A relação do ribeirinho com os rios que cortam Altamira

Na segunda parte da fotorreportagem sobre Belo Monte, o fotojornalista Anderson Barbosa documentou a relação do ribeirinho com os rios da Região.

Ao longo do rio, já se percebia a diminuição do fluxo das águas ao ponto de pequenas embarcações terem dificuldade na navegação. Em algumas áreas, navegar era impossível. Pedras acumuladas ao longo do tempo, postas cuidadosamente umas sobre as outras pela força das águas formando esculturas, seriam um espetáculo de beleza, não fossem resultado da diminuição do nível das águas do rio.

Não se tratava apenas do fluxo que, naturalmente, durante uma época do ano como no verão amazônico, diminui sua vazão. A diminuição de uma das barragens da hidrelétrica de Belo Monte fez com que os peixes desaparecessem do rio, causando um impacto econômico drástico na atividade pesqueira da região.

Em outubro de 2013, o fotógrafo Anderson Barbosa acompanhou Raimundo Campos da Silva por 4 dias no rio Xingu durante a pesca. Hoje com 67 anos, casado e pai de 7 filhos, Silva é da terceira geração de pescadores, um dos grupos que mais sofreram os impactos de Belo Monte.

Um homem sentado em um pequeno barco. Ao fundo, o céu reflete na água do rio.

Raimundo Campos da Silva.

Desde o início das obras da hidrelétrica no rio Xingu, a maioria das famílias sofreu com a falta de indenização, com a remoção das áreas das palafitas e com o fim de atividades econômicas diretamente atingidas.

Um homem segura um peixe em uma rede, de pé em uma canoa.

Durante quatro dias com Silva, imerso no rio Xingu já naquela época, o fotógrafo percebeu os impactos na rotina do rio e de quem vive nele e dele. Antes, Silva pescava cerca de 130 quilos de peixe. Agora, não passa de 10 quilos.

Uma canoa no Xingu. Ao fundo, o por do sol que deixa a paisagem dourada

Silva, de fala mansa, que gosta de brega e vibra ao ouvir Roberto Carlos, estava descrente com o futuro da pesca em Altamira.

O que alimentava esperança do pescador era a indenização de sua casa, localizada no bairro Invasão dos Padres, uma vila de palafitas que hoje não existe mais. O bairro ficava em uma área que foi alagada após a barragem definitiva do rio. Naquela época, ele pretendia ir embora para o estado do Amazonas, comprar um novo barco, construir uma nova casa e recomeçar a vida.

Durante novembro a março, época da desova dos peixes, existe uma proibição da pesca de algumas espécies. Os pescadores sobrevivem com um salário mínimo, conhecido como seguro defeso, uma conquista adquirida há alguns anos por lutas dos pescadores, organizados em suas colônias de pesca.

Um homem negro, em seus sessenta anos, segura um peixe. Ao fundo, um barco parado na beira do rio.

Pescador no final de um dia de pesca. A quantidade de animais caiu consideravelmente após a construção de Belo Monte”

 
 

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