Amazônia em 5 minutos: resistência indígena na Seduc-PA e imagens inéditas de povos isolados
Episódio 62 do Amazônia em 5 minutos traz as principais notícias entre 4 e 17 de janeiro, como o protesto indígena pela educação no Pará


Protesto indígena na Seduc-PA. Foto: Elielson Almeida / Amazônia Latitude. Arte: Fabrício Vinhas.
O “Amazônia em 5 minutos” desta semana traz as principais notícias sobre a maior floresta tropical do mundo que aconteceram entre os dias 4 e 17 de janeiro. Os destaques desta semana são:
- Indígenas fazem protesto no Pará pedindo manutenção de programa que leva professores às aldeias;
- Deputados do Mato Grosso “transformam” áreas da Amazônia em cerrado;
- Funai divulga imagens inéditas de povos indígenas que vivem isolados na Amazônia.
Ouça abaixo o episódio completo:
Protesto por educação indígena
Cerca de 100 indígenas Munduruku, Tembé, Xikrim, Borari, Arapium e de outras etnias ocuparam a sede da Secretaria de Educação do Estado do Pará desde a última terça-feira, 14 de janeiro. As lideranças pediam a permanência do Sistema Modular de Ensino (SOME), que atende estudantes em áreas onde o número de alunos é baixo demais para a instalação de escolas.
Segundo os manifestantes, que ocuparam a sede da Secretaria após não terem sido recebidos pelo Governo do Estado, a mudança na Lei do Magistério local estaria colocando em risco a manutenção dos professores que atuam nas terras indígenas. O receio é que as aulas passassem a ser ministradas à distância.
A energia do prédio da Seduc foi cortada e spray de pimenta teria sido usado para tentar desmobilizar o protesto.
O Governo do Estado nega que haja planos para encerrar o programa e diz que os indígenas não foram recebidos porque não solicitaram previamente audiência. Enquanto isso, a Polícia Militar disse que eventuais responsáveis por danos ao patrimônio público durante a ocupação da sede da secretaria serão responsabilizados.
Amazônia transformada em cerrado
Deputados do Mato Grosso aprovaram um projeto de lei que reclassifica áreas do bioma amazônico como cerrado. De acordo com a nota de repúdio do Observatório Socioambiental, a medida coloca em risco cerca de 5.5 milhões de hectares de floresta.
O novo artigo 62.b do projeto de lei muda a classificação da tipologia de vegetação nos imóveis rurais. Antes o sistema considerava a fisionomia, a estrutura da vegetação e a composição da flora para classificar o que era Amazônia e o que era cerrado em solo mato grossense, mas a nova lei usa apenas a classificação genérica ligada a altura das árvores para delimitar os biomas que, em alguns locais coexistem dentro de uma mesma propriedade.
Com a decisão, áreas que antes pertenciam à Amazônia agora são classificadas como cerrado e, com isso, há uma redução de 80% para 35% no percentual de área dentro de cada propriedade rural que precisa ser preservado. O Observatório pede que o Governo do Estado vete o projeto de lei aprovado na assembleia legislativa.
Registros inéditos
A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (FUNAI), divulgou imagens inéditas de povos isolados que vivem na terra indígena Massaco, em Rondônia. As imagens foram feitas durante expedições de monitoramento da área realizadas em 2024. Segundo a Funai, as imagens ajudam a reafirmar a presença dos povos originários ainda não contatados e reforçar a necessidade de proteção destas terras demarcadas para garantir a sobrevivência dessas comunidades.
Também foi confirmada a presença de grupos isolados na terra indígena Kawahiva, no rio Prado, localizado no Mato Grosso e que também faz parte da Amazônia legal, área onde de acordo com a Funai se concentra o maior número de povos não contatados.
Em fevereiro, uma câmera instalada em uma das trilhas capturou imagens de um grupo de nove indígenas, todos do sexo masculino, com idades estimadas entre 20 e 40 anos. Apesar das condições climáticas que comprometeram a nitidez das imagens, o registro foi fundamental para documentar as características físicas, comportamento, postura, dentre outros aspectos.
Atualmente há onze coordenações das frentes de proteção etnoambiental para garantir a autodeterminação e autonomia dos povos isolados sem a necessidade de promover contato e sem nenhuma interferência nos seus modos de vida.
Dica cultural
A nossa dica cultural desta semana é o documentário “Pisar Suavemente na Terra” que está disponível na Globoplay.
Quem já assistiu, agora pode rever esta obra-prima em casa e, quem ainda não assistiu (e tem acesso à plataforma), vai poder finalmente se emocionar com os preciosos relatos de resistência de três lideranças indígenas da pan-Amazônia (duas do Brasil e uma do Peru).
O roteiro é assinado por Marcos Colón e Bruno Malheiro, geógrafo e professor da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará
premiado como Melhor Longa-Metragem no Festival Cine Periferias, em Portugal e no Equador – Festival de Cinema Ambiental. A obra de Colón também conquistou o Prêmio de Fotografia no Festival Filmambiente, no Rio de Janeiro, no ano passado.