Dalcídio Jurandir: o romancista quilombola amazônida que desconstruiu o mito da democracia racial modernista de Gilberto Freyre

Uma Análise do Ciclo do Extremo Norte e a desconstrução da mestiçagem idealizada

Dalcídio Jurandir teve sua obra recentemente reconhecida como patrimônio imaterial paraense. Arte: Isabela Leite. Crédito: CMB; Editora Folheando; Editora Parágrafo; Editora Martins; Editora da UEPA.
Dalcídio Jurandir teve sua obra recentemente reconhecida como patrimônio imaterial paraense. Arte: Isabela Leite. Crédito: CMB; Editora Folheando; Editora Parágrafo; Editora Martins; Editora da UEPA.
Dalcídio Jurandir teve sua obra recentemente reconhecida como patrimônio imaterial paraense. Arte: Isabela Leite. Crédito: CMB; Editora Folheando; Editora Parágrafo; Editora Martins; Editora da UEPA.

Dalcídio Jurandir teve sua obra recentemente reconhecida como patrimônio imaterial paraense. Arte: Isabela Leite.
Crédito: CMB; Editora Folheando; Editora Parágrafo; Editora Martins; Editora da UEPA.

Os últimos anos trouxeram reflexões e revisões críticas sobre o modernismo brasileiro, impulsionadas por grupos que questionam o mito da democracia racial – uma ideia que permeou grande parte desse movimento. Diante disso, é essencial resgatar um pioneiro na desconstrução da tese de Gilberto Freyre: Dalcídio Jurandir (1909-1979). Autodeclarado o primeiro romancista brasileiro de origem quilombola, Dalcídio teve sua obra recentemente reconhecida como patrimônio imaterial paraense.

Há, no entanto, uma dificuldade de se perceber esse projeto desconstrutor de Dalcídio, que é o fato de ele atravessar todo o Ciclo Extremo Norte, composto por seus dez romances. Isso pode explicar por que grandes críticos, como Benedito Nunes, não identificaram um projeto unificado na obra do autor. Diante disso, a patrimonialização de sua obra deve ser acompanhada da publicação de todos os romances, para que o projeto dalcidiano seja plenamente compreendido. Este texto, ao analisar nove dos dez livros do Ciclo, busca evidenciar esse percurso, mostrando como o protagonista Alfredo evolui de um desejo de embranquecimento para o orgulho de sua identidade negra.

No projeto romanesco dalcidiano há o questionamento da fácil solução da mestiçagem para a resolução do problema do afrodescendente no Brasil. O autor questiona a tese freyreana da síntese mestiça, apontando-a como estratégia ocultante, por parte da elite, das diferenças de classe que se ligavam e ligam à questão racial no país.

Dalcídio se opunha à ideia de Freyre que, muitas vezes, foi abraçada por muitos autores modernistas. Não por acaso temos o núcleo familiar original do protagonista dos nove romances, Alfredo, como sendo conformado por um pai branco, cujo passado se liga a um certo status, incluindo a posse de escravizados, e uma mãe quilombola, com antepassados que foram escravizados. Essa aproximação entre descendentes  de escravizados e de escravizadores, tentada por Freyre em Casa-grande & senzala, é retomada no ciclo dalcidiano por meio da união entre major Alberto e dona Amélia. No entanto, a relação desconstrói a visão positiva daquilo que seria o núcleo da mestiçagem brasileira.

Gilberto Freyre, autor de "Casa Grande & Senzala. Foto: Autor Desconhecido/Domínio Público. Capa: Editora Global.

Gilberto Freyre, autor de “Casa Grande & Senzala. Foto: Autor Desconhecido/Domínio Público. Capa: Editora Global.

Alfredo deveria representar a síntese proposta por Gilberto Freyre. No entanto, o que Dalcídio mostra em seu projeto romanesco é justamente a desconstrução do mito do cadinho brasileiro, expondo como o racismo é algo institucionalizado no cotidiano nacional e da Amazônia, gerando em Alfredo uma crise identitária a princípio.

No início do Ciclo, no Marajó dos Campos, Alfredo, enquanto ainda menino, busca o referido embranquecimento por meio dos estudos. Seu objetivo maior seria o colégio carioca Anglo-brasileiro. Porém, consciente da impossibilidade de tal projeto, ele deseja e pede insistentemente à mãe para vir para Belém estudar. Ao mesmo tempo, busca se distanciar das outras crianças, com receio de ser confundido ou igualado a elas. Além desse desejo de não se equiparar às crianças pobres não-brancas, Alfredo tinha também vergonha de sua mãe pela cor, desejando que a mesma fosse branca, e que fosse não apenas amasiada, mas casada, como eram as mulheres brancas de Cachoeira.

No romance seguinte, Três casas e um rio (1958), a representação da mãe de Alfredo começa a se transformar. Nesse livro, ele também conhece o irmão mais novo dela, seu tio Sebastião, por quem nutre uma grande admiração ao longo do Ciclo. É também quando se sente mal por ter tido vergonha da mãe. A obra ainda traz um episódio marcante que ilustra a diferença simbólica entre mulheres afrodescendentes e brancas no universo pós-colonial: o conflito entre D. Amélia e D. Finoca Gouveia.

Não se lembra do que disse? Pois eu lhe repito para despertar a sua memória. A senhora disse que este, o Alfredo, não era filho do seu Alberto, mas do Rodolfo. (…) Agora soube. […] — Se a senhora botar o pé na rua ou me deixar entrar nessa casa, (…), o menos que faço é arrancar essa sua língua da boca pela raiz. Arranco a dente ou a unha. Venha agora examinar meu filho, pra saber… Venha! Traga ­seu melhor carbureto para examinar a pele do menino e saber ­de uma vez para sempre, quem é o verdadeiro pai dele! […] Alfredo gritou para que sua mãe calasse (…) Presa à mão do fi­lho, d. Amélia se inclinara para a janela de onde ouviu: […] — A que ponto já chegamos que uma negra… […] Rápida, afastando Didico e o filho, d. Amélia avançou para a janela e cuspiu grosso e violentamente no rosto da senhora (Jurandir, 1994, p.128-129).

A fala de D. Finoca evidencia a profunda divisão social entre brancas e negras no Marajó. Dalcídio Jurandir é um dos primeiros romancistas que problematizam essa diferença simbólica na literatura, desafiando a tradição que, desde Gregório de Matos, rebaixa as mulheres afrodescendentes. O autor liga a representação da raça não somente a questões econômicas, mas a valores morais de decência e promiscuidade. Tal atitude o distancia de outros autores freyreanos, como Jorge de Lima em Nega Fulô.

Três Casas e um Rio (1958). Fonte: Editora Parágrafo.

Três Casas e um Rio (1958). Fonte: Editora Parágrafo.

Desse modo, se antes para Alfredo a elevação da mãe perante a sociedade passava pelo referido embranquecimento, a partir de então há uma gradativa admiração pela origem e identidade afrodescendente da matriarca. Aos poucos, há uma aproximação entre o filho e o universo afro-amazônico da genitora e de seus familiares.

Em Belém do Grão-Pará (2004), Alfredo finalmente concretiza seu desejo, presente nos dois romances anteriores. Com a ajuda de Isaura, prima de sua mãe, ele se muda para Belém para estudar, hospedando-se na casa da família Alcântara, brancos que perderam o prestígio com a queda do ciclo econômico da borracha. Inicialmente, o protagonista se sente deslumbrado pela cidade, mas logo percebe que alguns lugares são interditados para ele por causa de sua ascendência negra. Segundo Furtado, essa “vala das classes sociais” que separa os homens é uma das chaves para a leitura de todas as obras do Ciclo (2002, p. 135).

Dessa forma, Alfredo descobre que a cidade não apenas tem uma divisão social, mas que essa divisão se manifesta geograficamente em um território segregado para ricos brancos e pobres não-brancos. A segregação territorial se torna ainda mais evidente na forma como os espaços públicos são frequentados. Um exemplo é a explicação que Emília Alcântara, filha da família, dá a si mesma sobre por que é ela quem recebe os ingressos para o cinema mais importante da cidade, e não os parentes negros:

Qual dos dois irmãos ia no Olímpia? Um, sapateiro, mexendo nos motores da fábrica de sapatos, o outro, marceneiro, nem um nem outro ia. A Magá? Mãe Ciana? Violeta, essa, não fazia muito empenho, primeiro porque o Olímpia pedia traje correspondente, segundo porque no Iris ali no Reduto, com o subúrbio em peso na fita em série, ela preferia muito mais. Olímpia era dos patrões do sapateiro e do marceneiro, das pessoas que tinham nome no jornal, nome nas portas e janelas de escritório, nas tabuletas do comércio, da indús­tria e nas residências de doutores de Nazaré e São Jerônimo (Jurandir, 2004, p. 201).

Alfredo, por outro lado, se aproxima do segundo núcleo da narrativa1A divisão em núcleos foi feita por Marli Furtado em sua tese de doutoramento. Segundo a mesma, há dois núcleos, os do Alcântara, decaídos do lemismo, e o núcleo dos negros, formado por parentes de d. Amélia e Alfredo. Cf. FURTADO. Universo derruído e corrosão do herói em Dalcídio Jurandir. Campinas, 2002, 115-116., o dos afro-amazônidas, formado por seus parentes pelo lado materno, moradores do número 72, na travessa Rui Barbosa. Assim, ele toma contato com a cultura negra oriunda do Marajó passando, como já dito, por um processo gradual de identificação com tal universo cultural. A referida identificação está, por exemplo, presente no encontro na rua com Mãe Ciana, velha matriarca, moradora do referido endereço:

— Que Deus te abençoe, meu filho. Deus te dê cabeça. Deus te guie porque tu não negas mesmo a mãe que tens. […] E Alfredo lhe beijou a mão que ela lhe estendia, mas já tão impregnada do seu trabalho que sempre cheirava. […] De uma certa maneira, Alfredo compreendeu que sua família estava ali naquela Mãe Ciana, na Magá que vendia tacacá na rua, nos primos quase pretos, asseadamente sujos de trabalho, inteiramente despreocupados de morar na Estrada de Nazaré (Jurandir, 2004, p.327).

Esse processo identificatório vai fazer Alfredo, ao longo do Ciclo, questionar a estrutura desigual que a organização da cidade e seus dispositivos disciplinadores representam para uma maioria, com a qual pouco a pouco ele começa a se identificar.

No romance seguinte, Passagem dos Inocentes, de 1963, como o título sugere, há a passagem para uma outra percepção da vida, a partir da memória coletiva subalterna negra, cabocla e indígena, que se liga à luta histórica entre brancos opressores e não brancos oprimidos, como no caso da Cabanagem, explorada por essa memória coletiva amazônida.

Passagem dos Inocentes (1963). Fonte: Editora Folheando.

Passagem dos Inocentes (1963). Fonte: Editora Folheando.

O processo de transição da inocência para uma visão crítica, impulsionado pela memória coletiva, marca o ponto de maior aproximação de Alfredo com o tio Sebastião e, agora, também com o tio Antônio, piloto de embarcação. Isso fortalece ainda mais seus laços de identidade com os parentes do lado materno, algo que não acontece com a família paterna.

Dessa forma, Dalcídio Jurandir utiliza a memória para questionar a “síntese mestiça” proposta por Gilberto Freyre. O que, na teoria, deveria ser um processo de aproximação, é transformado pelo romancista em uma tensão histórica entre diferentes grupos e classes sociais. No caso de Alfredo, isso fica evidente no contraste entre o seu lado paterno, com o sobrenome “Coimbra” que remete ao colonizador, e os grupos não brancos explorados durante os eventos da Cabanagem no Marajó:

— A Guarda Nacional contra o povo, foi? Indagou o tio Antônio. Alfredo franziu a testa: o pai era Major da Guarda Nacional. E o diretor da Irmandade continuou: um seu avô num engenho, amarrou o senhor branco, disse: Morre-te, português. Ah mas esse mesmo avô penou de­baixo das atrocidades de vingança dos brancos. E de novo Santana na mão do Visconde (Jurandir, 1984, p.260).

O conflito de pertencer a dois grupos antagônicos, gerando uma sensação de angústia, se intensifica no romance seguinte, Primeira Manhã (1967). No livro, Alfredo se questiona sobre a qual dos dois universos diferentes ele realmente pertence, vivenciando um dilema de identidade:

Meu Deus, de onde venho, que flor saí eu deste enxerto de preto e branco? Vadios malfeitores ratonei­ros ladrões condenados, tais foram os primeiros colonos no Pará, assim falava o pai num tom de lástima e troça. Dos brigues da África descarregavam o sofrimento (Jurandir, 1967, p.50).

Na sequência, Ponte do Galo (1971), traz mais uma vez o questionamento de Alfredo sobre seu pertencimento ao universo do pai branco ou da mãe afrodescendente. Dessa vez, o dilema é provocado por uma notícia de jornal que exibe o sobrenome paterno, Coimbra, mas não faz nenhuma menção ao sobrenome da mãe — aquela que, ao contrário do pai, se esforçou para que ele pudesse estudar em Belém.

“Seguiu para Belém, a fim de continuar os seus estudos, o menino Alfredo Coimbra”. Escrito pelo pai. O pai lhe dava nome, Coimbra, Coimbra. Mas, e o sobrenome da mãe? O sobrenome de umbigo, leite e regaço, da geração de Areinha? Oculta naquela notícia a mãe que o levou no barco, vence a trovoada na travessia, “deixei ou não deixei meu filho em Belém?” (Jurandir, 1971, p.91).

Ponte do Galo (1971). Fonte: Editora Parágrafo.

Ponte do Galo (1971). Fonte: Editora Parágrafo.

No questionamento de Alfredo, é possível perceber uma metonímia da História do Brasil: sempre uma massa de trabalhadores não brancos se sacrificando para que uma minoria branca obtenha notoriedade histórica. Nesse romance, a identificação do protagonista com a subalternidade afro-amazônica já está tão desenvolvida que, ao tomar conhecimento de comentários racistas sobre sua mãe na cidade onde a família morava, sua atitude muda. Diferente do que ocorreu no conflito anterior com a senhora branca, ele agora defende a mãe, precisando ser contido por ela:

O Edgar Me­nezes andou resmungando pelo Mercado. Andou con­versando a bordo das lanchas que o mal do seu Alberto era… […] Alfredo não precisava escutar o resto. O mal do Major era ter no chalé aquela preta. De repente, quis saber isso, em pessoa, de Edgar Menezes. A mãe pegou-lhe o braço. […] — Aonde ia? […] — Eu? Em parte alguma. […] Olhe, se eu tiver de cuspir de novo na cara de outra pessoa, aqui em Cachoeira, me deixa só comigo, porque cuspir eu sei quando é hora. Tua desforra é estudar, meu filho (Jurandir, 1971, p. 119).

Percebe-se uma clara evolução no protagonista, que passa de um sentimento de negação para a identificação com sua descendência negra e quilombola. Seu interesse é tamanho que ele quase a defende publicamente, algo que fará de forma mais contundente em Ribanceira (1978).

Em Os Habitantes (1976), Alfredo busca ativamente a origem de seus ancestrais africanos. Ele “abriu o atlas, abriu na África, aquela costa, ali, aqui, de onde, de onde o brigue que trouxe aquele bisavô e a que preço? O deserto, o oceano, os leões, a esfinge, pula­vam, bêbados, na lição de geografia” (Jurandir, 1976, p. 29).

Chão dos Lobos (1976) registra a visita da mãe, a quem já não deseja branca. Ao contrário, agora admira sua beleza negra, e do tio, a quem também admira como herói negro contra os desmandos do Estado. Na fala do tio materno chama atenação a necessidade da afirmação da identidade afro-amazônica quilombola. Mais uma vez, Dalcídio nega o discurso da síntese mestiça freyreana:

— Cinza, sim, por tua mãe, teus tios, pela pele da Areinha, a nossa fidalguia, rapaz, isto é pouca bosta? Põe no teu juízo a cor da tua mãe. Ou o estudo te dá brancura? Essa tua pele disfarça, sim, pegou um alvume que é do teu pai, mas o ninho onde foste gerado onde é? (Jurandir, 1976, p.69).

Chão de Lobos (1976). Fonte: Editora Parágrafo.

Chão de Lobos (1976). Fonte: Editora Parágrafo.

A consolidação da afirmação dessa identidade afrodescendente de implicações de classe em Alfredo, já apresentada por Furtado (2002), acontece no último romance do Ciclo do Extremo Norte. Já adulto, trabalhando como secretário no município de Gurupá, ele é convidado para uma festa, onde ouve um comentário racista por parte de dona Benigna, a organizadora do evento, revoltada porque os músicos negros decidiram não ir tocar na festa dos brancos:

— Negro? […] — E não é, Secretário? O Maestro não é aquela negridão toda e os Três do mesmo tição? Ó raça! Isto aqui, Secretário, de uma senzala nunca passou. Ficou que só se visse. Deu demais preto. […] — Demais preto? […] — Que estou lhe dizendo, por demais, sim. Foi mina. Quando chegava vapor, o Trapiche escurecia. E a Ramada? Tinha noite que o ar era só pixé de preto. […] — Assim então que a senhora sem querer se meteu no meio… […] — Eu?

— Faço parte do tição. Mancha? […] — Mas o senhor? Com esse cabelo fino, a boca fina, as feições? […] — Mancha? […] — O senhor só está advogando a causa alheia, Secre­tário. Do senhor que não. […] — Minha mãe. Meus tios. Não é uma pena? […] D. Benigna faz que tira um fôlego. […] — Ora, Secretário, meu destempero de língua, devota que tanto sou de nosso São Benedito. Não estou eu aqui atrás do nosso Maestro, só me faltando de terço na mão? Cor que eu ligo mesmo só as cores da nossa bandeira, Se­cretário. Agora, esta noite, se ponha no meu lugar. No meu papel, esta noite (Jurandir, 1978, p.143-144).

No diálogo, dois elementos se destacam. Primeiro, o fato de Alfredo ser tratado como branco na cidade por causa de seu cargo, um fenômeno que José Veríssimo já apontava como comum na Amazônia e que ainda se manifesta no Marajó. O segundo ponto é a afirmação de dona Benigna, que nega a afrodescendência de Alfredo por ele não se encaixar totalmente nos traços físicos associados ao homem negro. Segundo a lógica dela, Alfredo poderia se assumir como mestiço ou até branco, em uma visão tipicamente freyreana. No entanto, em resposta, ele se identifica com a mãe e seus parentes, demonstrando que seu processo de identidade vai além dos aspectos biológicos. Após o questionamento de Alfredo, dona Benigna tenta negar sua fala racista, fazendo uma referência à cor da bandeira. Essa alusão ao nacionalismo – que teve em Gilberto Freyre um de seus grandes intelectuais – revela como a ideia de um “cadinho racial” brasileiro frequentemente serve para ocultar o racismo.

A obra de Dalcídio Jurandir permaneceu, por um tempo, com pouca visibilidade. No entanto, o debate público atual sobre o racismo brasileiro – impulsionado por movimentos sociais e políticas de reparação – revela a notável atualidade de seus escritos. O não alinhamento do autor com a tese freyreana é, hoje, uma ferramenta coerente e essencial para uma leitura mais profunda da realidade do Brasil. Daí a urgência em se reeditar todo o Ciclo do Extremo Norte, permitindo que o projeto romanesco de Dalcídio seja finalmente compreendido em sua totalidade.

Clei Souza é doutor em Estudos Literários e professor de Literatura pela Universidade Federal do Pará, letrista, poeta, contista, crítico literário, e artista visual. Venceu diversos prêmios literários no Pará, entre eles os prêmios Inglês de Souza e Dalcídio Jurandir.  É autor do livro de poemas Poema pássaro e outros versos migratórios (Fundação Cultural do Estado do Pará, 2016) e do livro de contos O suicidado e outras histórias (Mezanino Editorial, 2021).

Edição e Revisão: Juliana Carvalho
Montagem da Página: Alice Palmeira
Diretor de redação: Marcos Colón

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