Amazônia em 5 Minutos: Antártica e Amazônia, tráfico de pessoas e crise na educação
Episódio 68 do Amazônia em 5 minutos traz as principais notícias entre 01 e 07 de março, como a relação entre as queimadas na Amazônia e as calotas polares


Fuligem das queimadas na Amazônia viaja até os polos. Foto: Edmar Barros / Amazônia Latitude.
Arte: Fabrício Vinhas / Amazônia Latitude.
O “Amazônia em 5 minutos” desta semana traz as principais notícias sobre a maior floresta tropical do mundo que aconteceram entre os dias 01 e 07 de março. Os destaques desta semana são:
- Queimadas na Amazônia têm impacto no degelo das calotas polares;
- Tráfico de pessoas na região amazônica desafia autoridades brasileiras;
- Região Norte ainda tem os piores índices de educação do país.
Ouça abaixo o episódio completo:
Fuligem Amazônica
Uma pesquisa publicada esta semana mostra a relação entre as queimadas na Amazônia e o derretimento das calotas polares. De acordo com o estudo, a fuligem emitida pela floresta em chamas “viaja” até os polos.
Os dados indicam que a fuligem dos incêndios da Amazônia sobe cerca de cinco quilômetros de altitude e percorre até seis mil quilômetros até atingir a Península Antártica, em um processo que demora duas semanas.
Além disso, desde 1970, as queimadas na Amazônia e na América do Sul liberaram cerca de 800 mil toneladas de fuligem por ano, quase o dobro das emissões que vêm dos combustíveis fósseis na Europa, por exemplo.
Embora o aquecimento global seja a principal causa do degelo, aquecendo oceanos e a atmosfera ao redor da Antártica, fatores como a fuligem aceleram e agravam esse processo. Isso quer dizer que evitar queimadas na Amazônia é cuidar melhor do mundo inteiro.
Tráfico de Pessoas
Quatro adolescentes brasileiras de 15 a 17 anos foram resgatadas na Guiana. Três das meninas foram aliciadas em Boa Vista, em Roraima, e uma era do estado de Santa Catarina. Todas foram traficadas para fora do país e, depois, oferecidas como garotas de programa a homens ricos da Guiana.
O resgate das adolescentes só foi possível porque a mãe de uma delas pressionou a Polícia Federal e a agência de enfrentamento ao tráfico da Guiana para que elas voltassem para casa.
De acordo com a pesquisadora Márcia Oliveira, da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), pelo menos mil pessoas da Amazônia são traficadas todos os anos. Mas esse número pode estar subestimado, pois nem sempre as vítimas percebem que estão sendo tratadas como escravas até ser tarde demais, e poucos casos ganham repercussão.
Um dos grupos mais vulneráveis ao tráfico de pessoas na Amazônia são crianças indígenas, que são aliciadas para serem oferecidas como escravas sexuais em garimpos ilegais da Guiana. Para a pesquisadora da UFAM, apenas uma ação mais contundente do Estado brasileiro pode proteger essas vítimas.
O Desafio da Educação
Dados do Censo 2022, divulgados recentemente, mostram que a região Norte do Brasil ocupa as piores posições no ranking da educação brasileira, da creche ao ensino superior.
Os números indicam avanços: 16,6% das crianças de zero a três anos estão matriculadas em instituições de ensino; 76,2% dos meninos e meninas de 4 a 5 anos cursam a educação infantil; e 96,9% das crianças e adolescentes de 6 a 14 anos estão na escola.
Mas os números começam a cair a partir dessa faixa etária, com 83,7% dos adolescentes de 15 a 17 anos matriculados e apenas 28,7% dos jovens de 18 a 24 anos inscritos em instituições de ensino.
O Norte amarga as menores frequências escolares nas primeiras fases da vida. No Amapá, apenas 12% das crianças de até três anos e 65% de quem tem de 4 a 5 anos estão matriculados na escola. Em Roraima, o número de adolescentes em sala de aula é de 78,8%, e o de jovens estudando não passa de 24%.
Entre as cidades com mais de 100 mil habitantes, dois municípios paraenses se destacam. A cidade de Bragança, no nordeste do Pará, tem o pior índice de matrículas entre crianças de zero a três anos: 93,6% delas não têm vaga garantida em creches e escolas. E, em Breves, no Marajó, 7,3% de quem tem entre 6 e 14 anos está fora das salas de aula.
Falta de estrutura das escolas, escassez de profissionais e dificuldades de acesso à educação em áreas rurais e comunidades tradicionais ainda são entraves para que todas as crianças, adolescentes e jovens tenham, de fato, acesso à educação na Amazônia.
A luta pela educação no Pará foi o pilar do protesto de comunidades tradicionais e professores, liderados por indígenas. Durante 32 dias, eles ocuparam a sede da Secretaria de Estado de Educação pedindo a revogação da Lei nº 10.820, que ameaçava a oferta de professores para o Programa Especial de Educação em Áreas Isoladas e que afetava também a carreira docente no estado.
Dica cultural
Nossa dica cultural desta semana é o Circuito Amazônico de Quadrinhos 2025: uma série de eventos em capitais da região que pretende reunir e mostrar o talento de desenhistas, roteiristas e designers que trabalham produzindo HQs na Amazônia.
A programação quer conectar artistas, obras e fãs em cinco cidades: Manaus, Boa Vista, Macapá, Belém e Palmas. Siga o perfil @circuitoamazonico.hq e fique de olho nessa programação que vai tomar conta da região.
Neste episódio, utilizamos informações de: BBC, portal Poder360 e Brasil de Fato.
Produção: Revista Amazônia Latitude e Rádio Web UFPA
Apresentação, roteiro e revisão: Glauce Monteiro
Edição sonora: João Nilo
Montagem da página: Alice Palmeira
Direção: Marcos Colón