A Floresta Amazônica está chegando a um ponto de não retorno?
A floresta pode ser dominada por plantas oportunistas ou não conseguir se recuperar
RESUMO:
- O aquecimento global pode estar acelerando a perda de florestas na Amazônia;
- Pesquisa identifica os limites potenciais dos fatores de estresse para definir um “ponto de inflexão”;
- Com isso, pretende-se estimular os esforços para combater o desmatamento, expandir a restauração da floresta e mitigar os efeitos das mudanças climáticas.
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O aquecimento global pode estar interagindo com as chuvas regionais e o desmatamento para acelerar a perda de florestas na Amazônia, o que vai resultar num colapso parcial ou total até 2050.
Uma pesquisa publicada na revista Nature identificou os limites potenciais desses fatores de estresse, mostrando onde seus efeitos combinados poderiam produzir um “ponto de inflexão” — no qual a floresta é tão frágil que mesmo um pequeno distúrbio poderia causar uma mudança abrupta no estado do ecossistema.
O estudo foi conduzido pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e inclui especialistas da Universidade de Birmingham. Os autores esperam que, ao compreender os fatores de estresse mais importantes no ambiente da floresta tropical, possam desenvolver um caminho para manter a Floresta Amazônica resiliente.
O autor principal, Bernardo Flores, da UFSC, diz: “A combinação de distúrbios é cada vez mais comum no núcleo da Amazônia. Se esses distúrbios agirem em sinergia, poderemos observar transições inesperadas do ecossistema em áreas anteriormente consideradas resilientes, como as florestas úmidas da Amazônia ocidental e central.”
Essas transições de ecossistema podem incluir uma floresta que pode ser capaz de se recuperar, mas ainda está presa num estado degradado e dominada por plantas oportunistas, como bambus e cipós, ou uma floresta que não consegue se recuperar e permanece presa em um estado de copa aberta e inflamável.
Os resultados da pesquisa são importantes devido ao papel vital que a Amazônia desempenha no clima global. Por exemplo, as árvores amazônicas armazenam enormes quantidades de carbono que, se liberadas, poderiam acelerar o aquecimento global.
A coautora, Dra. Adriane Esquivel-Muelbert, do Instituto de Pesquisa Florestal de Birmingham, relata: “Temos evidências que mostram que o aumento das temperaturas, as secas extremas e as queimadas podem afetar o funcionamento da floresta e alterar as espécies de árvores que podem integrar o sistema florestal. Com a aceleração da mudança global, há uma probabilidade cada vez maior de vermos ciclos de feedback positivo nos quais, em vez de poder se reparar, a perda da floresta se reforça.”
O estudo também examinou as funções da biodiversidade e das comunidades locais na formação da resiliência da Floresta Amazônica. Eles argumentam que abordagens bem-sucedidas vão depender de uma combinação de esforços locais e globais. Isso vai incluir a cooperação entre os países amazônicos para acabar com o desmatamento e expandir a restauração, enquanto os esforços globais para interromper as emissões de gases de efeito estufa mitigam os efeitos das mudanças climáticas.
O estudo completo Critical transitions in the Amazon forest system pode ser acessado clicando aqui.