Fotogaleria: Exposição celebra 85 anos de Paes Loureiro
Exposição “Paes Loureiro, operário do raro” traduz diversidade, complexidade e importância da obra e dos 85 anos de vida de João de Jesus Paes Loureiro
Várias fases de Paes Loureiro. Arte: Fabrício Vinhas.
Vídeo, fotos, livros e instalações. A diversidade de itens da Exposição “Paes Loureiro, operário do raro” traduz a diversidade, complexidade e importância da obra e dos 85 anos de vida de João de Jesus Paes Loureiro.
Eu fico profundamente emocionado com essa homenagem feita a mim. Ver obras e trabalhos em exposição para que todos conheçam um pouco mais é gratificante”.
A mostra que segue até 30 de janeiro no Palácio Antônio Lemos, onde fica sediado o Museu de Artes de Belém (MAB), é parte do ciclo de homenagens da Prefeitura da capital paraense ao pensador, escritor, jornalista e poeta que, em 2025, completou oito décadas e meia de vida.
A exposição tem a curadoria de Elaine Oliveira, Marcílio Caldas Costa, André Veiga e Janete Borges, que assegura:
É um projeto que é uma honra organizar, participar e fazer acontecer. O projeto tenta mostrar um pouco quem é Paes Loureiro. Além da exposição, temos oficinas em Belém e [no Distrito de] Mosqueiro, onde vamos apresentar aos alunos da rede pública quem é esse grande pensador”.
Durante a cerimônia de inauguração da mostra, o prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues, deixou clara a admiração pelo homem que, sem duvidar, reconheceu como Mestre. “Paes Loureiro é um dos maiores expoentes da arte e cultura de Belém. Mestre e poeta, sua arte é comprometida com as causas sociais e humanitárias”.
Operário do raro e da Amazônia
João de Jesus Paes Loureiro nasceu em Abaetetuba, cidade do Nordeste do Pará. Formou-se em Direito e em Letras pela Universidade Federal do Pará onde, mais tarde, ensinou estética, semiótica, poética, história da arte, comunicação e cultura amazônica.
É mestre em Teoria da Literatura pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e doutor em Sociologia da Cultura na Université Sorbonne de Paris.
Paes Loureiro ocupa a cadeira número 25 da Academia de Letras do Brasil (ALB) e produziu inúmeros textos em livros, ensaios, poemas, textos e músicas que carregam reflexões, questionamentos, história e cultura amazônica. Sempre em gerúndios: Vendo, pensando e dialogando com acontecimentos, fatos e também com o imaginário da região. Tal qual o poema sobre a Instalação de Belo Monte no Rio Xingu, afinal:
O que é a lágrima de um índio
em face de milhões de metros cúbicos de água?
nos olhos de cobiça da barragem?
Como “narrador Uirapuru” traz mensagens urgentes e importantes enquanto sobrevoa jardins mundo afora explicando mitopoéticas. Estudou e divulgou a literatura e os autores da Amazônia e também expressões da arte e cultura popular como os pássaros juninos.
Em meio à pandemia da Covid-19, falou de tristeza, lágrimas secas, distâncias e também sobre os “sorrisos de esperança” de quem se ama.
Se o sorriso de Helena alegra e dá alento ao coração de um poeta-avô que já enfrentou tantos banzeiros e navegou rios e mares mundo afora, o tempo de solidão parece despertar a consciência de um outro mundo, o mundo do presente, o mundo do agora, de homens que olham atrás das grades, reclusos, indefesos, reféns do tempo. Esse mundo aturdido pela pandemia que assusta, que intimida, que causa medo e exige o afastamento justamente daqueles que nessas horas a gente mais precisa por perto, nas horas em que o silêncio nem sempre nos ensina e aconselha, como pensa Walter Benjamin.
Paes Loureiro deixa/deixou um legando em todos os lugares por onde passa/passou. Na UFPA, criou o Programa de Educação Tutorial (PET). Como secretário de estado de educação paraense, implantou o Programa de Capacitação Continuada de Professores, a rede de escolas tecnológicas e o Programa Escola Aberta. Quando secretário estadual de cultura no Pará, promoveu o Festival de Ópera da Amazônia.
Foi diretor da Fundação Cultural do Pará Tancredo Neves; Coordenador Geral do Programa Nacional de Bibliotecas Escolares, do Ministério da Educação; e, entre tantas premiações, foi agraciado com a Ordem do Mérito Cultural, concedida pela Presidência da República, em 2009, por sua contribuição à cultura brasileira.
Parte da trajetória de 85 anos do homem, poeta, pensador e artista amazônico João de Jesus Paes Loureiro pode ser conferida até o dia 30 de janeiro no Museu de Arte de Belém (MAB), sempre de segunda à sexta-feira, das 9h às 16h ou nas fotos de Dinei Souza e Nayara Batista nesta fotogaleria da Exposição “Paes Loureiro, operário do raro“.
Texto e Montagem da página: Glauce Monteiro
Fotografias: Dinei Sousa e Nayara Baptista
Direção: Marcos Colón