O que será da Amazônia? A resposta está na juventude

Foto da Amazônia
Avanço do Cultivo de soja na regiao de Belterra, Pará compromete o ecossistema da Floresta Nacional do Tapajos. - Foto: Marcos Colón / Amazônia Latitude

Quando se debate a Amazônia, ouvir os que sofrem não deve ser hipótese, mas obrigação

Antecedendo a Cúpula da Amazônia que ocorre entre 8 e 9, o primeiro fim de semana de agosto foi recheado de resistência, ancestralidade e diversidade. Os Diálogos Amazônicos, realizados durante 3 dias, tinham como objetivo ouvir a população amazônica e elaborar relatórios com propostas do povo amazônico para os chefes de estado dos oitos países da Amazônia.

Os Diálogos tiveram assembleias, rodas de conversa e plenárias. Tendo como centro do diálogo debates sobre defesa de territórios, ativismo na Amazônia, luta dos povos originários, racismo ambiental e juventude das florestas, os Diálogos ultrapassaram as expectativas de quem participou. Com seis relatórios enviados para a Cúpula, há expectativas que o povo amazônida seja ouvido.

Mas afinal, o que tanto queremos dizer?

A frase mais foi ouvida durante todo o evento foi: “Não se pode falar de Amazônia sem o povo amazônida”.  Apresentar propostas de políticas públicas, sem antes entender o que de fato essa população necessita, foi um dos problemas que o governo tentou enfrentar.

Quando se debate a Amazônia desenvolvida de forma sustentável e o combate à violência contra os povos originários, ouvir os que sofrem não deve ser hipótese, mas obrigação.

Em um discurso, o ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida, deixou claro que o governo está à espera do povo, que tem a oportunidade de falar.  Os direitos humanos da população amazônica devem e estarão no centro dos debates sociais e políticos, na avaliação do ministro.

“A coisa que eu mais desejo para o jovem é que ele envelheça, que ele fique velho. Todo jovem que encontro imediatamente penso, tomara que você fique velho, e ao ficar velho, tenha uma vida digna e com dignidade”, disse Almeida.

De acordo com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), cerca de 33% da população amazônica é composta por jovens. É preocupante que a juventude da região sofra com altos índice de violência, onde muitos não têm a oportunidade de se tornarem adultos.

E o que essa juventude anseia?

A juventude amazônica nasceu sabendo que precisaria levantar a voz se quisesse ser ouvida. Mas como essa geração amazônica reage e rebate invasões, exploração camuflada de desenvolvimento e violência? De que forma os jovens, que são o futuro da Amazônia, podem proteger a mesma?

São questionamentos que foram respondidos de maneira alta e clara: “nós somos a revolução”.  Cada participante que subiu ao palco mostrou que a juventude conhece seu poder e não tem medo de ir à luta.

Hoje é o momento de decisão, de se preparar para a COP30, de pensar em como atingir o desmatamento zero até 2030, de planejar os passos futuros para a maior floresta do mundo.

 A terra, os ancestrais e a resistência

Junto com a juventude, os povos originários, os quilombolas e todos os afroamazônidas nascem sabendo que vão ter que lutar pelo seu lar. Seja contra invasões de aldeias, assassinatos de defensores ou o racismo ambiental.

“Por que somos obrigados a deixar nossos lares?”, “Por que fingem que essas matas e florestas não tem dono, não tem proteção e não tem história?”. Essas perguntas estiveram frequentes nos discursos do evento. Dezenas de ativistas relataram que deixaram suas casas por ameaças, as quais nem sempre entram na lista de notificação da polícia.

O anseio que fica é de que a Amazônia não tenha tido toda essa atenção por apenas um momento. A Amazônia deve e necessita ser o foco central na questão ambiental e social. Que todos os debates e temáticas abordadas durante esses três dias deem frutos e favoreçam aqueles que sempre foram explorados, os povos amazônicos! Que a nossa terra continue sendo nossa!

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