Visibilidade ameniza violência nos territórios ancestrais, diz líder indígena Telma Marques Taurepang

Telma vestindo um cocar e pintura facial vermelha

Membro da maior delegação indígena do Brasil a ir a uma COP, Telma Marques Taurepang, 49, coordenadora geral da União das Mulheres Indígenas da Amazônia Brasileira (UMIAB), considera a visibilidade e o protagonismo feminino na Conferência do Clima da ONU como algo histórico.

Em entrevista concedida à Amazônia Latitude nos corredores da Blue Zone, a líder indígena e professora, nascida na comunidade Araçá em Amajari (RR), conta que ver o empoderamento de brancas e negras incentivou as mulheres indígenas a buscarem uma maior visibilidade para suas pautas.

“Nós começamos a fazer essa incidência, de chamar todas as mulheres e buscar um meio de amenizar a violência dentro dos nossos territórios”. A região dos Taurepang enfrenta incursões de mineração em busca de ouro e, para lidar com a violência, explica a líder indígena, “nós precisávamos chamar as mulheres para essa ação”.

Foi desse imperativo que nasceu a Primeira Marcha das Mulheres Indígenas em 2019 – cujas passeatas posteriores só retornaram às ruas em 2021 por causa das restrições sanitárias da pandemia de Covid-19.

Além das marchas, as mulheres indígenas entenderam que “precisavam fazer essa incidência na política”. A eleição da deputada federal Joênia Wapichana (Rede Sustentabilidade-RR) em 2018, por exemplo, foi uma conquista “para que nossas vozes fossem ouvidas de fato”.
Taurepang também tentou se inserir na política em Roraima. Disputou pelo PCB (Partido Comunista Brasileiro) uma vaga para o senado em 2018, ficando na sexta colocação, com 13.828 votos.

“Nós que cuidamos da casa e nós que cuidamos do passado, mas também nós precisávamos fazer essa incidência dentro da política partidária para que todos vissem que nós, como mulheres, temos o potencial”.

O esforço das mulheres indígenas, porém, não se encerra na política partidária e se materializa em uma coalisão nacional feminina, acredita Taurepang. Ela cita como exemplo desta coalização a UMIAB, que é uma organização de mulheres da Amazônia, mas que tem o apoio de mulheres de outros biomas, como Cerrado e Pantanal.

“Todos os biomas hoje estão inseridos com essas mulheres no movimento. E com destaque”. Sem ego, “fazemos uma união”, acredita. Um dos objetivos de tal coalização é “para que não tenhamos mais nenhum presidente da forma de Bolsonaro”.

 
 

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