LatitudeCast #22 – Charles Trocate e a luta contra a mineração predatória na Amazônia
‘Não somos contra a mineração, nós temos críticas à forma de minerar que resulta em pobreza local e enriquecimento do sujeito externo’, diz coordenador do MAM
A mineração ilegal representa um risco para a região amazônica. Ela traz desmatamento, contaminação de rios e nascentes principalmente pelo uso do mercúrio, colocando em xeque a sobrevivência das comunidades indígenas e ribeirinhas na região.
As organizações que atuam no território denunciam há décadas o aumento dos garimpos ilegais, principalmente em territórios indígenas e áreas florestais que deveriam estar protegidas. Segundo o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), o garimpo ilegal em terras indígenas na Região Norte do Brasil aumentou mais de oito vezes entre 2016 e 2022.
No episódio 22 do LatitudeCast entrevistamos Charles Trocate, filósofo, educador popular, escritor e coordenador do MAM (Movimento pela Soberania Popular na Mineração).
Tocate fala de seus estudos sobre o assunto e das resistências necessárias protagonizadas por comunidades afetadas, movimentos populares, trabalhadores e instituições. Também debate as soluções para o modelo mineral brasileiro.
Não somos contra a mineração, nós temos críticas à forma de minerar que resulta em pobreza local e enriquecimento do sujeito externo.
Charles Trocate
MAM (Movimento pela Soberania Popular na Mineração)
O MAM foi criado em 2012, quando aconteceu a reunião em que os militantes da Via Campesina decidiram pela criação de um movimento popular para a luta contra a Vale e sua exploração da maior mina de ferro a céu aberto do planeta, na Serra Arqueada, sudeste do Pará.
O objetivo do MAM é organizar territorialmente as populações em conflito com a mineração, seja com os impactos diretos da instalação e expansão de empreendimentos, seja com os modelos de escoamento da produção. Outro objetivo importante é pautar a questão mineral no Brasil no debate público. O movimento que surgiu no Pará hoje atua em 14 estados brasileiros.
Nós temos a ideia de que mineração não pode ser oito, que não se minera em lugar nenhum, porque a gente sempre minerou, mas também não pode ser oitenta, que se minera tudo em tempo recorde. Nós somos aqueles sujeitos que querem que a sociedade tenha controle social sobre a renda da mineração e a mineração muito mais do que ser um poço sem fim, que ela apresente alternativas de destino para o futuro deste país.
Charles Trocate
Evento “Saúde, Mineração e Comunicação”
Nesta quinta (9) e sexta-feira (10), na Universidade Federal do Pará (UFPA), em Belém, o MAM promove o evento “Saúde, Mineração e Comunicação”, em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Serão promovidos debates sobre a conjuntura mineral amazônica e os impactos do garimpo ilegal no meio ambiente local.
I Encontro Saúde, Mineração e Comunicação
Data: 09 e 10 de março de 2023 / Hora: 08h às 18h
Local: Auditório Setorial Básico II da Universidade Federal do Pará (UFPA) — Campus Guamá, Rua Augusto Côrrea, Nº1 , em Belém