Guia dos filmes selecionados para o IV Festival Internacional do Filme Etnográfico do Pará
Mais de 260 filmes etnográficos e 65 filmes indígenas foram inscritos no IV Festival Internacional do Filme Etnográfico do Pará, que ocorre entre os dias 20 e 26 de outubro em Belém
O IV Festival Internacional do Filme Etnográfico do Pará (FIFEP) nasceu do Grupo de Pesquisa em Antropologia Visual Visagem, da Universidade Federal do Pará. Sob coordenação geral dos antropólogos e sociólogos Alessandro Campos e Denise Cardoso, tem por objetivo difundir, fomentar e premiar produções audiovisuais que apresentem qualidade técnica reconhecida na área, além de promover o diálogo entre produtores, cineastas, pesquisadores e público em geral.
Farão parte da mostra produções nacionais e internacionais de filmes que abordem questões socioculturais contemporâneas sobre pessoas, grupos sociais, processos históricos de temas de interesse antropológico e afins.
O IV Festival Internacional do Filme Etnográfico do Pará acontecerá em Belém de modo virtual e presencial entre os dias 20 e 26 de outubro de 2022. Neste ano, a mostra teve recorde de inscrições, com mais de 260 inscrições na categoria Jean Rouch, de cinema etnográfico, e 65 na categoria Divino Tserewahú, de cinema indígena.
A Mostra Competitiva Jean Rouch premiará o Melhor Filme Etnográfico em Curta, Média e Longa-Metragem, enquanto a Mostra Competitiva Divino Tserewahú premiará o melhor Curta, Média e Longa-Metragem para o cinema Indígena. Além destes prêmios, em homenagem à precursora do cinema etnográfico no Brasil, Patrícia Monte-Mor, falecida neste ano por Covid-19, foi criado um prêmio especial que leva seu nome, direcionado às produções que tratam da cultura popular e suas manifestações. Todos os selecionados concorrem, automaticamente, ao prêmio Patrícia Monte-Mor.
Os filmes não selecionados para as Mostras Competitivas serão exibidos em Mostras Paralelas do festival, divididas por temáticas e com curadorias próprias. O Festival também será composto por conferências, rodas de conversa, oficinas e homenagens.
Confira o guia dos filmes escolhidos para o IV Festival Internacional do Filme Etnográfico do Pará.
Mostra Competitiva Jean Rouch do IV Festival Internacional do Filme Etnográfico do Pará
Curta-Metragem:
Bicha-bomba. Renan de Cillo, (Brasil) 2019: 8′
Sinopse: Este filme “não é capaz de vingar as mortes, redimir os sofrimentos, virar o jogo e mudar o mundo. Não há salvação. Isso aqui é uma barricada! Não uma bíblia”.
Nunca Pensei que Seria Assim. Meibe Rodrigues, (Brasil) 2022: 11′
Sinopse: Através de memórias do próprio passado, a artista Meibe Rodrigues propõe uma reflexão sobre negritude e escrevivência.
Convivência. Lucia Molina Carpi, Malena Ichkhanian, Ailín Kertesz y Mara Tatiana Lanosa (Argentina) 2020: 12′
Sinopse: El Nazaret é um lar temporário localizado na cidade de Buenos Aires, onde jovens entre 15 e 18 anos de idade vivem com crianças ou mulheres grávidas. O documentário reflete a situação diária dessas jovens que constroem um vínculo baseado na coexistência.
Nossos Passos Seguirão os Seus. Uilton Oliveira, (Brasil) 2022: 13′
Sinopse: Apagado da história oficial do movimento operário, Domingos Passos, um aguerrido militante anarquista precisou enfrentar o terrorismo de Estado e a violência policial que assolou os mundos do trabalho na primeira república para organizar os trabalhadores brasileiros e seguir seu novo rumo, em direção à eternidade…
Mamapara. Alberto Flores Vilca, (Argentina, Perú, Bolivia) 2020: 17′
Sinopse: Nas terras altas peruanas, Honorata Vilca, uma mulher analfabeta de ascendência quíchua, vive com seu cão, vendendo doces. Quando começa a estação das chuvas, ela conta passagens de sua vida, até que uma tarde acontece algo fatal que parece fazer os próprios céus chorarem.
Da Boca da Noite à Barra do Dia. Tiago Delácio, (Brasil) 2021: 18′
Sinopse: Na Zona da Mata pernambucana sonho e realidade se misturam. Entre os canaviais as cores, as danças, o teatro e a música revelam um passado não tão distante, coloca em xeque o presente e joga luz nos desafios futuros de uma brincadeira que começa na boca da noite e encerra na barra do dia.
Minha Terra Natal – Manguezal. Beatriz Lindenberg e Jamilda Bento, (Brasil) 2021: 19′
Sinopse: Terra natal dos Griôs de Goiabeiras, o manguezal oferece alimento para o corpo e para a alma.
Fragmentos de Gondwana. Adalberto Oliveira, (Brasil) 2021: 18′
Sinopse: Problemas antigos são expostos após o impacto do Óleo em Suape – PE, somando com o contexto atual em que o Brasil vive.
Nossas Mãos são sagradas. Júlia Morim, (Brasil) 2021: 20′
Sinopse: Para as mulheres do povo Pankararu, em Pernambuco, ser parteira e trazer novas vidas ao mundo por suas mãos envolve dom, coragem, respeito, ancestralidade.
Hoje estamos aqui. Darien Lamen, (Brasil) 2022: 20′
Sinopse: Milton Almeida do Nascimento foi um dos pioneiros na construção da aparelhagem, marca icônica na música amazônica. Seus filhos contam sua história e como lutam para preservar sua memória.
HOJE ESTAMOS AQUI é um curta-metragem que conta a história de Milton Almeida Nascimento (1938-2019), engenheiro de som auto-didata e proprietário de uma das mais antigas aparelhagens de Belém, a Alvi Azul. O documentário mostra como o Milton migrou do interior e conseguiu apropriar-se da eletrônica para ganhar a vida, encantando toda uma geração de dançarinos com a magia tecnológica. Narrado pelo filho de seu Milton, DJ Junior Almeida, o filme conta uma história singular e ao mesmo tempo universal, que aborda questões de memória, trabalho e patrimônio, tanto familiar como cultural.
Média-Metragem:
Museu Ambulante – Atafona 2021. Fernando Codeço e Jô Serfaty, (Brasil) 2021: 22′
Sinopse: O filme se passa na praia de Atafona, localizada na região Norte do Estado do Rio de Janeiro, uma antiga vila de pescadores e balneário de veranistas que sofre há mais de 50 anos com um intenso processo de erosão costeira. Um grupo de teatro leva um “Museu Ambulante” com fotos antigas de lugares que foram destruídos pelo mar, para os bairros onde vivem as famílias de pescadores que perderam suas casas para a erosão.
Cidade Sempre Nova. Jefferson Cabral, (Brasil) 2021: 24′
Sinopse: Uma cidade feita de cinema. Um cinema que imagina a cidade do Natal.
O ouro branco da Transamazônica. Diego Pontes e Carlos Lobo, (Brasil) 2022: 24′
Sinopse: “Uma visão da atividade cacaueira como moeda de transformação na vida de diversas mulheres dentro da famosa Rota do Cacau, na região do Baixo Xingu, no Pará.
O documentário tem a finalidade de retratar a participação das mulheres nessa cadeia produtiva, bem como suas demandas, desejos e desafios enfrentados.”
Karim. Gonzalo Ballester, (Espanha) 2022: 24′
Sinopse: Os últimos meses de Karim na Espanha não têm sido o melhor momento da sua vida. Seus sonhos por uma vida melhor parecem terem desaparecido, enquanto memórias assombram sua mente. Usando arquivos de imagens num período de 20 anos, a história de Karim dissolve a linha tênue entre sonhos e realidade, uma fragilidade que sempre existiu na humanidade.
Onde aprendo a falar com o vento. André Anástácio e Victor Dias, (Brasil) 2022: 26′
Sinopse: Onde aprendo a falar com o vento conta a história de um grupo de jovens de Oliveira, Minas Gerais, que fundou o Reinadinho, um festejo do Reinado protagonizado só por crianças e jovens. Tendo a Capitã Pedrina como mentora, aprendem sobre sua história e a história de seus antepassados, vivenciando esta tradição afro-diaspórica como espaço de cura e aprendizagem. Convidados pelo filme, refletem sobre o papel da escola e do Reinado enquanto espaços de educação.
Osmildo. Pedro Daldegan, (Brasil) 2022: 27′
Sinopse: Neto da índia Regina, única remanescente das correrias ocorridas na região em busca da borracha, Osmildo luta pelo resgate das origens Kuntanawa, como da língua materna, da escola indígena diferenciada, dos rituais sagrados, da medicina tradicional e de sua terra demarcada.
El último de Arganeo. David Vázquez Vázquez, (Espanha) 2022: 29′
Sinopse: Edilberto Rodríguez (23 años), estudiaba Forestales en Ponferrada (León, España), pero desde pequeño siempre quiso ser pastor como su abuelo. Lo dejó todo para volver a Pombriego (Benuza, León) y cumplir su sueño. Todos los años sube a los corrales de Arganeo, donde reconstruye los viejos corrales abandonados, y allí está con su rebaño todo el verano. Aunque es muy joven, tiene la sabiduría popular de una persona mayor. Es un libro abierto de las tradiciones de su tierra, recuperando también el Entroido perdido de Pombriego. El amor por los animales, la naturaleza, las tradiciones, el baile… todo lo que aprendió de sus abuelos en Silván (Benuza, León), hizo que se forjara una persona única a su edad, escucharlo hablar, cantar y bailar es retroceder en el tiempo pero con una mirada joven, de alegría y esperanza para una tierra que envejece y desaparece poco a poco…
Reparar. Hugo Chávez Carvajal, (México) 2022: 30′
Sinopse: Estamos acostumados a ver em dispositivos, como câmeras, apenas uma mediação tecnológica que tem uma vida e uma morte anunciadas. Olhamos apenas para o seu primeiro uso e não para as suas outras trajetórias. Convidamos você a explorar outras possibilidades pelo universo do reparo neste documentário interativo. Entre câmeras, lentes e peças de reposição, você criará seu próprio caminho para conhecer as rotas que os reparadores repetem dia após dia. O reparo consiste em 3 cenários imersivos, nos quais você pode navegar movendo o cursor na direção que deseja explorar. Em cada um você encontrará ícones animados que permitirão conhecer os personagens e os objetos com os quais trabalham. Escolha uma das perguntas para iniciar seu tour.
#FORACARGILL. Francisco Weyl, (BRASIL) 2022: 35′
Sinopse: #FORACARGILL tem como cenário as ilhas do município de Abaetetuba afetadas pela construção do Terminal de Uso Privado da empresa Norte americana em território do Programa de Assentamento Agro-Extrativista Santo Afonso, na Ilha do Xingu, Município de Abaetetuba, onde vivem e trabalham cerca de 200 famílias, numa área de 2.705,6259 hectares. O DOC contrapõe o projeto privatista a um mundo coletivo, ancestral, de conhecimentos e saberes próprios, ameaçado de desaparecer, bem como essas comunidades tradicionais se organizam e como lutam para conquistar acesso e permanência à terra, os impactos ambientais e sociais causados pela construção do porto, portanto, é através das falas das lideranças e das pessoas da comunidade, inclusive as ameaçadas, que o narrar os conflitos e perigos aos quais estão submetidas as comunidades locais na Amazônia Paraense.
Aldeia Resiste. David Bert e Joris Dhert, (Brasil/Bélgica) 2021: 54′
Sinopse: A luta por um espaço indígena na cidade do Rio de Janeiro não é nada fácil. E é ainda mais difícil quando esse lugar fica ao lado do famoso estádio do Maracanã e com a Copa do Mundo e as Olimpíadas chegando. O filme The Village Resists (Aldeia Resiste) explora de dentro da comunidade indígena como a chegada dos dois maiores eventos esportivos do planeta está sendo vivenciada, como a pressão aumenta e como a aldeia …resiste.
Longa-Metragem:
A Serra do Roncador ao Poente. Armando Lacerda, (Brasil) 2022: 63′
Sinopse: através de registros e pinturas rupestres da serra do roncador, os índios xavantes reportam a vivencia guerreira que forjou a resistência e garantiu a defesa de suas terras em mato grosso.
Corazón de Mezquite. Ana Laura Calderón, (México) 2019: 74′
Sinopse: Lucía, uma indígena da etnia Yoreme no Norte do México, sonha em curar o coração quebrado do seu pai tocando a harpa, que é tradicionalmente tocada apenas por homens em sua comunidade.
Nafkot. Malka Shabtai, (Israel, Etiópia) 2022: 70’
Sinopse: Um antropólogo israelense está viajando para uma comunidade judaica escondida no norte da Etiópia. Juntos, eles estão contando uma história especial de sobrevivência. Abera, um jovem artista se junta a eles para descobrir o que vêm sendo escondido dele.
Grade. Lucas Andrade, (Brasil) 2022: 101′
Sinopse: Em um espaço em que os internos são responsáveis pela segurança e a manutenção da instituição em que estão presos, um grupo de personagens embarca no universo de seus sonhos e aspirações através do cinema. A disciplina e sujeição marcam as experiências de reclusão, impondo rigidez a tal rotina, enquanto o cinema se mostra uma janela para fabular outros mundos possíveis.
O Povo Pode?. Max Alvim, (Brasil) 2022: 128′
Sinopse: “O povo pode?” é uma investigação documental sobre as relações entre as histórias e identidades individuais e a história e a identidade coletiva, bem como sobre a relação especular entre um representante e seus representados, e as incidências dos meios de comunicação nesse jogo de representação política. O documentário – que já nasce com enorme valor histórico para as gerações futuras – aborda quatro trabalhadores nordestinos em sua relação com a história do presidente Lula, num dos momentos mais frágeis de sua popularidade nos meios de comunicação de massa. Contundente, emocionante e politicamente engajado, sem cair no panfleto nem abrir mão da honestidade intelectual que expõe as contradições, “O povo pode?” também encanta por suas deslumbrantes imagens de um Brasil que o Brasil ainda ignora.
Mostra Competitiva Divino Tserewahú do IV Festival Internacional do Filme Etnográfico do Pará
Curta-Metragem:
O Último Sonho. Alberto Guarani, (BRASIL) 2021: 6’
Sinopse: O grande líder espiritual Guarani Wera Mirim – João da Silva – da aldeia Sapukai, em Angra dos Reis, teve seu passamento em 2016. Ele sempre ouvia e seguia a orientação de Nhanderu para guiar seu povo pela sabedoria, o sonho e belas palavras.
Yvy Pyte/Coração da Terra. Genito Gomes/Johnn Nara Gomes, (BRASIL) 2021: 8’
Sinopse: Curta experimental que propõe um mergulho lírico nas palavras sagradas do rezador Valdomiro Flores sobre o território originário e o modo de ser Kaiowá, a partir de imagens do fenômeno do kuarahy jeguaka (o cocar ou enfeite de cabeça do Sol).
Caxiri. Geilson Silva, (BRASIL) 2021: 8’
Sinopse: O Caxiri é uma bebida de teor alcóolico criada pelos indígenas e que é consumida em festas na Aldeia Kamaratayá, na Terra Indígena Xipaya, em Altamira- Pará. O documentário mostra um dia festa na comunidade e como é feito o Caxiri de cacau e seus usos. Esse filme foi realizado em coprodução com os videoastas e liderança da aldeia.
Juares fala da mandioca e Makuku sabe fazer paneiro bem. Nhande’ã – Coletivo de Cinema Ka’apor, (BRASIL) 2020: 8’
Sinopse: Neste curta, Juares e Makukuy mostram com muita habilidade como se faz a farinha e o paneiro, produtos muito importantes de sua cultura. Este filme é resultado de oficina de Introdução ao audiovisual ao povo Ka’apor realizada na aldeia Axinguirendá T.I. Alto Turiaçú/MA nem 2019. Agora o Povo Ka’apor protagoniza suas próprias produções a partir de seu Coletivo de Audiovisual Nhande’ã e fala de suas lutas, resistências e cultura.
SŪKŪJULA TEI (Relatos de mi madre). David Hernández Palmar, (Venezuela) 2022: 8’
Sinopse: Durante uma visita à sua irmã Amaliata, Rosa, uma sábia mulher Wayuu, ensina aos netos de Amaliata a importância da reciprocidade dentro de sua cultura.
Ga Vĩ: a voz do barro. Ana Schweig et al, (BRASIL) 2022: 10’
Sinopse: Ga vī: a voz do barro” é uma animação criada através das memórias narradas por dona Gilda e Iracema, duas lideranças do povo Kaingang, de duas regiões diferentes. A animação fala sobre a tradição da cerâmica, barro, território e ancestralidade com imagens e sons captados na Terra Indígena Kaingang Apucaraninha (PR), durante o encontro de mulheres Ga vī: a voz do barro, conversando com a terra.
Sapara, una nación que sueña en Resistencia. Miguel Imbaquingo y Yanda Inayu, (Equador) 2020:11’
Sinopse: A nacionalidade sapara luta contra o Estado equatoriano e sua política extrativista no território amazônico, na nação Sapara.
Jamäxi Kany’i Pyriny – O cesto de Jamäxi. Kamtinuwy Myky, Mãnynu Myky e Takarauku Myky, (BRASIL) 2021: 12’
Sinopse: Jamäxi Myky nos leva a uma aula detalhada de como fazer o pyri, o cesto cargueiro do povo Myky, também conhecido como xire na região. Trançado com taquaras que tirou da floresta, a elaboração do cesto por Jamäxi é um mergulho nas relações de humor, afeto e sabedoria entre um homem mais velho e três moças que o eternizam por meio das gravações desse curta-metragem.
A História do Antes. Arlete Juruna, (Brasil) 2020:13’
Sinopse: Arlete Juruna, vive na TI Paquiçamba, Aldeia Paquiçamba, na Volta Grande do Xingu, PA. Diante de seu olhar sensível e sempre atento à história de seu povo, Arlete realiza o filme “Reencontro dos Yudjá” em 2016, filmando o encontro do Povo Juruna, Volta Grande do Xingu, com o Povo Yudja, Reserva Indígena Xingu, ambos da mesma etnia, mas separados por um século. E em 2019 realiza o seu segundo filme “A História do Antes”, onde filma seu pai Manuel Juruna, num belo relato sobre as transformações vividas por ele no seringal as margens do rio Xingu. E agora, em seu último filme, “Entre Ilhas”, onde mais uma vez vemos seu Manuel Juruna protagonizando as histórias de seu povo nas ilhas Juruna, revisitando memórias na canoada de 2022.
Mãtãnãg, A Encantada. Shawara Maxakali e Charles Bicalho, (Brasil) 2019:14’
Sinopse: A índia Mãtãnãg segue o espírito de seu marido, morto picado por uma cobra, até a aldeia dos mortos. Juntos eles superam os obstáculos que separam o mundo terreno do mundo espiritual. Uma vez na terra dos espíritos, as coisas são diferentes: outros modos regem o sobrenatural. Mas Mãtãnãg não está morta e sua alma deve retornar ao convívio dos vivos. De volta à sua aldeia, reunida a seus parentes, novas vicissitudes durante um ritual proporcionarão a oportunidade para que mais uma vez vivos e mortos se reencontrem. Falado em língua Maxakali e legendado, Mãtãnãg se baseia em uma história tradicional do povo Maxakali. As ilustrações para o filme foram realizadas em oficina na Aldeia Verde, no município de Ladainha, em Minas Gerais.
Pãn Vanh – Rastros: Vídeo-Carta para meu avô, Orlando Mongconãnn. Ítalo Mongconãnn, (Brasil) 2021: 17’
Sinopse: O vento não trouxe só uma semente, junto dele vieram as lembranças, memórias e diversas narrativas a respeito de um passado que deixou marcas e rastros. O filme curta-metragem que utiliza a linguagem de vídeo-carta é uma homenagem post mortem para meu avô Orlando Mongconãnn, indígena pertencente ao povo Laklãnõ/Xokleng. Dos álbuns de família conformou o ponto de partida dessa produção que me levou gradualmente a ver a memória como ponto de partida, e por outro lado, foi também crucial (re)visitar e interagir com alguns lugares que meu avô percorreu e viveu durante sua permanência nesse mundo. Fortes ventos soprarão e levarão folhas, imagens e lembranças na busca de uma aproximação entre dois mundos, o dos vivos e dos mortos.
História do Batizado das crianças Ka’apor. Nhande’ã – Coletivo de Cinema Ka’apor, (Brasil) 2020:18’
Sinopse: Hoi explica para os mais jovens, que o filmam, como acontece o batizado das crianças Ka’apor. Este filme é resultado da oficina de Introdução ao audiovisual ao povo Ka’apor realizada na aldeia Axinguirendá T.I. Alto Turiaçú/MA em 2019. Agora o Povo Ka’apor protagoniza suas próprias produções a partir de seu Coletivo de Audiovisual Nhande’ã e fala de suas lutas, resistências e cultura.
Média-Metragem
Xipi Käja. Marta Tipuici, (Brasil) 2020:21’
Sinopse: Um relato sobre a resistência do povo Manoki durante a pandemia, por meio do consumo de alimentos saudáveis como forma de enfrentamento à COVID 19. Dirigido por Tipuici Manoki, o curta foi filmado e editado em 2021 pelo Coletivo Ijã Mytyli de Cinema Manoki e Myky, nas aldeias Cravari, Treze de Maio e Asa Branca.
Ulapa Taka’a: criançada sabida. Bih Kezo, (Brasil) 2021:21’
Sinopse: Começou como brincadeira que virou um exercício de filmagem lúdico no qual câmera, protagonistas e outros personagens interagem divertidamente e apresentam a sua comunidade. Através do olhar de quatro meninas entre 11 e 12 anos somos levados a conhecer roças, posto de saúde, escola, campo de futebol e outros espaços da aldeia Paredão, no município de Brasnorte – MT.
Jãkany Ãkakjey: nossos alimentos. Typju Myky, (Brasil) 2021:21’
Sinopse: Esse curta-metragem trata da alimentação do povo Myky, em que todas as famílias têm suas roças, com variedades de alimentos. Além disso, existe a roça comunitária, onde se trabalha com um ritual sagrado, chamado de Yetá. Todas as famílias participam dos preparativos, as roças são derrubadas no período seco e queimadas logo em seguida, enquanto isso as sementes são guardadas à beira do fogo para que sejam plantadas no início das chuvas e colhidas no ano seguinte O filme mostra um pouco dos preparativos desse ritual, como a colheita de mandioca feita pelas mulheres Myky. Na sequência do filme, algumas pessoas mais velhas falam sobre os alimentos tradicionais e os novos tipos de comida com que convivemos na atualidade.
Ibirapema. Olinda Muniz Silva Wanderley, (Brasil) 2022: 50’
Sinopse: Viajando entre o mundo mítico e o mundo cotidiano, Ibirapema, uma indígena Tupinambá, se transmuta e percorre o espaço e o tempo, dialogando, por onde passa, com o mundo da arte ocidental, com a cidade e seus espaços de concreto e florestas domesticadas.
ZAWXIPERKWER – Guardiões da floresta. Jocy Guajajara e Milson Guajajara, (Brasil) 2019: 51’
Sinopse: Esse filme é um filme bem atual e deferente de muito outros filmes já produzido por povos Indígenas,conta um pouco da luta dos Guajajaras em defesa do seu território trazendo um pouco de suspense e uma reflexão pra toda a sociedade
Longa-Metragem:
Minha aldeia, minha vida – Yvy poty rã – Uva povo’a Kuery. Patrícia Yxapy, Ariel Ortega e Aldo Kuaray, (Brasil) 2021: 60’
Sinopse: O curta é composto de três partes, com imagens destinadas aos não indígenas da cidade. Cada mensagem foi produzida por um dos cineastas do Coletivo Mbyá-Guarani de Cinema. A felicidade das crianças no território, a presença da floresta e dos rios para aqueles que moram em edifícios. O cuidado, plantio e colheita no território. O trabalho das famílias Guarani que dependem do trabalho de sazonal de colheita da uva. Imagens que convidam os não indígenas a pensar em outras formas de viver durante esse período. Esse filme foi produzido dentro do projeto “Mborayvu: imagens e mensagens indígenas para a cidade”, pela Tela Indígena via financiamento da lei Aldir Blanc nº 14.017/2020.
MATSES MUXAN AKADAKIT. Povo Matis, (Brasil) 2021: 90’
Sinopse: Nós, jovens Matis ouvimos nossos velhos contarem a história da “Gente Macaco Barrigudo”. No começo essa gente Macaco Barrigudo começou a dançar e depois foi para a mata. Quando voltaram da mata, a gente Macaco Barrigudo ensinou essa festa ao povo Matis. Além de ser um grande ritual, a tatuagem é a nossa identidade e por isso é muito importante que os jovens se tatuem. Sem a nossa tatuagem as pessoas na cidade diziam que a gente não era Matis de verdade. Por muito tempo ficamos sem realizar essa festa, por isso no ano de 2017 começamos a falar com os velhos sobre nosso desejo de tatuar. Hoje nós vivemos entre dois mundos, mas permanecemos com a nossa cultura forte. Este filme é um registro da nossa festa da tatuagem feito por nós, jovens Matis, que durou mais de um mês e aconteceu nas aldeias Paraíso e Tawaya, no Rio Branco, na T.I. Vale do Javari.