Debate entre jovens da Amazônia reforça união e busca por espaço político

Jovens nos Diálogos da Amazônia
Plenária "A juventude nos Diálogos Amazônicos", neste sábado (5). Foto: Yris Soares

No segundo dia dos Diálogos Amazônicos, representantes da juventude sul-americana debatem sobre seu futuro e da Amazônia 

Na data em que o Estatuto da Juventude completa dez anos, jovens da Amazônia expuseram as lutas e sonhos que carregam para ter uma região mais sustentável. A juventude foi o foco do segundo dia dos Diálogos Amazônicos com uma plenária própria que reuniu movimentos sociais e delegações do Peru, Guiana Francesa e Brasil.

Os organizadores da plenária afirmaram que queriam levar os anseios da juventude aos tomadores de decisão.

Segundo Marcos Barão, presidente do Conselho Nacional da Juventude, os jovens têm lutado todos os dias para ter voz e estar nos espações de discussões que os excluem propositalmente.“Não podemos debater sobre o futuro do povo amazônida sem a juventude”, pontuou Barão.

É um problema quando jovens são silenciados de forma sistemática, aponta a ativista peruana Ghaela Conteras, já que o grupo é o único que poderá derrotar o capitalismo, o racismo e o ódio que povo das florestas enfrenta há anos.  “São a esperança de um horizonte melhor”, disse.

Conteras também ressaltou como a juventude se fez presente nos espaços que antes eram dominados pela elite. “O mundo vai nos ouvir, nem que para isso tenhamos que gritar e guerrear”, afirmou Gahela.

A união dessa juventude é uma ferramenta para mudança. Isso é o que acredita Aulaguea, vice-presidente de uma organização sem fins lucrativos da Guiana Francesa. “Somos pessoas diferentes, mas somos do mesmo rio, da mesma mata e devemos dizer não aqueles que querem nos destruir. A união nos faz mais forte”.

Jovens na Plenária neste sábado

Jovens durante plenária neste sábado (5). Foto: Governo Federal

Para Allán Sánchez, especialista de juventude, ter um espaço para opinar sobre os projetos e as ações que pretendem executar na Amazônia é um grande passo. Em discurso contra a influência do capital na região, Sánchez criticou o uso da floresta como apenas fonte de dinheiro.

“Há fonte de esperança ao expor essas realidades e a luta daqueles que defendem a Amazônia”, disse.

Darlly Tupinambá, também do Conselho Nacional de Juventude, explicou que sua conexão com seus ancestrais está sendo ameaçada. Segundo Tupinambá, o mercúrio mata o rio Tapajós e tira a vida daqueles que necessitam do rio para existir.

“Os jovens da Amazônia precisam ter consciência do bioma em que moram, dos rios que os banham e da importância de preservá-los”, defendeu. A ativista ainda pretende entregar uma carta aos representantes dos oito países que estarão na cúpula da Amazônia.

“Eu convoco vocês a olharem para os céus e se conectarem com os seus ancestrais e lhes imploro, levem as nossas vozes para as negociações oficiais. Façam com que a verdadeira Amazônia e os povos das florestas sejam ouvidos através de vocês”, disse.

Para o representante da Bolívia, Mamfred Velarde, a juventude tem garra para lutar por suas terras e seus companheiros e companheiras. Mamfred ainda ressaltou que o protagonismo dos jovens mostra que a política e ações governamentais não podem mudar sem ter o posicionamento deles.

“As políticas públicas e os direitos da juventude devem ser melhoradas. A Bolívia vive um marco ao implementar leis que asseguram as terras e direitos humanos aos que vivem nas florestas”, explicou.

Já pelo lado brasileiro, o secretário nacional da Juventude, Ronald Sorriso, reforçou o compromisso do governo com os jovens da Amazônia. Em meio a batuques e cantos, Sorriso lembrou da importância dos jovens de participarem da Conferência Nacional da Juventude e apontarem as prioridades das vivencias amazônicas, dos jovens periféricos, dos povos indígenas e das mulheres quilombolas.

“Como integrante do governo, eu deixo aqui exposto que nós queremos ouvir a juventude e estamos com o canal de dialogo aberto. E acredito que esses diálogos vão ser cruciais para caminharmos para um futuro prospero para a juventude amazônica”, finalizou Sorriso.

 

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