‘Não tem como entender a sociologia sem a ecologia’, diz vice-presidente da Alas

O professor Jesús M. Díaz acredita que é impossível entender a sociologia sem conhecer a realidade

Prof. Jesús M. Diaz
Prof. Jesús M. Diaz. Foto: Manuela André/Sialat
Prof. Jesús M. Diaz

Prof. Jesús M. Díaz. Foto: Manuela André/Sialat

Jesús M. Díaz Segura é sociólogo, professor da Universidade de Santo Domingo, na República Dominicana, e membro da Associação Dominicana de Sociologia (Ados). Ele participou do V Sialat, em Belém do Pará, como vice-presidente da Associação Latino-americana de Sociologia (Alas) na mesa-redonda “Pensamento latino-americano: rupturas para uma sociologia crítica cosmopolita”.

O acadêmico que estuda processos sociais e políticas de economia na América Latina, em especial, no Caribe, falou sobre a relevância de eventos voltados aos estudos sociológicos, desafios enfrentados por pesquisadores latino-americanos e a importância de trazer a Amazônia para discussões que debatam a ecologia no campo social.

Amazônia Latitude: Como vice-presidente da Alas, qual é a importância do Sialat para a sociologia?

Jesús M. Díaz: Primeiro, um pouco da história: a Alas surge em um contexto muito interessante. Havia um congresso da Associação Internacional de Sociologia, a primeira organização de profissionais da sociologia. Lá, estavam presentes um grupo de colegas da América Latina. Eles perceberam a necessidade de um espaço para a discussão da sociologia e ciências sociais na América Latina, então decidiram formar a Associação Latino-americana de Sociologia, surgindo a Alas. Isso em 1950. Em 1951, acontecia o primeiro congresso da Alas na Argentina.

O congresso realiza um diálogo pela ciência, pelos saberes, de conhecimento, que nos diz qual ciência está sendo feita na América Latina, quem está fazendo, como a sociologia está trabalhando. É um congresso acadêmico, mas também social, onde discutimos e compartilhamos possibilidades, o que estamos trabalhando. Você sabe o que se faz na Argentina por quem está na Argentina; no Chile, por quem está no Chile; no Peru, por quem está no Peru.

Entendemos os problemas, pois para nós, o problema serve para enriquecer o conhecimento, para florescer. Por isso, escutamos e estudamos, podemos nos ajudar. Então é importantíssimo.

Quais seriam os maiores obstáculos para conseguirmos falar de rupturas para termos uma sociologia crítica nos grandes centros e interiores?

O primeiro é conhecer a realidade. Não há maneira de entender a sociologia se você não entende a realidade. Não somente para entender, mas também para explicar. Não há maneira de falar se você não conhece a realidade. E tem que conhecer a fundo para explicar, porque tem que fazer abordagens sobre a realidade. Por isso, é tão importante.

Nos desafios teóricos, se você encontrar algo que não vai funcionar, se envolve em uma caverna. Se você entra no escuro sem luz, não vai entender nada. Por isso, é importante ter essa orientação de teoria crítica. É uma teoria para revisar tudo o que temos.

Quais são os desafios e oportunidades enfrentados pelos pesquisadores latino-americanos?

Agora é mais fácil. Antes, nos anos 70 e 80, quando o autoritarismo era forte na América Latina, não se podia trabalhar ideias marxistas. Avançamos muito. Hoje em dia, temos apoio estatal e investimentos em ciências sociais. Antes, esses investimentos eram apenas para as ciências naturais, pois eram vistas como neutras.

Como trazer a ecologia para a educação dentro da Amazônia?

Não tem como entender a sociologia sem a ecologia, elas andam em paralelo, porque a ciência é a causa de tudo. Não há maneira de separar a natureza e a sociedade. Defender a ecologia é defender o social. Os povos do campo têm impacto na vida dos grandes centros urbanos.

 

Entrevista: Yris Soares
Produção e tradução: Addam Gonçalves
Edição: Alice Palmeira
Revisão: Isabella Galante
Direção: Marcos Colón

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