Amazônia em 5 minutos: garimpo volta à TI Yanomami e a nova direção do Inpa

Registro de março de 2023 que mostra o impacto do garimpo na Terra Indígena Yanomami, em Roraima (RR). Foto: Dário Kopenawa/Amazônia Latitude. Arte: Fabrício Vinhas/Amazônia Latitude.

Registro de março de 2023 que mostra o impacto do garimpo na região de Homoxi, na Terra Indígena Yanomami, em Roraima | Foto: Dário Kopenawa/Amazônia Latitude. Arte: Fabrício Vinhas/Amazônia Latitude.

Nesta sexta-feira (24), a Amazônia Latitude traz mais um episódio do Amazônia em 5 minutos, podcast com um resumo das principais notícias sobre a floresta amazônica que aconteceram entre os dias 16 e 22 de novembro.

Os destaques desta semana são:

  • Garimpeiros ilegais voltaram à Terra Indígena (TI) Yanomami, mesmo depois da operação de desintrusão do governo federal no início do ano
  • Entrevista exclusiva do novo diretor do Inpa, Henrique Pereira, para a Amazônia Latitude
  • Decisão do Tribunal Regional Eleitoral de Roraima (TRE-RR) mantém a cassação de Antonio Denarium, governador do estado – Denarium foi condenado por distribuir cestas básicas durante o período eleitoral de 2022.

Ouça o episódio em português completo abaixo ou clique aqui para acessar a versão em inglês 🇬🇧.

Garimpo na TI Yanomami

No início de 2023, uma das primeiras medidas tomadas pelo governo Lula em relação aos povos indígenas foi a operação de retirada de garimpeiros da TI Yanomami, em Roraima, após o escândalo de casos de subnutrição e mortes de crianças.

No final de outubro, nove meses depois do início da operação, o garimpo ilegal voltou ao território, segundo reportagem da agência Amazônia Real publicada na quinta-feira (16).

A agência recebeu um vídeo da Hutukara Associação Yanomami (HAY) que comprova o retorno dos garimpeiros à região. O vídeo foi gravado por um indígena e revela uma área de exploração ilegal em pleno funcionamento. No vídeo, que também mostra as águas barrentas de um rio, o indígena pede que a associação denuncie o caso.

No último mês, vídeos de invasão do território foram publicados nas redes sociais pelos próprios garimpeiros. Um deles mostra um sobrevoo na terra Yanomami. No vídeo, garimpeiros em um helicóptero debocham de um grupo de indígenas isolados.

As imagens do sobrevoo foram entregues ao Ministério Público Federal (MPF), à Polícia Federal (PF) e ao Ministério dos Povos Indígenas (MPI). Mas até o fechamento desta edição do Amazônia em 5 minutos, os órgãos públicos ainda não haviam se pronunciado sobre o caso.

Venda de ouro por militares

Uma investigação da PF revelou que militares venderam ouro extraído de garimpos ilegais a mando de um tenente-coronel do Batalhão de Infantaria de Selva, do Exército Brasileiro, em Manaus, no Amazonas.

Segundo a apuração, o tenente-coronel Abimael Alves Pinto é suspeito de receber um garimpeiro dentro do Batalhão de Infantaria de Selva, onde era responsável pelo controle operacional de ações na fronteira.

Existem indícios de que o oficial fornecia informações privilegiadas sobre ações do Exército e da PF aos garimpeiros em troca de propina. Parte desse valor teria sido pago com o minério, que o tenente-coronel pedia que militares de patente menor vendessem.

Abimael Alves Pinto foi indiciado pela PF pelos crimes de usurpação de patrimônio da União, lavagem de dinheiro, associação criminosa e tentativa de impedir ação fiscalizadora do poder público. A defesa de Abimael nega o envolvimento dele com garimpeiros e diz que ele não praticou qualquer ato ilícito.

Cassação do governador de Roraima

Na terça-feira (21), o Tribunal Regional Eleitoral de Roraima (TRE-RR) decidiu manter a cassação de Antonio Denarium, governador do estado. A decisão foi tomada após o TRE-RR rejeitar parte dos recursos que questionavam a cassação do governador.

Antonio Denarium foi condenado em agosto deste ano por unir dois programas assistenciais e ampliar o número de beneficiários de cestas básicas durante a campanha eleitoral de 2022. Nessa ocasião, o número de beneficiários saltou de 10 mil para 50 mil. O aumento foi maior até mesmo do que durante o período da pandemia de covid-19.

O partido Avante foi quem fez a denúncia ao TRE-RR. De acordo com o partido, o governador e seu vice usaram programas sociais destinados a pessoas carentes com intuito eleitoreiro.

Mesmo com a nova decisão do TRE-RR, o governador vai continuar no cargo até a decisão final do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ou até que os recursos acabem.

Novo diretor do Inpa

Nesta semana, Henrique Pereira, o novo diretor do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), concedeu entrevista exclusiva à Amazônia Latitude. Henrique Pereira foi nomeado no dia 14. Ele assume uma das principais instituições científicas da Amazônia, que enfrentou precarização e cortes de orçamento nos últimos anos.

Na entrevista, o novo diretor do Inpa falou sobre a situação do instituto e sobre temas como a COP 30 na Amazônia, a estiagem que afeta a região e a pavimentação da BR-319, rodovia que liga Manaus (AM) a Porto Velho (RO).

Em relação a esse último tema, Pereira foi enfático. Para ele, é preciso que exista transparência sobre a justificação econômica da obra na BR-319. Ou seja, se seus custos de implementação e manutenção serão compensados pelas atividades econômicas e a geração de riquezas que irá promover.

O diretor do Inpa também destacou que pretende levar o conhecimento científico para as escolas e dar mais publicidade aos resultados de pesquisas realizadas nos laboratórios do Inpa, 3ª organização no mundo que mais produz conhecimento sobre a Amazônia em termos de publicações científicas.

A volta do Jornal Varadouro

O jornal acreano Varadouro, que foi criado em 1977, durante a ditadura militar, para denunciar a invasão do agronegócio na floresta Amazônica, está de volta.

O Varadouro foi um jornal que fez história no Acre, sendo lido e distribuído inclusive por Chico Mendes, até 1981, quando foi encerrado. Recentemente, os jornalistas Elson Martins, um dos fundadores do Varadouro em 1977, e Fábio Pontes decidiram retomar o jornal. Agora, o Varadouro é um jornal online.

Segundo Fabio Pontes, a ideia do novo Varadouro é fazer jornalismo para as pessoas que estão na Amazônia.

“Não adianta fazer jornalismo sobre a Amazônia só para quem está fora daqui. Temos que falar com quem está aqui”, afirmou Pontes ao veículo jornalístico ((o))eco. “De forma geral, infelizmente há uma visão da sociedade local pró-agro, pró-desmatamento, com um discurso de que a floresta é responsável por deixar a região na pobreza. O Varadouro volta para ser uma voz dissonante, fazer oposição, desconstruir esse pensamento que foi consolidado ao longo de cinco décadas”.

Para isso, o jornal utiliza a linguagem popular e conta com o protagonismo dos povos da floresta. Por isso o slogan: “Varadouro – um jornal das selvas”.

Neste episódio usamos informações de: Amazônia Real, ((o))eco, Correio Braziliense, O Globo e Varadouro.
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