Sandra Godinho

Paulista radicada no Amazonas, é graduada e mestre em Letras. É membro da Academia Internacional de Literatura Brasileira (AILB), e tem dez livros publicados.

Homenagem a Márcio Souza

Sandra Godinho, em nome dos colunistas da Amazônia Latitude, presta homenagem ao reverenciado autor amazonense Márcio Souza

Márcio Souza
Márcio Souza
Márcio Souza

Márcio Souza, autor e pensador amazonense. Foto: Arquivo Pessoal

A Caligrafia de Deus ninguém entende. Talvez porque não necessite de palavras, Suas palavras são faladas sem lábios e sem som, assim ele firma os destinos. É como apenas cheirar o ar para entender que a chuva aí vem, ou ver a fumaça para entender que o fogo lambeu a terra. Mas hoje a terra amanheceu triste por um desígnio divino, O brasileiro voador bateu asas, logo ele que conhecia tão bem a fumaça, a terra e os rios dessa Amazônia indígena, nossa verdadeirA Expressão amazonense, logo ele que empregava palavras que desfiavam caminhos e histórias. Mas Márcio Souza nos deixa um legado: suas obras, suas críticas, seus roteiros, suas pesquisas, é O mostrador de sombras. Não só isso, Márcio deixa o exemplo, já que dirigiu o teatro experimental do Sesc, produziu filmes e dedicou 40 anos à cultura amazonense. Então, hoje, A ordem do dia é reverenciar, com Lealdade, sem Revolta, sem Desordem, porque ele vive em cada palavra, em cada obra que nos clareia os passos, mesmo que nos caia sobre os cílios uma saudade. O fim do terceiro mundo talvez seja apenas um mundo novo, onde Márcio encontre Galvez, imperador do Acre dialogando calmamente com Mad Maria num final de tarde, tomando guaraná e comendo uma banda de tambaqui. Márcio estará lá, ensinando cortesias e a História da Amazônia a eles e a cada um de nós. Obrigado por tudo, Márcio Souza. Obrigado por nos mostrar o caminho e enxergar a literatura como algo possível, fundamental e indispensável. Obrigado por tanto!

Sandra Godinho é graduada e mestre em Letras. É membro da Academia Internacional de Literatura Brasileira (AILB). Com Orelha lavada, infância roubada (2018), recebeu Menção Honrosa no 60º Prêmio Literário Casa de Las Américas (2019), e com Verso do reverso (2019) ganhou o Prêmio Regional de Melhor Livro de Contos da Cidade de Manaus. Seu romance Tocaia do Norte (2020) venceu o Prêmio Cidade de Manaus 2020 e foi finalista do Prêmio São Paulo de Literatura em 2021. Outra obra sua, A morte é a promessa de algum fim, recebeu o Prêmio Cidade de Manaus 2021, e também o Prêmio Focus Brasil NY/AILB 2022. Tem ainda dois romances finalistas do Prêmio Leya de 2021 e 2022, Memórias de uma mulher morta e A Secura dos ossos.

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