Fotogaleria: Do Círio à COP30, Belém em transformação espiritual e estrutural

Imagens registram a 233ª edição do Círio de Nazaré, que reuniu cerca de 2,5 milhões de romeiros em ruas históricas marcadas por obras da COP30

Círio 2025 reuniu 2,5 milhões de romeiros nas ruas de Belém. Foto: Alex Ribeiro/Ag. Pará.
Círio 2025 reuniu 2,5 milhões de romeiros nas ruas de Belém. Foto: Alex Ribeiro/Ag. Pará.
Círio 2025 reuniu 2,5 milhões de romeiros nas ruas de Belém. Foto: Alex Ribeiro/Ag. Pará.

Belém voltou a inundar as ruas. A 233ª edição do Círio de Nazaré reuniu aproximadamente 2,5 milhões de romeiros
em um ato de devoção que é a maior manifestação religiosa do Brasil.Foto: Alex Ribeiro/Ag. Pará.

No último domingo, 12 de outubro, Belém voltou a inundar as ruas de fé. A 233ª edição do Círio de Nazaré reuniu aproximadamente 2,5 milhões de romeiros, que percorreram 3,6 quilômetros em um ato de devoção. A procissão, considerada a maior manifestação religiosa do Brasil, atravessou o Centro Histórico da cidade, passando por marcos como o Ver-o-Peso e a Estação das Docas, até chegar à Basílica Santuário, onde a imagem de Nossa Senhora de Nazaré permanece durante todo o resto do ano.

A origem do Círio remonta ao século XVIII, quando, em 1700, o caboclo Plácido José de Souza encontrou uma pequena imagem da santa às margens do Igarapé Murutucu. Acredita-se que, após levá-la para casa, a representação retornava misteriosamente ao local de origem. Esse fenômeno despertou a devoção popular, levando à construção de uma capela. Em 1793, foi realizada a primeira procissão em homenagem à Nossa Senhora de Nazaré, marcando o início de uma tradição que perdura até hoje.

Este ano, no entanto, o Círio coincidiu com um momento de visibilidade inédita para Belém, que se prepara para sediar a Conferência das Partes (COP30). Neste outubro, a cidade se transforma em dois sentidos: espiritualmente, para acolher os romeiros, e estruturalmente para receber um evento internacional, com obras, reformas e promessas de “legado”.

No mesmo espaço em que os fiéis avançaram descalços puxando a corda, operários trabalham na pavimentação de vias, limpeza dos canais e na requalificação de espaços públicos. Parte dessas obras, no entanto, tem sido alvo de críticas por afetar comunidades periféricas e áreas ambientais. Na Vila da Barca, a nova estação elevatória passou a receber o esgoto redirecionado de bairros como Nazaré e Umarizal, antes despejado na Nova Doca. Moradores relatam mau cheiro, lama e ausência de diálogo, já que muitas casas sobre palafitas seguem fora da rede. A Avenida Liberdade, projetada para melhorar o trânsito, corta áreas de floresta e comunidades tradicionais como o quilombo Abacatal, provocando críticas sobre desmatamento e violação de direitos territoriais.

Entre os pontos de transformação está o complexo Porto Futuro II, que revitalizou os armazéns históricos da zona portuária e se tornou símbolo da Belém que tenta se reinventar para receber o mundo. O projeto, com mais de 50 mil metros quadrados, abriga espaços culturais, gastronômicos e de inovação, e chegou praticamente concluído às vésperas do Círio.

A maior expressão cultural e religiosa de Belém demonstra a capacidade da cidade de acolher multidões. Em dois dias, a capital paraense recebe mais gente do que o esperado para todo o evento internacional. A diferença está nas necessidades de cada público. Os devotos chegam de todas as partes da Amazônia e do país, hospedam-se na casa de parentes, ocupam as ruas, dormem em redes e compartilham comida e fé. As delegações internacionais da COP trarão outro tipo de presença, marcada por protocolos, necessidades de infraestrutura e demandas que vão muito além da hospitalidade espontânea habitual.

Durante a procissão, as ruas belenenses tornam-se rios de gente que transborda fé. Cada passo do cortejo é acompanhado por cânticos, flores e promessas, enquanto famílias e comunidades inteiras acompanham a imagem de Nossa Senhora de Nazaré. Nesse transbordar do rio de romeiros e o horizonte de obras, a cidade reafirma seu caráter coletivo. Acompanhe a fotogaleria com imagens de Vinicius Pinto, Rodrigo Pinheiro, Bruno Cruz e Alex Ribeiro, da Agência Pará, e veja como a tradição e mudanças se cruzaram nas esquinas de Belém neste Círio 2025.

 

Foto: Alex Ribeiro/Ag. Pará.

O Círio é uma história viva, e ela está na face, no gesto e na promessa de cada fiel. Foto: Alex Ribeiro/Ag. Pará.

Foto: Alex Ribeiro/Ag. Pará.

No trajeto de 3,6km, os fieis renovam sua fé e seus pedidos e agradecimentos para Nossa Senhora de Nazaré. Foto: Alex Ribeiro/Ag. Pará.

Foto: Alex Ribeiro/Ag. Pará.

Cada passo é um cântico, uma promessa e a reafirmação do caráter coletivo da capital paraense. Foto: Alex Ribeiro/Ag. Pará.

Foto: Alex Ribeiro/Ag. Pará.

O Círio é a materialização da fé, mas a essência é a imaterialidade do gesto, do suor e da promessa. Foto: Alex Ribeiro/Ag. Pará.

Foto: Alex Ribeiro/Ag. Pará.

A energia que levanta essa imagem é a mesma que sustenta o tecido comunitário, superando as urgências estruturais da cidade. Foto: Alex Ribeiro/Ag. Pará.

Foto: Vinicius Pinto/Ag. Pará.

O destino é a Basílica Santuário, mas o caminho é a celebração da identidade. Nesse ato, a cidade reafirma sua capacidade de acolher multidões. Foto: Vinicius Pinto/Ag. Pará.

Foto: Alex Ribeiro/Ag. Pará.

A força das mãos que puxam a Corda é a mesma que sustenta essa tradição desde 1793. Foto: Alex Ribeiro/Ag. Pará.

Foto: Alex Ribeiro/Ag. Pará.

Flores, cânticos e promessas: o Círio é a maior expressão cultural e religiosa de Belém e um exemplo de como a fé popular organiza e move a cidade. Foto: Alex Ribeiro/Ag. Pará.

Foto: Vinicius Pinto/Ag. Pará.

Famílias e comunidades inteiras acompanham a imagem. O verdadeiro legado de Belém não são as obras, mas sim a hospitalidade espontânea e a rede de apoio que sustenta esta festa há 233 anos. Foto: Vinicius Pinto/Ag. Pará.

Foto: Vinicius Pinto/Ag. Pará.

Em Belém, a tradição e as mudanças se cruzam nas esquinas. Enquanto os fiéis avançam em devoção, operários trabalham na pavimentação das vias para receber um evento internacional. Foto: Vinicius Pinto/Ag. Pará.

Foto: Vinicius Pinto/Ag. Pará.

O Porto Futuro II chegou quase concluído às vésperas do Círio, sendo o símbolo da Belém para “receber o mundo”. Foto: Vinicius Pinto/Ag. Pará.

Foto: Vinicius Pinto/Ag. Pará.

Além da devoção, o Círio move a economia da cultura. Artesanato, culinária e manifestações populares se unem, promovendo o desenvolvimento e a renda. Foto: Vinicius Pinto/Ag. Pará.

Foto: Bruno Cruz/Ag. Pará.

A Berlinda se destaca, simbolizando a chegada à Basílica e a renovação das promessas. Cada luz é um fiel, cada brilho é uma prece. Foto: Bruno Cruz/Ag. Pará.

Foto: Rodrigo Pinheiro/Ag. Pará.

Os devotos, que chegam de todas as partes da Amazônia e do país, são os guardiões vivos de uma tradição que se renova a cada segundo domingo de outubro. Foto: Rodrigo Pinheiro/Ag. Pará.

Foto: Bruno Cruz/Ag. Pará.

Sob as luzes da cidade, a fé se torna visível. Essa imensa presença popular, que ocupa as ruas e compartilha fé, contrasta com a presença marcada por protocolos da COP30. Foto: Bruno Cruz/Ag. Pará.

Foto: Bruno Cruz/Ag. Pará.

A imagem, com seu manto ricamente bordado, é o centro da devoção. Cada detalhe do manto é uma obra de arte da fé, representando o cuidado e a reverência do povo à Nossa Senhora de Nazaré. Foto: Bruno Cruz/Ag. Pará.

Foto: Bruno Cruz/Ag. Pará.

A Procissão. A fé em movimento que atravessa gerações. Aqui, o sagrado e o popular se encontram e nos lembram do poder da articulação comunitária e da cultura viva. Foto: Bruno Cruz/Ag. Pará.

Foto: Vinicius Pinto/Ag. Pará.

Celebrar o Círio é honrar a origem popular, ribeirinha e cabocla da nossa fé. É defender o patrimônio imaterial das comunidades que guardam essa memória. Foto: Vinicius Pinto/Ag. Pará.

Foto: Vinicius Pinto/Ag. Pará.

A cidade se transforma estruturalmente, mas a sua alma e se encontra no rio de romeiros que transborda fé e reafirma sua identidade histórica e cultural. Foto: Vinicius Pinto/Ag. Pará.

Texto e Montagem da página: Alice Palmeira
Revisão: Juliana Carvalho
Fotografias: Agência Pará
Direção: Marcos Colón

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