Amazônia Negra e Racismo Ambiental são temas do último dia de Diálogos Amazônicos

A violência que marca pessoas de comunidades tradicionais quilombolas e indígenas foi o tema em debate na Plenária “Amazônias Negras: Racismo Ambiental, Povos e Comunidades Tradicionais”, na tarde do domingo (6), durante os Diálogos Amazônicos que antecedem a Cúpula da Amazônia. Com a participação de diversos movimentos sociais, de ativistas e da Ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, a assembleia foi marcada por falas de respeito, força, luta e ancestralidade.

A professora Nilma Bentes, do Centro de Estudos e Defesa do Negro do Pará (CEDENPA), refletiu sobre o racismo que afeta as mulheres, além da necessidade de realizar imediatamente as demarcações de território. “Precisamos combater o racismo ambiental que impacta diretamente nosso povo, nossos rios, nossas florestas e nossas matas”, pontua Bentes.

Lutar por reconhecimento de seus direitos, da sua voz e da sua capacidade é uma das formas de combate ao racismo, segundo a colombiana Luz Estella Cortés da organização Oswaldo Guayasamin. Cortés ressalta a importância do seus iguais terem um espaço tão importante para tratar de suas causas, como o Dialógos Amazônicos.

Ela destacou suas propostas, enquanto docente, para combater o racismo que é imposto por uma sociedade extremamente opressiva. “A minha proposta é que a escola empodere os meninos e meninas negras, os homens e mulheres afrodescendentes a continuar lutando e mostrando do que são capazes”.

Pedindo licença aos ancestrais presentes e agradecendo ao Ministério da Igualdade Racial por construir um dialogo justo e inclusivo, o equatoriano David Quiñónez, do Congresso Unitário del Pueblo Afrocuatoriano, discursou sobre a melhora das condições de vida do povo negro, para que alcancem uma vida plena e digna.

Quiñónez afirma que o problema central do racismo está no próprio racismo estrutural, enraizado na nossa sociedade. “O racismo nada mais é do que o preconceito somado ao poder”, aponta David.

De acordo com Eslin Enrique Mata, do Cumbre Nacional Afrovenezoelano, a Cúpula da Amazônia será um grande marco para toda a população afrodescendente. “O governo deve no permitir falar sobre nossas pautas e ouvir nossas sugestões para as melhorias do nosso povo”, ressalta.

Comitê de Monitoramento

“O maior bioma do mundo, berço da diversidade e pluralidade está recebendo holofotes do mundo todo durante os Diálogos Amazônicos. Por isso, se faz necessário trazer todas as preposições em debate, falar do racismo que afeta os corpos negros e indígenas, falar da luta pelos territórios e de todos os povos que necessitam da Amazônia para sobreviver”, avalia a Ministra Anielle Franco, ressaltando a magnitude que foi ter um debate sobre os povos negros amazônidas, informando que sai da plenária com um comitê de monitoramento da Amazônia, pensado em parceria com o Ministério do Meio Ambiente.

Franco também salienta que o Ministério da Igualdade Racial veio para dialogar, escutar e coletar insumos para produzir política pública que proteja e fortaleça os povos tradicionais. “A gente quer celebrar as mulheres, os povos e os jovens negros em vida. Não aguentamos mais ver nossos corpos tombados. Enquanto não descobrirmos quem matou Marielle, enquanto a gente não debater violência política e enquanto não elegermos mais de nós, nós não vamos parar”, finalizou a Ministra.

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