus imóveis. “Um dos clientes vai ofertar salas de aula climatizadas de sua escola particular para receber beliches para turistas na COP. Outra proprietária de salões de festas está aos poucos reservando esses espaços como acomodações. Tudo isso a preços acessíveis. Após a COP30, eles voltam ao seu uso original”, explica.

Clubes da cidade, como a Tuna Luso Brasileira e o Pará Clube, também se organizam para oferecer hospedagens “low cost” (baixo custo, em tradução livre). A parceria com o Instituto de Desenvolvimento da Amazônia (Idea) disponibiliza leitos a US$150 (cerca de R$800) a diária, incluindo café da manhã e beliches dentro de tendas climatizadas.

A meta é que esses espaços funcionem de 15 de outubro a 30 de novembro, oferecendo mais de mil vagas, divididas em alojamentos masculinos e femininos.

Projeto de hospedagem do clube Tuna Luso-Brasileira. Foto: Divulgação.

Projeto de hospedagem do clube Tuna Luso-Brasileira. Foto: Divulgação.

Iniciativas sustentáveis e sociais

Em outra iniciativa empreendedora, o grupo empresarial do diretor-executivo Helder Bandeira está transformando contêineres em suítes. O projeto, chamado “Vila Container”, aproveita estruturas que seriam descartadas, reestruturando-as para oferecer acomodações. A construção prioriza a sustentabilidade, com portas feitas de metal reaproveitado e madeira reutilizada em passeios.
“Normalmente, eles são usados como vestiários ou almoxarifados. Com a chegada da COP, passamos a produzir também ‘contêineres suites’”, revela o empresário.

O local terá capacidade para hospedar 124 pessoas durante a Conferência. Cada contêiner abriga duas suítes individuais climatizadas, e todas já foram negociadas. O contrato de locação, fechado no início do ano, atraiu interessados do terceiro setor de países como Índia e Inglaterra, que pagarão cerca de US$250 por diária. Após a COP, as suítes, que têm vida útil de mais de dez anos, serão usadas em outros projetos.

Além da Vila, o grupo também está adaptando 215 acomodações no chamado “Espaço Amazônia”, dentro do Polo Produtivo do Pará. Diferentemente de outras estruturas, essas vagas não serão desmontadas após a Conferência.

O empresário Helder Bandeira está transformando contêineres em suítes. Foto: Glauce Monteiro/Amazônia Latitude.

O empresário Helder Bandeira está transformando contêineres em suítes. Foto: Glauce Monteiro/Amazônia Latitude.

“O Governo do Estado vai usar essas suítes para o acolhimento de egressos do sistema penitenciário e também para mulheres em situação de vulnerabilidade e risco social”, detalha Helder Bandeira. O grupo também está construindo uma estrutura para um acampamento de comunidades indígenas. “Essa é uma hospedagem específica, com demandas específicas, e estamos nos reunindo com eles para melhor atender ao que precisam”, pontua.

Para Bandeira, agir e promover a COP têm vários aspectos importantes, inclusive de ajudar na preservação da Amazônia. “Estamos numa área ainda preservada, num país democrático onde há possibilidade de debates. Nós, como ‘sul global’, com a crise climática. A COP pode definir os rumos da Amazônia pelos próximos 100 anos, de forma positiva ou não”, conclui. “Estamos nas duas pontas: a dos mais prejudicados pelas mudanças climáticas e na ponta dos que ainda estão mais preservados. Durante a COP, estaremos no centro do mundo, e isso é muito importante”.

Texto: Glauce Monteiro
Edição: Juliana Carvalho
Montagem da página: Alice Palmeira
Direção: Marcos Colón

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