Amazônia em 5 minutos: Agravamento da Seca
No episódio do Amazônia em 5 minutos desta semana, você encontra as principais notícias que envolveram a Floresta Amazônica e os povos indígenas entre os dias 28 de setembro e 11 de outubro. Os principais acontecimentos desse período foram a divulgação de dados da plataforma MapBiomas que indicam que a Amazônia se tornou a região do Brasil com a maior área de pasto, os dois milhões de pessoas que o Círio de Nazaré reuniu em Belém em 2023, e um panorama com atualizações sobre as consequências da seca na região norte.
Ouça o episódio completo para todas as notícias e, para a versão em inglês, clique aqui:
Academia Brasileira de Letras
Na quinta-feira (5), o escritor Ailton Krenak se tornou o primeiro indígena a entrar para a Academia Brasileira de Letras (ABL). Krenak vai ocupar a cadeira número 5 da ABL, que era ocupada por José Murilo de Carvalho.
Ailton Krenak disputou a eleição ao lado da historiadora Mary Del Priore e do escritor indígena Daniel Munduruku, e venceu com 23 votos. Mary Del Priore recebeu 12 votos e Daniel Munduruku recebeu 3.
Krenak é líder indígena, ambientalista, filósofo, escritor, e doutor honoris causa pela Universidade Federal de Juiz de Fora.
Estiagem
A seca que atinge a Bacia Hidrográfica Amazônica tem consequências desastrosas que podem atingir outras regiões do Brasil além do norte.
Os rios Amazonas, Negro, Branco e Purus chegaram aos menores níveis já registrados. Como os rios são o principal meio de transporte na região, dezenas de comunidades ribeirinhas e indígenas estão vivendo com escassez de alimentos e de água potável.
Em Tefé, no Amazonas, a seca e as altas temperaturas são responsáveis pela morte de mais de 140 botos no lago Tefé, de acordo com o Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá.
No Brasil, as usinas de energia são interligadas. Se a seca afetar as usinas hidrelétricas da bacia amazônica, a distribuição energética de todo o país pode ficar sobrecarregada. No dia 2 de outubro, a usina hidrelétrica de Santo Antônio, abastecida pelo Rio Madeira, foi completamente paralisada por causa do baixo nível da água. Essa é a maior hidrelétrica do país e abastece a região Sudeste.
De acordo com um alerta emitido no dia 4 pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais, a seca na Amazônia deve durar pelo menos até dezembro. O órgão também revelou que podem demorar até 4 anos para que os níveis dos rios voltem ao normal.
Além da seca, o estado do Amazonas sofre com recordes de queimadas. Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) publicados na terça-feira (10) revelaram que em apenas dez dias do mês, o Amazonas registrou 2.684 focos de calor. O número é 78% maior que o registrado em outubro de 2022.
Investimentos em segurança
Após o aumento da criminalidade no norte do país registrado nos últimos meses, a segurança na Amazônia se tornou uma das pautas do governo federal.
Em julho, já havia sido anunciado o investimento de R$2 bilhões no Programa Amazônia: Segurança e Soberania (Amas). Na última semana, no dia 4, outro programa ligado à segurança na Amazônia foi regulamentado. O Programa Estratégico de Segurança Pública da Amazônia (Pespam) busca a integração dos órgãos responsáveis pelo combate ao crime na Amazônia Legal e a modernização dos equipamentos utilizados.
As fronteiras da Amazônia também vão receber mais proteção. Na segunda-feira (9), o governo federal anunciou a criação de um grupo de trabalho que vai avaliar a viabilidade do emprego das Forças Armadas em 250 quilômetros de fronteira terrestre nos estados da Amazônia Legal. O objetivo é aumentar as ações de defesa em mais 100 quilômetros nas fronteiras com outros países. As conclusões do grupo de trabalho devem ser apresentadas em 30 dias.
Desmatamento
O desmatamento na Amazônia caiu no mês de setembro, segundo dados do INPE divulgados no dia 6. Em 2022, 1454,7 km² de floresta foram perdidos em setembro. Neste ano, a área desmatada na Amazônia no mesmo mês foi de 629 km². A comparação indica uma redução de mais de 55% na área destruída.
Dados menos animadores também foram divulgados no dia 6 pela plataforma MapBiomas. Um levantamento feito pela plataforma revelou que a Amazônia se tornou a maior área de pasto do país. De 1985 a 2022, o espaço tomado por pastos foi de 137 mil km² para 577 mil km² em toda a Amazônia.
Sítio arqueológico
Centenas de povos indígenas vivem na Floresta Amazônica há mais de 12 mil anos. Uma pesquisa realizada pelo INPE estima que existem pelo menos 10 mil monumentos criados por esses povos que ainda não foram descobertos. A pesquisa foi feita com ferramentas de monitoramento remoto e foi publicada na revista científica Science no dia 5 de outubro.
A estimativa foi feita a partir da análise de uma pequena porção da floresta. Após investigar uma área referente a 0,08% da mata, os pesquisadores encontraram 24 novos monumentos nos estados do Mato Grosso, Acre, Amapá, Amazonas e Pará.
Os sítios arqueológicos desconhecidos indicados pelo estudo foram feitos antes da chegada dos europeus à América do Sul.
De acordo com a pesquisa, a descoberta é importante para a compreensão do nível de influência das comunidades pré-colombianas na Floresta Amazônica.
Círio de Nazaré
O Círio de Nazaré é realizado todos os anos em Belém para o culto à Nossa Senhora de Nazaré. O evento reúne devotos de diferentes religiões. A principal atividade do Círio é a procissão de quase 4 quilômetros para levar a imagem de Nossa Senhora de Nazaré até a Praça Santuário de Nazaré.
Em 2023, a procissão aconteceu no domingo (8) e reuniu mais de 2 milhões de pessoas. A programação do Círio continua nos meses de outubro e novembro, com eventos musicais, espetáculos, romarias e missas.
Povo Xokleng
Na manhã do dia 8, indígenas do povo Xokleng entraram em conflito com policiais militares no município de José Boiteux, em Santa Catarina. O conflito começou por causa do fechamento de uma barragem como medida de contenção das enchentes que afetam o estado.
A Barragem Norte fica dentro do território do povo Xokleng. O fechamento das comportas alagaria o território ao redor da barragem, incluindo algumas casas da aldeia indígena.
Os policiais estavam no local para auxiliar no processo de fechamento das comportas, mas acabaram reprimindo uma manifestação dos indígenas contrários à decisão. Segundo o Corpo de Bombeiros, três indígenas foram baleados no confronto e encaminhados ao hospital.
O Ministério Público Federal (MPF) vai apurar a ação da Polícia Militar no ocorrido.
Neste episódio do Amazônia em 5 minutos, utilizamos informações de: Agência Brasil, Carta Capital, Estadão, Folha, Folha BV, G1, O Globo, TV Brasil e UOL.
