Cineasta quer filmar a Amazônia de balão

Um balão colorido nas nuvens
Ainda buscando parceiros, “Será que o Brasil nunca viu a Amazônia?” pretende aliar manejo florestal à aventura

Na Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Uatumã, próxima ao município de Itacoatiara, no Amazonas, o engenheiro florestal e entusiasta de balão, Flavio Cremonesi, notou uma presença maior da mídia estrangeira em comparação à nacional, como se não houvesse interesse do Brasil pela região. Esse, entre outros, foi um dos motivos para o engenheiro florestal planejar o documentário “Será que o Brasil nunca viu a Amazônia?” sobre conservação ambiental. Para tornar a ideia mais cativante, uma surpresa: as gravações seriam feitas de um balão.

Na verdade, foi uma combinação de fatores: o desejo de fazer um filme da Amazônia para o Brasil, a vontade de explicar como funciona o manejo florestal e a importância do mercado de madeiras certificadas, a paixão pelo balonismo e a experiência cenográfica de um programa no Canal OFF, em que Cremonesi e o comandante Feodor Nenov fizeram uma travessia de balão pela América do Sul.

“O balão não vem como protagonista da história toda, mas ele vem como um bom coadjuvante. Causa impacto”, explica Cremonesi. “O balão dá essa dinâmica, ajuda a ter um insight no final do filme, como questionar a origem da madeira do nosso dia a dia. Pode ser o cabo de talher, a mesa, a porta. O balão traz o lúdico para prender a atenção das pessoas”.

Outra protagonista do documentário será o modo de vida dos ribeirinhos e ribeirinhas da Reserva do Uatumã, onde será feita parte das gravações. “Eu quero pegar toda essa parte de extrativistas para colocar dentro do filme como bons exemplos de economia”, conta o engenheiro florestal, que pretende levar essas pessoas para verem suas casas do céu.

“Esses ribeirinhos são grandes conhecedores das estradas amazônicas, que são os rios, por baixo. São pessoas que nunca andaram de avião, que nunca tiveram esse olhar aéreo. Quero proporcionar uma outra perspectiva.”

Um desejo especial de Cremonesi é levar um barco-cinema para a reserva e fazer sessões de exibição para todos os ribeirinhos. “Que o balde de pipoca se transforme em um balde de castanhas”, brinca.

O projeto está em processo de financiamento. À Amazônia Latitude, Cremonesi explicou suas inspirações artísticas, motivação ambiental e a magia do balão.

Amazônia Latitude: Qual é a sua relação com a Amazônia e com o balão?
Flavio Cremonesi: Eu sou engenheiro florestal e, depois que me formei na ESALQ (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz) da USP (Universidade de São Paulo, câmpus de Piracicaba), comecei a me aventurar pela Amazônia. Um comandante de balão decolava do câmpus da USP. Quando eu vi aquela aeronave, precisei conhecer mais sobre ela. Foi assim que eu conheci o comandante Feodor Nenov. Desde 2002, a gente se aventura em bons voos ao longo do Brasil. Mas ele nunca voou na Amazônia. Quero poder proporcionar isso para ele. O Feodor já voou pelo Monte Fuji, no Japão. Já voou a 30000 pés, a nove quilômetros de altura, tem o recorde sul-americano. A gente fez uma das aventuras mais legais, que fortaleceu ainda mais a amizade, documentada no programa do Canal OFF “Mais leve que o ar”, fazendo uma travessia pela América do Sul em 2016.

AL: De onde vem a sua relação com o cinema?
FC: Vem junto com o balão. Ele sempre despertou isso. A gente já fez matéria de capa da revista Caminhos da Terra em 2007. De repente, você entra nesse universo audiovisual no Canal OFF, você vai conversando, vendo como funciona. Você começa a gravar, vê aquela movimentação toda. Eu moro no interior da Amazônia, em Itacoatiara, distante 270 quilômetros de Manaus. No meu trabalho de manejo florestal, comecei a desenhar o filme. Desde 2005, quero trazer o balão para a Amazônia. Só que estamos em 2022, então a ideia ficou adormecida de 2005 até 2022.

Flávio Cremonesi. Um homem de barba branca, óculos escuros, num barco.

Flavio acredita no potencial da aventura atrair pessoas para questões ambientais. Arquivo pessoal/Flavio Cremonesi

Nessa história toda, não podemos desmerecer os contatos da nossa agenda. No meus contatos, vi o nome do Sylvestre Campe, um cineasta da aventura. Liguei para ele e falei que queria trazer o balão para voar na Amazônia. Ele perguntou: “Flavio, o que você faz aí?”. Respondi: “Sou madeireiro.” E contei toda a história da questão do manejo florestal, da certificação FSC® [Conselho de Manejo Florestal, em português] para a madeira tropical, e fui desenhando isso. Ele falou: “A gente tem que juntar esse seu conhecimento da Amazônia da parte de conservação com a aventura aérea.”

E eu fiquei pensando “como vou fazer isso?”. Sempre gostei muito da frase “será que o Brasil nunca viu a Amazônia?”. Eu estou aqui no interior do estado do Amazonas, e aqui você vê muita televisão gringa, europeia. As pessoas querem saber como funciona. E a mídia brasileira, não. Então eu pensei “esse filme tem que ser feito da Amazônia para os brasileiros.”

Ninguém aprende a ler e escrever em um dia só. Ou seja, é um processo de aprendizagem. Se eu disser para você: “você é a favor ou contra a degradação ambiental, social e econômica da Amazônia?”. Sem te conhecer, você vai falar “eu sou contra a degradação ambiental”. Mas, muitas vezes, você acaba consumindo madeira ilegal no seu dia a dia por desconhecimento. A mesma sociedade que é contra a degradação ambiental acaba consumindo os produtos ilegais.

AL: Qual a inspiração para o título “Será que o Brasil nunca viu a Amazônia?”
FC: Ele vem do refrão da música do Celso Viáfora que eu ouvi na voz do Nilson Chaves. Sempre gostei do Nilson Chaves, que é um cantor do Pará. E quando esse refrão bateu no meu ouvido, falei “tenho que fazer alguma coisa com isso”. É uma pergunta provocativa.

AL: Como você decidiu o itinerário do documentário?
FC: O problema zero da Amazônia é a questão fundiária. Ninguém sabe quem é o dono da terra. O segundo problema da Amazônia é a logística. Se o Brasil tem dimensão continental é por causa da Amazônia. Conheço bem a Reserva do Uatumã, E estou perto da área de manejo onde vamos mostrar como é feito o corte da árvore, o transporte, até chegar no produto final, no caso, a madeira. O tempo é precioso para todos nós. Se você quiser ir daqui de onde eu estou, de Itacoatiara, até Tabatinga, que é divisa com a Colômbia, se você subir o Rio, são 14 dias de barco. Então o foco está na logística, no tempo das pessoas. Por isso, montei esse roteiro aqui no Baixo Amazonas.

AL: Qual é o grande diferencial de filmar a Amazônia a partir de um balão?
FC: Olha, vou descobrir no dia, porque eu nunca fiz isso [risos]. Eu sei qual é a magia do balão. A gente já voou no deserto do Atacama, Chile. É fora de série você voar no amanhecer, vendo a Cordilheira dos Andes, o vulcão Licancabur e todo o deserto do Atacama. É essa magia que eu quero levar para a Amazônia. Só que em vez de ser no lugar mais seco do mundo, que é o deserto do Atacama, vai ser no lugar mais úmido do mundo. É difícil dar uma resposta de como vai ser, ainda mais em uma aeronave que não tem motor, que é maleável, de cabo de aço, de tecido, é muito rudimentar.

AL: O que seria essa magia?
FC: O balão é plástico, o balão tem cores e remete a um negócio muito legal na nossa vida, que é a nossa infância. Eu acho que quanto mais perto da nossa infância a gente puder buscar, a gente vai poder entender melhor e estar mais aberto para aprender.

Por exemplo, se você pega a geração da minha mãe e da minha avó, a dificuldade de aprendizado deles é muito maior do que a nossa. Se pegarmos a geração da minha filha, do meu filho, na geração deles é muito mais fácil aprender e entender. Eu tenho 45 anos. Então a minha geração já é uma geração mais relutante para aprender. Então o balão, quando ele tem plástico, tem cores, chama atenção, é visualmente bonito, ele remete muito à nossa infância.

AL: Como é o balão?
FC: Ele tem cesto de vime, o queimador, o tecido, o cabo de aço e não tem motor. Ele, usando um clichê, vai pegando carona ao sabor dos ventos. Então tudo isso tem que ter muito estudo técnico, tem que ter toda uma análise para todo mundo conseguir voltar pra casa depois da aventura, porque isso é o principal também. Não adianta a gente fazer um filme em que metade do elenco fica dentro da Reserva do Uatumã.

É igual a travessia do Atlântico ao Pacífico. No voo, a gente subiu a cinco quilômetros do chão. O oxigênio enquanto fazíamos esse voo… imagina se dá um problema lá? Parte do elenco já fica lá no deserto. Não faz sentido nenhum. A gente tem que botar em segurança da casa, porque o filme é só a metade do caminho. Na outra metade, a gente tem que poder voltar para as nossas casas em segurança e inteiros.

Balão desinflado no deserto do Atacama.

Balão desinflado no deserto do Atacama durante a travessia de Flavio pela América do Sul. Arquivo pessoal/ Flávio Cremonesi

AL: Você também o pilota?
FC: Não. Quem pilota é o comandante Feodor. Ele tem anos luz de experiência.Tenho total confiança nele, acredito só nele para fazer essa aventura aérea, pela experiência que tem. Eu quero aparecer o menos possível. Eu sou o organizador dessa história toda. Os protagonistas vão ser a parte científica, a aventura aérea, os comunitários, o manejo florestal. Eu vou ser o organizador dessa história toda. E por ter, na minha cabeça, esses vários desses vários lados da moeda (eu conheço a parte de produção, a parte de mercado, a parte da ciência), eu quero juntar essas informações com as pessoas que vão estar ali. O meu papel vai ser o mais discreto.

Eu conecto as pessoas. Sylvestre Campe, diretor que eu adoro, renomado; o comandante Feodor, que é o piloto; o Nelson Bareta, que trabalha com segurança; o Marcos Sifu, que também é conhecido; duas pesquisadoras do INPA [Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia] e do Ibama [Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis], a Rita Mesquita e a Ludmila Rattis.

AL: Qual é a importância de ter pesquisadoras no balão?
FC: A gente analisou bem. A Rita é uma querida que conheço há muito tempo, e a Ludmila entrou por indicação de uma grande amiga minha. Eu acredito muito em ciência. Posso verbalizar várias informações como, por exemplo, uma árvore adulta na Amazônia lança 1.000 litros de água por dia na atmosfera. Mas eu estou pegando carona em textos do Antônio Nobre, pegando carona em textos que têm uma base científica. Ter duas pesquisadoras que dedicaram suas vidas a fazer ciência na Amazônia dá muito mais credibilidade no contexto, fortalece demais essa história toda.

E, no caso, a Rita e a Ludmila são duas pesquisadoras com gerações diferentes. A Rita é da época do mimeógrafo, uma época em que ela datilografava seus artigos científicos. E a Ludmila é uma pesquisadora que tem Instagram e redes sociais. A Amazônia tem que ser muito pesquisada. Todo dia, nos nove estados da Amazônia, a gente tem 2.400 hectares que viram fumaça, literalmente. Há a questão da pecuária, a questão da soja. O que vende na mídia? Humor, violência e sexo. Basicamente, são os três temas que ‘vendem fácil’. Eu vou falar sobre manejo florestal e as boas práticas de conservação da Amazônia. Cara, não vende.

AL: Será que o atrativo do balão deixaria o manejo um pouco mais “apelativo”?
FC: O balão não vem como protagonista da história toda, mas ele vem como um bom coadjuvante. Causa impacto. A gente pode ter problemas sérios? Pode. O balão vem para dar essa dinâmica, para a pessoa ter um insight no final do filme, “então aquele crucifixo que eu rezo todo dia é de madeira ilegal”. Pode ser o cabo de talher, a mesa, a porta. O balão vem justamente com o lúdico, para prender a atenção das pessoas.

Eu me inspiro no filme Obrigado por fumar (2005). Ele consegue falar sobre o cigarro sem aparecer nenhum o filme todo. Nada é roteirizado. As situações de enredo vou descobrir na hora. Tenho algumas perguntas chave no roteiro. O Sylvestre [diretor] vai dirigir muito a questão da aventura, que é a expertise do cara. E eu vou acabar dirigindo a parte de conservação. Quero montar diálogos entre a Rita e a Ludmila.

O ator Marcos Palmeira, um amigo querido que está até fazendo a novela Pantanal, vai estar a bordo do filme. Quando liguei para ele e o convidei para voar de balão na Amazônia, ele falou “‘vambora’, vamos fazer”. O Marcos traz esse caráter midiático , com muita credibilidade. Colocar ele para voar com os comunitários ribeirinhos dentro da Reserva do Uatumã, sabe? Você vê aquela interação de diálogos, aquela coisa espontânea acontecendo.

Essas são as pessoas que vou colocar a bordo para poder fazer isso acontecer. Como já acumulei alguns fracassos, vou até o fim para fazer isso acontecer, porque sei que é importante para a sociedade brasileira. Não estou fazendo um discurso pronto, porque eu já vivenciei muitos lados do balcão. Estou no balcão, agora, da produção, do manejo florestal em si.

AL: Você comentou também sobre ribeirinhos no balão. Qual será a função deles no documentário?
FC: A gente vai estar em uma Pousada de Base Comunitária, que é uma coisa nova dentro da Reserva do Uatumã. Lá há extrativistas de pau-rosa, copaíba, andiroba, produtos florestais não madeireiros. Quero pegar toda essa parte de extrativistas para colocar dentro do filme como bons exemplos de economia. Esses comunitários são grandes conhecedores das estradas amazônicas, que são os rios, por baixo, em uma visão 2D. Vou levar essas pessoas para voar de balão e deixar a GoPro travada neles, para ver a emoção ao verem sua casa lá de cima. São pessoas que nunca andaram de avião, que nunca tiveram esse olhar aéreo. Por isso eu quero proporcionar isso, ainda mais em um balão, que é completamente diferente.

Com o filme pronto, eu quero fazer um barco cinema para percorrermos a reserva. Que o balde de pipoca se transforme em um balde de castanhas. É uma forma de promover a reserva, inclusive com novos turistas que possam ir lá, para fortalecer a economia.

AL: O documentário vai olhar de perto o manejo florestal na região. O que seria isso?
FC: Manejo florestal, de uma maneira muito simples, é floresta para sempre. São técnicas de estudos em que você faz intervenções na floresta. Madeira, todo mundo usa, não tem jeito. Então, você tem que fazer uma exploração, um manejo florestal de uma maneira racional dentro da floresta. Vou dar um pequeno exemplo: se você pegar um hectare de floresta na Amazônia, cerca de um campo de futebol, tem mais ou menos 200 espécies arbóreas de diversidade dentro desse hectare. Se você pegar o mesmo hectare em uma floresta temperada, vai ter de 5 a 6 espécies. Olha a diferença de diversidade dentro da nossa floresta tropical.

Quando é feito o inventário florestal, um scanner da floresta, que localiza árvores aptas a serem cortadas dentro da legislação brasileira, há aproximadamente 60 árvores dentro desse hectare que podem ser cortadas. Só que o manejo vai tirar de 3 a 4 árvores por hectare e voltar em um ciclo, pelo menos, de 25 anos. Ou seja, quando voltar, a floresta vai ter se regenerado naturalmente.

No manejo florestal, você não planta absolutamente nenhuma muda porque não é desmatamento. Nós fazemos esse ciclo de corte. E dentro da floresta, quando você faz o corte, você usa motosserra, trilhas, arrasta toras até chegar na serraria para poder usá-las. São técnicas para causar o menor impacto ambiental possível na floresta. Eu falei de um hectare só. Para ter viabilidade econômica, precisa de área para fazer as rotações, os ciclos de corte, mantendo a floresta para sempre no seu estado original.

AL: Qual seria a diferença entre o manejo florestal e desmatamento?
FC: Floresta é algo que presta um serviço ambiental. Como eu falei, uma árvore adulta emite 1.000 litros de água por dia para a atmosfera, extrapole isso para uma floresta inteira. É muita água, a Amazônia é uma bomba d’água. A questão do desmatamento, o que é ruim, é o seguinte: aquelas 60 árvores aptas a serem cortadas, no manejo florestal daquele hectare, a gente corta de 3 a 4 árvores. No desmatamento, a pessoa tira as 60 e depois ela vai fazer um negócio pior ainda, que é usar a caixa de fósforos, botar fogo. Depois do incêndio, a galera começa a plantar pasto. E o final dessa história sempre é uma possível soja.

É algo que temos que pressionar o governo e a sociedade. A gente não pode fechar os olhos. O consumidor tem um poder altíssimo. Se você perguntar em uma loja de madeira: “Essa madeira é de onde?”. E a pessoa responde: “Isso é um mogno”. O mogno você sabe que é ilegal. Tudo isso são pontos que temos que questionar como consumidores. Eu quero levantar isso no filme.

AL: Há um limite para o poder do consumidor no combate a essas práticas?
FC: Há uma pecuária extensiva, totalmente agressiva, que acontece. Há os subprodutos do desmatamento. Não estou falando só do recurso florestal, da madeira para a sua casa. A carne, a soja. Sempre existe um consumo no final. Agora, precisamos mostrar às pessoas como isso funciona. Posso ter uma visão simplista economicamente? Posso. Mas falta as pessoas reconhecerem o poder que tem. Eu encerrei as atividades com a carne por não saber a origem. Se eu não souber a origem, eu não vou atrás. Esse é meu papel de consumidor.

Tudo acaba no consumo. Seja o consumo de empresa para empresa, seja o consumo do consumidor final. E isso tem que ser questionado. Eu já vi posts falando que empresas são ESG [possuem governança social, ambiental e corporativa], ligadas à questão ambiental. Se todas são, por que a situação ambiental está tão ruim?

AL: Como você calculou a pegada de carbono da produção do filme, que será compensada?
FC: Pelo Idesam, que é uma ONG. Eu me formei junto com eles em Engenharia Florestal na ESALQ e eu acredito muito no trabalho deles. Eles têm um programa carbono neutro onde tem ciência envolvida, fórmulas, estatísticas. Eu peguei todas as viagens aéreas e mandei essas informações para eles, que calcularam. Chegaram no número de 29 árvores. Faremos a compensação com o plantio de árvores nativas dentro da Reserva do Uatumã.

 
 

Print Friendly, PDF & Email

Você pode gostar...

Assine e mantenha-se atualizado!

Não perca nossas histórias.


Translate »