Fotogaleria: Círio 2024 reúne multidão em Belém, celebrando grandes e pequenos milagres
Confira algumas das imagens impressionantes que ajudam a entender melhor o que o Círio de Nossa Senhora de Nazaré tem de único todos os anos
Berlinda do Círio 2024. Foto: Marco Santos / Ag. Pará
Dois milhões de pessoas seguindo e carregando a imagem de uma mulher, negra e mãe pelas ruas de uma cidade Amazônica. É uma imagem sempre impressionante, mesmo que já tenha se repetido 232 vezes.
Para quem chega pela primeira vez ou para quem faz questão de estar em Belém do Pará todos os segundos domingos de outubro é difícil explicar o que é o Círio de Nossa Senhora de Nazaré. Por isso, apela-se aos consensos.
O que se pode dizer do Círio é que ele é a mistura de contrastes que parecem incompatíveis e ao mesmo tempo naturais, como todas as coisas complexas e simples o são.
Círio é tradição, fé e multidão.
Números grandiosos e desafiadores para a organização e para os órgãos responsáveis pela segurança pública e também pela garantia do cuidado de cada romeiro ou turista. Em uma proporção “agente x público” que parece fadada a dar errado e, ainda assim, funciona. Como se cada aspecto da festividade fosse revestido de seus próprios pequenos milagres.
No Círio, 6 mil voluntários de instituições como a Cruz Vermelha zelam por milhões. Ainda assim, em 2023, foram registrados 1.351 atendimentos, com apenas 33 situações mais graves que demandaram o envio de participantes a unidades de saúde.
Dois mil guardas se revezam na proteção da Imagem Peregrina durante as procissões. Ainda assim, ela está sempre ao lado da multidão e protegida por ela. Caminhar ao lado de Maria é considerado uma honra, “ir na corda” que guia a berlinda, um privilégio maior ainda.
Oito mil agentes de segurança, 1.500 viaturas, 11 lanchas e duas aeronaves atuam nas 14 romarias oficiais e em outros eventos culturais realizados durante o Círio. E o balanço divulgado pela Secretaria de Segurança Pública do Pará (Segup) registrou cerca de 30 casos de furtos e extravios de celulares ou de documentos durante o domingo de Círio.
São 89 mil turistas visitando um lugar onde a rede de hotelaria possui 25.367. Para “resolver” esse número impossível, os lares viram abrigo. Famílias abrem suas portas, redes são estendidas em varandas e casas de passagem recebem os romeiros.
Mas o Círio também é uma experiência individual, intransferível e única.
É como se o mar fosse importante, mas como se cada gota desse oceano fosse igualmente grandiosa e impressionante. Um universo lindo visto de longe e ainda mais tocante quando sentido de perto.
Em cada casinha ou barco levados durante as romarias; em cada criança vestida de anjo erguida no colo ou nos ombros da família; em cada promesseiro que disputa um lugar na corda; em cada pessoa que percorre os 3,7 quilômetros do percurso da Grande Romaria de joelhos. há algo difícil de descrever e que, ao mesmo tempo, não requer explicação.
O Círio está ali entre o sacrifício de fé, o pedido desesperado e a gratidão pela benção alcançada. Ele está entre as mãos levantadas; as flores da berlinda; as homenagens prestadas à Virgem de Nazaré pelo caminho; a casa cheia de amigos e parentes; o cheio de maniçoba ou pato no tucuruí no fogo; e a fitinha colorida amarrada no braço nos demais 364 dias do ano.
Para mostrar um pouco mais destas tantas dimensões do Círio de Nazaré, separamos nesta Fotogaleria algumas imagens das duas principais procissões da programação deste ano: A Transladação e o Círio de Nazaré realizadas nos últimos dias 12 e 13 de Outubro.
E na próxima publicação da Série da Amazônia Latitude sobre o Círio de Nazaré, você pode ver de perto como nem só de fé vive o Círio. O lado cultural e profano da festividade também atrai multidões durante os meses de Outubro em Belém.
Texto: Glauce Monteiro
Montagem da página: Alice Palmeira
Fotografias: Agência Pará
Direção: Marcos Colón