Amazônia em 5 minutos: Brasil na Opep+ e ações da PF contra desmatamento e garimpo
O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e o presidente da França, Emmanuel Macron na COP28 | Foto: Ricardo Stuckert/PR. Arte: Fabrício Vinhas/Amazônia Latitude
Nesta sexta-feira (8), o Amazônia em 5 minutos traz um resumo das principais notícias sobre a Amazônia para te atualizar sobre o que aconteceu entre os dias 1º e 7 de dezembro. Os destaques desta semana são:
- Polícia Federal (PF) faz operação contra organização responsável pelo maior desmatamento da Amazônia;
- Brasil pede comprometimento de países ricos com as questões climáticas na COP28, mas anuncia entrada na Opep+, grupo considerado o maior cartel de petróleo do mundo;
- Polícia Nacional da Colômbia, Ibama e PF brasileira realizam operação contra o garimpo ilegal na região de fronteira entre Brasil e Colômbia.
Ouça abaixo o episódio completo em português ou clique aqui para acessar a versão em inglês .
Operação contra o desmatamento
A Polícia Federal (PF) realizou a Operação Retomada II na quarta-feira (6) contra uma organização suspeita de ser responsável pelo maior desmatamento da Amazônia. A organização atuava no Pará e no Mato Grosso, estados campeões do desmatamento da região.
Os investigadores estimam que o grupo desmatou cerca de 22 mil hectares de floresta, o equivalente a mais de 20 mil campos de futebol, no município de Santarém, no oeste do Pará.
Segundo a operação, uma família de agropecuaristas grilava terras com a ajuda de uma advogada e de empresas de regularização fundiária. Essas terras foram transformadas em pasto para criação de gado. A advogada envolvida tinha acesso privilegiado a autuações e embargos do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
De acordo com a PF, a organização criminosa teria fraudado cadastros de áreas públicas da União através da inserção de dados falsos em sistemas e da falsificação de documentos.
Durante a operação, a Justiça Federal do Pará decretou o sequestro de cerca de 116 milhões de reais e de nove imóveis do grupo. Celulares também foram apreendidos e duas pessoas foram presas por porte ilegal de arma de fogo. A advogada e os servidores públicos envolvidos foram afastados de suas funções.
Em agosto, a PF já havia realizado a primeira fase da Operação Retomada, quando prendeu o empresário Bruno Heller, considerado o maior devastador do bioma amazônico.
COP28
A Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2023 (COP28) está acontecendo em Dubai, nos Emirados Árabes, desde 30 de novembro e segue até 12 de dezembro. O Brasil aproveitou o evento para fazer diversos acordos e anúncios.
Na sexta-feira (1º), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, lançou o Plano de Transformação Ecológica durante a conferência das Nações Unidas. O plano é uma proposta do Sul Global, ou seja, dos países em desenvolvimento e emergentes. A ideia é estimular investimentos que melhorem o meio ambiente e reduzam as desigualdades.
No terceiro dia da COP28, no sábado (2), o Reino Unido assinou um acordo com o Brasil de doação de 35 milhões de libras, o equivalente a cerca de R$215 milhões, para o Fundo Amazônia. No mesmo dia, o presidente francês, Emmanuel Macron, afirmou que a França irá repassar 500 milhões de euros, o equivalente a cerca de R$2,68 bilhões, para preservação das florestas brasileiras.
Os anúncios dos acordos foram feitos horas depois de o presidente Lula pedir que os países ricos ajudassem a pagar as contas da preservação de florestas. Lula falou sobre o tema em reunião da COP28 intitulada “Protegendo a Natureza para o Clima, Vidas e Subsistência”, que reuniu especialistas, indígenas e chefes de Estado de países com florestas.
Em outros momentos da COP28, Lula já havia cobrado compromisso com as questões climáticas por parte dos países ricos. As cobranças, entretanto, foram feitas após o polêmico anúncio do ingresso do Brasil na Opep+, o grupo expandido da Organização dos Países Exportadores de Petróleo oficial, considerado como o maior cartel de petróleo do mundo. O anúncio rendeu o antiprêmio Fóssil do Dia ao Brasil na segunda-feira (4) e gerou críticas de pesquisadores e da sociedade civil.
A questão é ainda mais delicada quando levada em conta a possível exploração de petróleo a ser feita pela estatal Petrobras na Foz do rio Amazonas, na costa do Amapá.
Brasil e Colômbia contra o garimpo ilegal
Entre a sexta-feira (1º) e o domingo (3), a PF, o Ibama e a Polícia Nacional da Colômbia realizaram uma operação contra o garimpo ilegal na fronteira entre Brasil e Colômbia. A Operação Fronteira de Ouro, como foi chamada, terminou com a destruição de sete dragas, balsas e equipamentos usados pelos criminosos.
A operação foi realizada nos municípios de Japurá e Santo Antônio do Içá, no Amazonas, e os maquinários dos garimpeiros estavam em áreas de difícil acesso.
O garimpo ilegal também está diretamente ligado à presença do tráfico de drogas na região. Segundo um estudo publicado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública no final de novembro, 22 facções criminosas nacionais e estrangeiras disputam território na Amazônia. A maioria das facções estrangeiras vêm da Colômbia.
O documento também revelou que o narcotráfico aumenta a ocorrência de atividades ilegais na Amazônia brasileira, como o garimpo ilegal. Duas das facções estrangeiras apontadas pelo estudo atuam diretamente no município de Japurá, sendo elas a Frente Carolina Ramirez e o Estado Maior Central.