Imazon promove conservação e desenvolvimento sustentável na Amazônia

Diretor do Imazon explica a atuação do Instituto e de que maneira são enfrentados os problemas contemporâneos da floresta amazônica

O Instituto do Homem e do Meio Ambiente (Imazon) tem como missão oferecer diagnósticos socioeconômicos e promover o desenvolvimento sustentável na Amazônia. Em entrevista para a Amazônia Latitude, Paulo Barreto, diretor da sociedade Imazon, discorreu sobre sobre a atuação do Instituto, as consequências da mudança climática no território da floresta, a realidade dos pequenos agricultores diante do agronegócio, o boom da Borracha vs o boom da soja e o Fundo Amazônico. O Instituto, que existe desde 1990 e é sediado em Belém do Pará, apresenta expressiva relevância como indicador para fiscalização de áreas onde há incidência de impactos ambientais.

O Imazon, associação sem fins lucrativos qualificada como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip), estuda as serventias que a floresta Amazônica tem para o capital privado e para a população residente, com a intenção de apontar quais são as práticas de maior ocorrência e o que elas causam na área. O Instituto procura pensar soluções cabíveis que evitem a destruição da região.  Na entrevista, Barreto comenta “Outro trabalho importante que continuamos fazendo é ajudar o governo, tanto federal quanto os estaduais, a criar unidades de conservação. Essas unidades de conservação são áreas de floresta destinadas apenas para uso sustentável, elas não podem ser desmatadas.”

As áreas de conservação crescem de maneira expressiva desde o século XIX. Em média, 42% do território da Amazônia é composto por áreas protegidas, metade por terras indígenas, e a outra metade como unidades de conservação. O diretor declara que acontecem várias invasões nessas regiões e alerta sobre a necessidade dos governos estabelecerem vigilância na demarcação das terras.

“Temos feito estudos que mostram quais são as áreas que ainda sofrem esse tipo de ameaça. Esses estudos foram usados pelos tribunais de contas da União e os dos estados da Amazônia para fazer um relatório de uma auditoria sobre o desempenho dos órgãos governamentais responsáveis pela gestão dessas áreas, o que resultou em várias recomendações para que os governos melhorem a gestão. Agora estamos acompanhando o que os governos estão fazendo com essas recomendações.”, explica Barreto.

Mudança climática na Amazônia

Certas empresas são incentivadas a reduzir emissões de gases. Grandes frigoríficos que compram gado da Amazônia, por exemplo, acabam contribuindo para o desmatamento e são pressionados a diminuir as interações com atividades que geram gases nocivos para a atmosfera – passam a ter critérios mais rigorosos para a compra de gado.

No Brasil, as emissões de gases estão, na maioria das vezes, relacionadas com o desmatamento, o que contribui para o aquecimento global. Um dos possíveis indicativos da mudança do clima é fenômeno conhecido por El Niño, responsável por causar seca na Amazônia. Durante o El Niño há um aumento na incidência de incêndios. o que afeta diretamente a agropecuária.

“Ano passado, mesmo no entorno de Belém, houve muito incêndio e a cidade acabou, em alguns dias, pela manhã, com bastante fumaça. No sul do Pará isso já é bastante preocupante. Várias cidades sofrem muito. Em torno da região de Marabá, por exemplo, a população urbana sofre com as queimadas que acontecem principalmente nos anos mais secos”, conta Barreto.

O Imazon monitora o desmatamento analisando imagens de satélites e avaliando quais áreas são desmatadas, para então fazer a divulgação.  O Instituto também realizou outros estudos para contribuir na Regularização Ambiental. Os municípios têm que ter o cadastro ambiental rural e cada fazendeiro precisa se cadastrar para ajudar a prevenir o desmatamento. O objetivo é implantar o Código Florestal, ou seja, identificar áreas desmatadas ilegalmente que precisam ser restauradas.

Pequeno Agricultor, alternativa de sustentabilidade e o Agronegócio

Os pequenos agricultores apresentam dificuldades em adotar culturas muito intensivas (soja, milho, cana-de-açúcar), pois é necessária uma área extensa e disponibilidade de capital elevado. Paulo Barreto sugere que para promover sustentabilidade, desenvolvimento e emprego, a melhor opção é fomentar culturas propícias para cada região.  

“Ao longo da região de Altamira, transamazônica, existem vários pequenos produtores com boa produção de cacau, espécie nativa da região. Embora eles usem espécies melhoradas, possuem uma boa combinação e conseguem manter uma boa cobertura do solo.”, comenta o diretor.

Outro exemplo citado é o cultivo e a produção de açaí, espécie nativa da região Norte. Nos últimos anos foi popularizado como alimento saudável, principalmente entre praticantes de atividade física, o que gerou um aumento expressivo na demanda de açaí fora da região amazônica, fornecendo as condições necessárias para a produção em escala industrial. Muitos produtores têm adotado, em torno de Belém, na região metropolitana, a Agroindústria. Nesse caso, as fábricas de média escala realizam o processamento para a obtenção da polpa. Com isso, a produção se volta tanto para abastecimento do mercado local quanto para a exportação.

 

Nascido na Bahia e criado no Pará, Paulo Barreto, é o atual diretor do Imazon, estudou Engenharia Florestal na Faculdade de Ciências Agrárias do Pará (FCAP), que posteriormente se tornou a Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA). Começou a trabalhar no Imazon pouco antes de ingressar no mestrado em Ciências Florestais pela Universidade de Yale (Yale University-EUA). Trabalha com temas relacionados ao melhoramento do uso dos solos pela agropecuária e conservação ambiental na região amazônica brasileira. Contato:

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