Ancestralizou: Fotogaleria em memória de Mre Gavião

Um tributo visual à trajetória de Mre Gavião, fotógrafo e comunicador indígena que fez da imagem um ato de resistência

Mre Gavião, fotógrafo indígena. Foto: Acervo Pessoal / Instagram.
Mre Gavião, fotógrafo indígena. Foto: Acervo Pessoal / Instagram.
Mre Gavião, fotógrafo indígena. Foto: Acervo Pessoal / Instagram.

Mre Gavião, fotógrafo indígena. Foto: Acervo Pessoal / Instagram.

“A vida me ensinou a dizer adeus às pessoas que amo, sem tirá-las do meu coração”. As palavras da última publicação nas redes sociais de Mre Gavião antecipam o intuito desta Fotogaleria, que celebra a vida e se despede de um dos maiores comunicadores indígenas do país.

No último domingo (4), o Brasil se abalou com a notícia da morte do jovem Kumreiti Cardoso Kiné. Conhecido como Mre Gavião, o fotógrafo do Ministério dos Povos Indígenas (MPI) se consagrou como um dos principais comunicadores indígenas da atualidade. Mre popularizou-se por seus registros da presidência da república e de ações da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (FUNAI), além de sua atuação ferrenha no compartilhamento da vida cotidiana de comunidades indígenas nas redes sociais. Em especial, da aldeia Krijoherê e do povo Gavião Parkatêjê, localizados na Terra Indígena Mãe Maria, no município de Bom Jesus do Tocantins, onde nasceu e cresceu.

Mre começou sua caminhada na fotografia com um celular, ainda nas primeiras coberturas do Acampamento Terra Livre, em 2017. Praticamente um menino. Se comprometeu com a missão de engrandecer a cultura e a luta dos povos originários através do olhar sensível e atento de quem reconhece a arte como um dos grandes pilares da resistência.

Sua fotografia capturava as nuances da força indígena, desde suas expressões mais combativas e políticas até a sutileza do cotidiano nas aldeias. Seu olhar exaltava a beleza da organização de guerreiros e guerreiras em manifestações e debates, ao mesmo tempo em que revelava o encanto da vida diária nas comunidades, com retratos e ensaios de parentes, momentos de lazer em brincadeiras e jogos, e registros de rituais e tradições. Pelas redes sociais, Mre narrava histórias e fortalecia a autoestima de seu povo por meio da fotografia, sempre comprometido em informar e preservar os saberes e tradições ancestrais. Dedicou sua vida à causa do seu povo e, em menos de três décadas, construiu um legado que desafia séculos de colonização.

As palavras de Mre repercutem na memória:

“A vida me ensinou a […] não temer o futuro, a lutar contra as injustiças. Sorrir quando o que mais desejo é gritar todas as minhas dores para o mundo. Fazer de conta que tudo está bem quando isso não é verdade. Para que eu possa acreditar que tudo vai mudar.”

Ele era apaixonado pela fotografia e pelas tradições indígenas, sendo um incansável defensor da floresta e de seus povos. Amava a música, os desenhos animados e as viagens. Era destemido, sorridente, e carregava consigo utopias de outras realidades possíveis para a Amazônia e seus guardiões. Mre Gavião ancestralizou. Daqui, um país em luto acena com gratidão.

Corrida de tora aldeia Governador, encerramento de luto.

Corrida de tora aldeia Governador, encerramento de luto. Foto: Acervo Pessoal / Instagram.

“A mãe do Brasil é indígena, ainda que o país tenha mais orgulho de seu pai europeu que o trata como um filho bastardo. Sua raiz vem daqui, do povo ancestral que veste uma história, que escreve na pele sua cultura”.

“A mãe do Brasil é indígena, ainda que o país tenha mais orgulho de seu pai europeu que o trata como um filho bastardo. Sua raiz vem daqui, do povo ancestral que veste uma história, que escreve na pele sua cultura”. Foto: Acervo Pessoal / Instagram.

Penúltimo dia do ATL 2023. Honrado de fazer parte em registrar vários povos de diferentes regiões.

Penúltimo dia do ATL 2023. Honrado de fazer parte em registrar vários povos de diferentes regiões. Foto: Acervo Pessoal / Instagram.

1º edição do Festival Mpokaxuwa Anjikin - aldeia Krijoherê no município de Bom Jesus do Tocantins no Pará. Foto: Mre Gavião / Instagram.

1º edição do Festival Mpokaxuwa Anjikin – aldeia Krijoherê no município de Bom Jesus do Tocantins no Pará. Foto: Acervo Pessoal / Instagram.

A organização política e social dos Xukuru é resultado não apenas das relações que são estabelecidas entre eles e a rede de pessoas com as quais conviveram ao longo de sua história, mas também do seu universo simbólico. Foto: Mre Gavião / Instagram.

A organização política e social dos Xukuru é resultado não apenas das relações que são estabelecidas entre eles e a rede de pessoas com as quais conviveram ao longo de sua história, mas também do seu universo simbólico. Foto: Mre Gavião / Instagram.

A trajetória de lutas do povo Xokleng atravessa gerações. Ela se reflete nas cicatrizes de Isabel e também no abraço de Sofhya Koziklã Teiê Priprá, de 5 anos. Foto: Mre Gavião / Instagram.

A trajetória de lutas do povo Xokleng atravessa gerações. Ela se reflete nas cicatrizes de Isabel e também no abraço de Sofhya Koziklã Teiê Priprá, de 5 anos. Foto: Mre Gavião / Instagram.

Marcha contra o Marco Temporal em Brasília. O marco temporal é uma tese jurídica defendida por ruralistas e que contraria os interesses das populações indígenas. Ela determina que a demarcação de uma terra indígena só pode acontecer se for comprovado que os indígenas estavam sobre o espaço requerido em 5 de outubro de 1988 – quando a Constituição atual foi promulgada. Foto: Mre Gavião / Instagram.

Marcha contra o Marco Temporal em Brasília. O marco temporal é uma tese jurídica defendida por ruralistas e que contraria os interesses das populações indígenas. Ela determina que a demarcação de uma terra indígena só pode acontecer se for comprovado que os indígenas estavam sobre o espaço requerido em 5 de outubro de 1988 – quando a Constituição atual foi promulgada. Foto: Mre Gavião / Instagram.

Grande vitória dos povos Indígenas sobre o Julgamento do Marco Temporal.Placar está 4x2, semana que vem volta a votação no STF. Foto: Mre Gavião / Instagram.

Grande vitória dos povos Indígenas sobre o Julgamento do Marco Temporal. Placar está 4×2, semana que vem volta a votação no STF. Foto: Mre Gavião / Instagram.

Crianças na Marcha das Mulheres Indígenas em Brasília, 2023. Foto: Mre Gavião / Instagram.

Crianças na Marcha das Mulheres Indígenas em Brasília, 2023. Foto: Mre Gavião / Instagram.

Marcha das Mulheres Indígenas em Brasília, 2023. Foto: Mre Gavião / Instagram.

Marcha das Mulheres Indígenas em Brasília, 2023. Foto: Mre Gavião / Instagram.

Desfile da 3º Marcha das mulheres indígenas / 2023. Foto: Mre Gavião / Instagram.

Desfile da 3º Marcha das mulheres indígenas / 2023. Foto: Mre Gavião / Instagram.

Marcha das Mulheres Indígenas de 2023. Foto: MreGavião / Instagram.

Marcha das Mulheres Indígenas de 2023. Foto: Mre Gavião / Instagram.

9 de Agosto de 2023, Dia Internacional dos Povos Indígenas. Foto: MreGavião / Instagram.

9 de Agosto de 2023, Dia Internacional dos Povos Indígenas. Foto: Mre Gavião / Instagram.

Fim do Acampamento Terra Livre 2024. Foto: MreGavião / Instagram.

Fim do Acampamento Terra Livre 2024. Foto: Mre Gavião / Instagram.

Acampamento Terra Livre 2024 chega ao fim.

Acampamento Terra Livre 2024 chega ao fim. Foto: Mre Gavião / Instagram.

Guarani Kaiowá / Município de Douradina - Mato Grosso do Sul.

Guarani Kaiowá / Município de Douradina – Mato Grosso do Sul. Foto: Mre Gavião / Instagram.

Comemoração da homologação da terra Indígena Morro Dos Cavalos - Santa Catarina, o dia foi de rezas, cantos, choro, e alegria. Morro dos cavalos é Guarani.

Comemoração da homologação da terra Indígena Morro Dos Cavalos – Santa Catarina, o dia foi de rezas, cantos, choro, e alegria. Morro dos cavalos é Guarani. Foto: Mre Gavião / Instagram.

Acampamento Terra Livre, Brasília, 2025.

Acampamento Terra Livre, Brasília, 2025. Foto: Mre Gavião / Instagram.

Acampamento Terra Livre 2025 em Brasília.

Acampamento Terra Livre 2025 em Brasília. Foto: Mre Gavião / Instagram.

Texto e curadoria de imagens: Isabela Leite
Montagem da página e finalização: Alice Palmeira
Edição e revisão: Juliana Carvalho
Direção: Marcos Colón

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