Justiça Climática: Comunidades tradicionais fecham rodovia no Pará em protesto contra grandes projetos

Ato faz parte da Jornada Somos a Floresta - Pré-Cúpula dos Povos do Nordeste Paraense

Lideranças e representantes de comunidades tradicionais da Amazônia protestaram pedindo Justiça Climática. Foto: FALE.
Lideranças e representantes de comunidades tradicionais da Amazônia protestaram pedindo Justiça Climática. Foto: FALE.
Lideranças e representantes de comunidades tradicionais da Amazônia protestaram pedindo Justiça Climática. Foto: FALE.

Lideranças e representantes de comunidades tradicionais da Amazônia protestaram pedindo Justiça Climática. Foto: FASE.

A PA-483 foi interditada na manhã de 24 de outubro. Lideranças e representantes de comunidades tradicionais da Amazônia protestaram pedindo Justiça Climática. O ato é parte da “Jornada Somos a Floresta – Pré-Cúpula dos Povos do Nordeste Paraense”.

O evento, promovido pela ONG FASE – Solidariedade e Educação e pelo Fundo de Justiça Socioambiental e Climática da Amazônia (Fundo Dema), seguiu até o dia 26, na cidade de Abaetetuba, a 124 quilômetros de Belém, capital da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP30).

A programação reuniu povos originários, comunidades quilombolas, ribeirinhos, extrativistas, produtores da agricultura familiar e integrantes das periferias de cidades do Nordeste do Pará em um encontro prévio da Cúpula dos Povos. É nela que os guardiões da Amazônia se articulam para influenciar as decisões que podem salvar ou condenar a sobrevivência de todos nós, em especial de quem vive na Amazônia.

A interdição da PA-483 durou cerca de duas horas e foi marcada por relatos de violência e desrespeito em vários territórios. Comunidades obrigadas a conviver com grandes projetos denunciam ameaças.

A interdição da PA-483 durou cerca de duas horas e foi marcada por relatos de violência e desrespeito em vários territórios. Foto: FALE.

A interdição da PA-483 durou cerca de duas horas e foi marcada por relatos de violência e desrespeito em vários territórios. Foto: FALE.

“Eles se instalam e desenvolvem suas atividades sem respeitar as leis ou as Consultas Prévias e Informadas e, quando reagimos ou questionamos, nos ameaçam e tentam nos intimidar dentro de nossas casas,” revela uma liderança do Projeto Agroextrativista Santo Afonso, em Abaetetuba, que recebe proteção do Estado desde que começou a denunciar as ações da Empresa Cargill S.A.

Maria Andréia dos Santos, da Associação de Mulheres do Território Tradicional Acui, onde vivem cerca de 60 famílias, explica que apenas cinco propriedades da área são reconhecidas pela atual Artemyn (antes, conhecida como Empresa Imerys) como “em situação de vulnerabilidade,” caso ocorram vazamentos dos rejeitos de mineração.

“Temos medo e falta informação. Quando eles [Imerys], finalmente, testaram os alarmes que devem soar em caso de vazamento, percebemos que o som não chegava em todas as casas e podia ser facilmente confundido com o de uma ambulância. Tivemos moradores que preferiram se mudar por não conseguir viver com esse risco,” conta Andréia.

A rotina de cada comunidade envolvida no Ato realizado na PA-483 é resistir e conseguir apoio em outras comunidades e instituições. É onde o trabalho da FASE e do Fundo Dema faz diferença.

“Conseguimos construir nosso documento da Consulta Prévia e Informada, graças a FASE”, reforça Carlos Espíndola, liderança do Tauá. Enquanto isso, Evaristo de Oliveira, conhecido como Vavá, representante do território quilombola Laranjituba e África (Moju e Abaetetuba), lembra que os projetos de educação e capacitação mantidos pela ONG ajudaram a comunidade a entender melhor e, assim, lutar por seus direitos. “Cada capacitação foi muito importante pra gente”, assegura.

Durante a programção, as comunidades criaram um documento para exigir Consulta Prévia e Informada. Foto:

Durante a programção, as comunidades criaram um documento para exigir Consulta Prévia e Informada. Foto: FALE.

A cúpula da resistência

A “Jornada Somos a Floresta – Pré-Cúpula dos Povos do Nordeste Paraense” aconteceu no Centro de Tecnologias Alternativas Tipiti, em Abaetetuba. O encontro reuniu vozes de várias comunidades ameaçadas por projetos minerais e também por ferrovias, rodovias e hidrovias que invadem territórios.

Durante o ato de interdição da PA-483, uma Carta foi entregue a um representante do Ministério Público. O documento traz as denúncias das comunidades e também os pedidos por apoio e ações que realmente promovam proteção e bem-viver nas áreas protegidas por comunidades tradicionais no Nordeste do Pará.

Texto: Glauce Monteiro
Revisão: Juliana Carvalho
Montagem da Página: Alice Palmeira
Direção: Marcos Colón

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