Crise ambiental é problema de natureza ética, diz Marina Silva

Flyer do evento com Marina Silva
No Weston Roundtable Series, ex-ministra contextualizou o desafio para proteger a Amazônia e explicou os valores por trás do desmatamento

Em palestra para Centro de Sustentabilidade e Meio Ambiente Global da Universidade de Wisconsin-Madison na quinta-feira (16), a ex-senadora e ex-ministra Marina Silva atribuiu à crise ambiental brasileira uma dimensão ética, já que as políticas florestais do Governo Bolsonaro olham para Amazônia de forma predatória.

Para Marina, responsável pelo programa de conservação que diminuiu o desmatamento nos anos Lula, o governo atual não deu continuidade às políticas de preservação.

Ao contrário, houve enfraquecimento dos órgãos de fiscalização e cortes de orçamento de instituições como o IBAMA. “São recados que o governo passa para os invasores de terra, de que não há problema em desmatar”, disse.

Marina Silva sorrindo

Marina Silva foi ministra do Meio Ambiente de 2003 a 2008(Sir Leo Cabral/Creative Commons)

A crise ambiental brasileira, na visão da ex-ministra, é resultado de uma crise civilizatória, anabolizada por problemas de estiagem atuais, aumento da emissão de gás carbônico na Amazônia, desmatamentos e aquecimento global.

A comunidade internacional também tem um papel na preservação da Amazônia, uma vez que a região regula o clima global e o ciclo da água. Se os países ricos fizessem o dever de casa, diminuindo suas emissões de gases de efeito estufa e cortando seus investimentos em empreendimentos predatórios na Amazônia, diz Marina, eles estariam ajudando a região.

Já no Brasil, seria preciso transformar o modo pelo qual a economia olha a Amazônia, ouvindo os povos originários que preservaram a Amazônia por milhares de anos. “A nova economia precisa entender que a natureza é parte dos processos econômicos”, explicou. “Precisamos mudar o modelo de desenvolvimento do Brasil”.

A infraestrutura para o modelo de desenvolvimento atual é baseada em um modelo predatório da Amazônia. Daí surge a necessidade de uma virada para uma bioeconomia: uma economia do conhecimento da floresta em pé.

Seria uma economia com valores que preservariam a floresta, gerando um ciclo de prosperidade para populações locais e para o país, com renda e emprego. Para que essa mudança ocorra, seria preciso reconhecer os direitos originários dos povos indígenas, como a demarcação de terras e mecanismos de proteção contra violência causada por invasores em busca de maneira, terra ou minérios.

“A preservação da Amazônia é uma maneira de ser, não só fazer”, disse. “Não são problemas de natureza técnica, mas ética. Já temos as tecnologias para desenvolver novas cadeias de valor”.

 
 

Você pode gostar...

Acesse gratuitamente

Deixe seu e-mail para receber gratuitamente a versão digital do livro e ampliar sua leitura crítica sobre a Amazônia e o Brasil.

Download Livro

Este conteúdo é parte do compromisso da Amazônia Latitude de tornar visíveis debates e pesquisas sobre a Amazônia e o Brasil. Continue explorando conteúdos no site e redes sociais e, se quiser fortalecer esse trabalho independente, considere apoiar via pix: amazonialatitude@gmail.com.

Translate »