Lúcio Flávio Pinto: a paixão de um jornalista amazônida

Resenha de Patrick Pardini percorre a autobiografia de Lúcio Flávio Pinto, revelando a formação, os desafios e o rigor investigativo de um dos maiores jornalistas da Amazônia

Lúcio Flávio Pinto , jornalista paraense
Lúcio Flávio Pinto. Foto: Marcos Colón
Lúcio Flávio Pinto , jornalista paraense

Lúcio Flávio Pinto, o mais perseguido jornalista da Amazônia. Foto: Marcos Colón / Amazônia Latitude.

Para Marly Gonçalves da Silva
Roger Pardini, jornalista (in memoriam)

Com experiências acumuladas ao longo dos seus 59 anos de cobertura da Amazônia, o jornalista Lúcio Flávio Pinto nos introduz nos bastidores do seu ofício e compartilha os episódios mais marcantes de sua vida no livro Como me tornei um amazônida – Memórias de um jornalista investigativo na maior floresta tropical do planeta. A obra, recém-lançada, apresenta ao leitor importantes investigações realizadas pelo repórter paraense, os personagens dessas histórias, bem como as transformações da região amazônica por ele testemunhadas em primeira mão. A publicação, disponível no formato e-book, também tece reflexões sobre o desafio de se fazer jornalismo independente e investigativo na Amazônia.

A formação (familiar, escolar, profissional)

O livro é composto de um prefácio e 35 capítulos, que não seguem uma estrita ordem cronológica. Da trajetória de Lúcio Flávio de Faria Pinto, nascido em 23/09/1949 em Santarém, cidade paraense situada na confluência dos rios Amazonas e Tapajós, pode-se destacar alguns fatos ou momentos decisivos: o “rito de passagem” que fez do simples aluno do Ensino Médio um repórter profissional, em 1966 (capítulos “Primeiro emprego” e “Ansiedade”); a virada na carreira, em 1988, quando o profissional da grande imprensa deixa seu emprego para ressurgir como jornalista outsider (capítulo “Minha vaidade: ter um Jornal Pessoal”); o dia em que provou para si mesmo que não era um covarde (capítulo “O teste definitivo”); o espetacular “furo de reportagem” internacional realizado em Manaus em 1982 (capítulo “Meu maior furo: o avião de Kadhafi”), fazendo jus à afirmação: O jornalismo é a profissão mais antiburocrática que há (p. 94). Mas a tônica geral do livro é dada pela convicção do autor, expressa no prefácio, de que é papel fundamental do jornalismo registrar e denunciar (p. 4) o modelo de ocupação e exploração da Amazônia (grandes projetos industriais, pata do boi, monoculturas…), fonte de violência e destruição, baseado na negação da floresta e dos rios, ou seja, na negação da própria Amazônia. 

Além do artigo de estreia, publicado em 1966 sobre os 21 anos do fim da 2ª Guerra Mundial (capítulo “Primeiro artigo”), o livro reproduz três textos anteriormente publicados: o artigo sobre o assassinato de Chico Mendes em 1988 (capítulo “Ecologia tratada a tiro”); o artigo alertando sobre a situação da irmã Dorothy Stang, pouco antes do seu assassinato em 2005 (capítulo “Destruição e morte: o enredo não muda”); e uma importante entrevista concedida por Lúcio Flávio Pinto em 2013 (capítulo “O jornalista mais perseguido do país”).

As memórias mais leves e felizes, além das recordações da infância em Santarém e dos seis meses usufruindo uma bolsa de pesquisa na Universidade da Flórida, são geralmente relacionadas com o prazer de explorar sebos e bancas de revistas, ou de poder cumprir o ritual cotidiano da leitura de jornais, hoje desaparecidos, como no trecho a seguir:

Fecho os olhos e deixo vir a relembrança de uma leitura em dia comum do Correio da Manhã. Na primeira página, fotos por ângulos novos ou inteligentes batidas por uma das melhores equipes de fotógrafos de todos os tempos. As páginas de editoriais e de colunas políticas, escritas por Otto Maria Carpeaux, Antônio Callado, Luiz Alberto Bahia […] e tantos mais. O 2º Caderno com Carlos Drummond de Andrade, Carlos Heitor Cony, Antonio Moniz Vianna […]. E no Jornal do Brasil? O ainda insuperado Caderno B, as grandes reportagens… Se não houver leitor para essas grandes criações do espírito, é porque haverá menos espírito no mundo”. (p. 115).

Os primeiros capítulos do livro evocam a Santarém dos anos cinquenta, palco da primeira infância de Lúcio Flávio Pinto e destino invariável de suas férias, quando ele se muda para Belém com a família, aos cinco anos. É dessa época a lembrança de uma experiência marcante, relatada no capítulo “Caminhadas”: Um dos componentes mais importantes da minha formação foi a caminhada que fazia entre a casa da minha família materna e a da paterna (p. 16). A casa dos tios maternos, de origem portuguesa, ficava no centro da cidade, “o centro colonizador dos brancos (p. 19). A casa do avô paterno, cearense, ficava na Aldeia, núcleo de imigrantes nordestinos distante uns 2Km, com suas habitações de taipa, madeira e palha. De uma casa para a outra, o garoto Lúcio Flávio seguia sozinho, podendo escolher entre dois caminhos: o mais próximo do rio e o outro, mais agreste, cada um com sua dose de descobertas e aventuras… Hoje, ele avalia:

Eu conseguia ser da Aldeia e da cidade sem qualquer distinção, me sentindo bem adaptado em cada uma dessas culturas, uma capacidade que me acompanharia por toda a vida e seria fundamental para o exercício do jornalismo profissional”. (p. 19).

Do convívio familiar veio a vocação para o jornalismo, compartilhada com três irmãos, além da paixão pelos livros e pela leitura. A mãe era “uma leitora discreta, mas constante”, e o pai havia sido o redator-secretário do semanário O Jornal de Santarém antes de lançar, em 1952, seu próprio jornal: O Baixo Amazonas (“semanário noticioso e independente”), “enquanto trabalhava como representante de editoras e vendedor de livros” (pp. 7 e 14). “Papai nos transmitiu a paixão pelo jornalismo, que foi seguida por quatro dos seus sete filhos. Também o hábito da leitura, partilhado com mamãe” (p. 14), lembra LFP.

Já em Belém, o futuro jornalista pôde testar sua vocação através de dois “experimentos”. Primeiro, “fazendo jornalzinho na escola e no clube de jovens da paróquia da Trindade”. De um mimeógrafo emprestado “saíram, em oito páginas, O Social e O Combate” (p. 21). Em 1965, ano seguinte ao golpe militar, já aluno do Ensino Médio, comandou um programa semanal de meia hora na Rádio Guajará, patrocinado pelo pai: “O programa abria com uma música, geralmente de protesto. Depois, meu comentário sobre a letra da canção, que me permitia criticar a situação política do país” (p. 21).  O experimento chegou ao fim, após a bronca e o ultimato dados ao pai por um oficial do Exército.

Depois de frequentar o Colégio do Carmo dos padres salesianos, Lúcio Flávio Pinto entrou no Colégio Estadual Paes de Carvalho (CEPC) em 1965, para cursar o Ensino Médio:

[Ali] pude experimentar, na vida, o que começara a aprender nos livros: nenhum produto humano viceja sem liberdade. […] Entre meus professores havia pessoas que tinham sido presas, processadas ou perseguidas pelos novos Torquemadas, mas lá estavam, na sala de aula de uma escola pública. […] O CEPC seria minha grande escola política (pp. 23-24). Em 1968, foi completar seus estudos no Rio de Janeiro, num colégio experimental, o André Maurois, onde iria descobrir que a liberdade pode alcançar altitudes ainda maiores e o espírito não tem limites, mesmo quando parece que se apaga, como ocorreria em 1968″. (p. 25).

Foi aos dezesseis anos, ainda aluno do CEPC, e por um impulso de ousadia, que Lúcio Flávio Pinto se viu dentro de uma redação, a do jornal A Província do Pará, atribuir uma tarefa que viria a constituir, de modo inesperado, seu bilhete de entrada na profissão de repórter: redigir e entregar, em menos de quatro horas, um texto datilografado sobre os 21 anos do fim da 2ª Guerra Mundial. Cumprida a tarefa, saiu a matéria (no dia seguinte, 6 de maio de 1966, na primeira página) e, de pronto, foi contratado seu autor. Era como se toda a sua formação anterior, inclusive a autoaprendizagem pelos livros, o tivesse preparado para isso e propulsado para esta nova condição, esta nova – e inebriante – responsabilidade…

Foto em preto e branco do jornalista Lúcio Flávio Pinto olhando para a câmara

Lúcio Flávio Pinto em sua biblioteca. Foto: Marcos Colón / Amazônia Latitude

New Journalism e método científico. O amor ao desafio e o desafio maior. Jornalista outsider. Criação do espírito e matriz de cultura.

Mais do que “memórias”, o livro nos oferece uma espécie de “autorretrato” de Lúcio Flávio Pinto, além da sua “profissão de fé” e do seu “discurso do método” como repórter e jornalista amazônida.

O jovem estreante de dezesseis anos já surpreendia seus colegas de redação ao usar cadernos de anotações, no lugar de folhas avulsas que eram depois descartadas. A formação de um arquivo pessoal de textos de referência e a busca pela organização e perenidade das informações coletadas serão a base, desde os primórdios, “do método e do rigor” (p. 4) a serem aplicados na apuração jornalística. Ao uso do caderno de anotações veio juntar-se a coleta e leitura sistemática de documentos, em especial as fontes oficiais e corporativas, “consideradas seguras e sancionadas” (p. 110), e na decifração das quais Lúcio Flávio Pinto se especializou, como o Diário Oficial, relatórios de governos, estudos de viabilidade, atas e balanços de empresas… Ele assim julga esse modo pessoal de proceder:

Com meu caderno, os documentos debaixo do braço e as longas horas que sempre dediquei à leitura desses papéis, acho que fui o primeiro, por aqui, a dar uma infletida na profissão no rumo do método científico para elaborar textos jornalísticos”. (p. 92)

Uma outra amostra do ímpeto precursor de Lúcio Flávio Pinto é o artigo de 1966 sobre o fim da 2ª Guerra Mundial, que já fazia uso, na sua abertura, da novíssima técnica do New Journalism americano que consistia em dar à matéria jornalística (o fato) a forma de uma narrativa focada no particular, permitindo “dramatizar” o fato, à maneira de um texto literário, de uma peça teatral ou de um roteiro de filme: “Às 2:41 horas da madrugada de 7 de maio de 1945, numa escola de Reims, na França, representantes do comando supremo alemão assinavam a capitulação incondicional do III Reich” (p. 34), frase inaugural que mostra o jovem aspirante a repórter antenado com a vanguarda do jornalismo mundial. 

Se já havia todo esse pioneirismo no jornalista principiante em matéria de estilo e método, o acesso à universidade foi fundamental para consolidar e refinar essa orientação de base, além de criar o distanciamento com a geração anterior: “Foi essa novidade [o método científico] que a universidade deu aos jornalistas que passaram a frequentá-la na década de 1960. […] Essa formação acadêmica nos protegeu do empirismo e da falta de rigor que predominava no jornalismo. […] Qual era esse ponto de nivelamento por cima, marcante nessa geração que entrou nas redações entre o golpe militar de 1964 e o AI-5 de 1968? O pé que ela tinha na universidade, principalmente. Fomos buscar um diploma (pp. 82-83)”. Lúcio Flávio Pinto optou pela Sociologia. Era interessado nos estudos da cultura e da política, e se formou na Escola de Sociologia e Política de São Paulo, em 1973. 

O jornalista e sociólogo, que aprendeu a organizar seu conhecimento “através de um método científico de pensar” (p. 91) inspirado no livro de Jean-Paul Sartre: Questão de Método, declara:

O jornalismo se afirma exatamente quando enfrenta os acontecimentos do dia com a lupa do saber organizado, do conhecimento que já existe a respeito de tais acontecimentos, estabelecendo o elo entre o presente e o passado – e, sempre que possível, também com o futuro”. (p. 87)

Percebe-se que, no exercício do métier, e por índole própria, o repórter e jornalista Lúcio Flávio Pinto sempre “botou o sarrafo lá em cima”, no penúltimo grau de excelência ou dificuldade, como se funcionasse à base de desafios. Mas essa índole, ou ética pessoal, foi colocada a serviço de uma causa maior, e serve para enfrentar e vencer o verdadeiro desafio: o de fazer jornalismo na Amazônia, e de fazer um jornalismo à altura da Amazônia: o jornalismo que a Amazônia requer e merece, à altura da sua magnitude e complexidade, da sua história, do seu drama, da sua importância para o Brasil e para o mundo… 

O desafio de se fazer jornalismo na Amazônia, baseado em Belém, é definido pelo autor logo no prefácio:

…fazer jornalismo independente em uma região marcada por disputas de terra, desmatamento e violência; fazer um jornalismo investigativo e de denúncia em um ambiente hostil; um jornalismo que busca a verdade em meio a interesses conflitantes”… (p. 4)

Foi para fazer um jornalismo “independente”, “investigativo” e “de denúncia”, unicamente comprometido com a verdade dos fatos, que Lúcio Flávio Pinto, no período de 1987/88, optou por se desligar da grande imprensa e se lançar na aventura do Jornal Pessoal – abraçando o desafio maior! Assumindo, definitivamente, a condição de jornalista outsider. A partir daí, o Brasil e o mundo passaram a dispor de um veículo quinzenal de informações e análises exclusivas sobre a Amazônia. Hoje, graças à Universidade da Flórida em Gainesville (EUA), que tratou de digitalizar e indexar a coleção completa do JP, cobrindo seus 32 anos de existência (1987-2019), temos essa obra preservada e disponibilizada para pesquisa via Internet.

Gilles Deleuze e Félix Guattari, em seu famoso O que é a filosofia? (1991), elegeram a Arte, a Ciência e a Filosofia como as três grandes “disciplinas” do pensamento, as três grandes “formas do pensamento ou da criação”, cada uma com suas “Ideias criadoras”. Diante da obra de um Lúcio Flávio Pinto e dos seus pares de igual estirpe, ousemos afirmar a existência de uma quarta categoria: o Jornalismo, ao lado das outras três, no mesmo nível! De fato, se o Jornalismo (a Imprensa) já ganhou o título de “o Quarto Poder”, e assim funciona, não é menos verdade que ele constitui um tipo específico de pensamento e de “criação do espírito”, produtor de um saber, e ao criar textos, demonstra ser dono de uma escrita própria, distinta da escrita literária, da escrita ensaística, da escrita científica e da escrita filosófica – gerando obras e conhecimentos insubstituíveis, sem equivalentes nos campos da Arte, da Ciência e da Filosofia. Sendo, como elas, matriz de cultura e fonte indescartável de referência (p. 88), aponta nosso autor.

Em um momento excepcional, relatado no capítulo “Só jornalista?”, a Ciência se curvou e prestou tributo ao Jornalismo. Foi no dia 8 de julho de 2007, em Belém, quando a SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, maior entidade científica da América Latina) abriu sua 59ª Reunião Anual com uma sessão especial de homenagem a Lúcio Flávio Pinto. A SBPC era presidida pelo físico Ennio Candotti (1942-2023) e a temática geral do encontro era “Amazônia: desafio nacional”.

Acima de tudo, a figura do intelectual e as marcas de uma paixão. O caboclo lúcido. Uma utopia amazônica. E nós?

No último capítulo do livro, o leitor é interpelado: “Eu sou amazônida. E você?” Essa pergunta direta é típica de Lúcio Flávio Pinto, que sempre esperou receber o feedback dos seus leitores, e manifestava decepção quando isso não acontecia. O Jornal Pessoal foi concebido como uma plataforma para o debate público livre e aberto, publicando na íntegra as “cartas ao editor”, que eram respondidas na mesma edição. Diante das revelações e denúncias do JP, quase sempre publicadas com exclusividade, o repórter-redator-editor esperava reações por parte dos leitores, da sociedade e das autoridades, mostrando-se inconformado com o silêncio e a omissão, pois queria que seus artigos se transformassem numa ferramenta de ação, num elemento que pudesse pesar nas decisões (p. 71). Essa justa “cobrança” persiste, agora no âmbito do jornal online interativo lucioflaviopinto.wordpress.com (“A Agenda Amazônica de um Jornalismo de Combate”), que sucedeu ao JP impresso. 

Este traço da produção jornalística do nosso autor (o desejo de “co-mover”: afetar e mobilizar, à maneira do J’accuse! de Emile Zola), junto com as duas dezenas de livros publicados e as centenas de palestras proferidas em um sem-número de eventos, faz de Lúcio Flávio Pinto, para além de “jornalista e sociólogo”, o grande intelectual e intérprete da Amazônia – assim como J’accuse! fez de Zola, para além da sua condição de escritor, o protótipo do “intelectual”: aquele que sai da sua especialidade para se engajar no debate público de amplo alcance, em defesa da verdade e da justiça (um gesto “político”, na concepção de Hannah Arendt). 

Por fim, o livro traz sinais evidentes da “paixão” vivenciada pelo jornalista e intelectual amazônida, colada no drama de uma Amazônia violentada, deixando marcas na alma e no corpo. Assim se expressa esta paixão, feita de perseguição, lucidez, indignação, luto e dor, mas também de utopia:

  • “Acho que nunca na história um grupo jornalístico perseguiu tanto um jornalista quanto O Liberal me persegue, sem nunca ter exercido seu direito de resposta sobre o que publiquei” (p. 133; entrevista de 2013). Foram 19 processos movidos pelo Grupo Liberal, dos 34 sofridos por LFP. Qual era a intenção? Calar o jornalista, fazê-lo gastar tempo se defendendo na Justiça. Resultado: a própria perseguição passou a ser matéria do Jornal Pessoal, e matéria de capa! 
  • “O meu ato de criar o jornal foi um ato de indignação quando vi o corpo do Paulo Fonteles, porque eu havia conversado com ele três dias antes, longamente…” (p. 139). O jornalista, autor do livro O jornalismo na linha de tiro, já tendo sido ameaçado de morte e agredido fisicamente, é irmão daqueles que efetivamente tombaram. Em estado de luto e indignação, escreveu a matéria que deu origem ao Jornal Pessoal, para “vingar” a morte de um amigo: o advogado Paulo Fonteles, assassinado por defender camponeses no Pará.  
  • “Eu sou o caboclo que chora seu rio aprisionado e sua floresta derrubada. Chora, se indigna, reage e escreve…” (p. 201). Assim é vivenciada e assim se expressa a condição de jornalista amazônida, isto é, de caboclo transformado em jornalista (caboclo lúcido), ou de jornalista que permanece caboclo, filho das águas e da floresta. O choro (literal, não figurado) é a prova disso, e se deu em 1984, ao testemunhar o represamento monstruoso do rio Tocantins pela hidrelétrica de Tucuruí. 
  • “Vivi situação semelhante, em outro contexto, no meu querido Tapajós. Foi em 2009: ao deparar com fotos aéreas sobre áreas de floresta que os plantios de soja substituíram, senti a mesma dor no coração. Por que não podemos erguer a cultura da floresta, como uma opção inteligente do Homo sapiens do século XXI? Conciliando a inteligência com a natureza, enquanto há Amazônia para permitir essa utopia. Somos a última possibilidade de civilização florestal na história do gênero humano. Por que não a utopia? Sem utopia, a Amazônia será uma sucessão de fotos lancinantes na parede. E como elas doem!” (pp. 195-202; montagem de citações). 

E nós? Afinal, caro leitor, cara leitora, pertencemos à geração de brasileiros e brasileiras que um dia assistirá a “O fim da Amazônia” (título de um dos livros de LFP), sem ter conseguido deter este fim, e sabe que terá de responder por isso no Tribunal da História (não vale culpar as mudanças climáticas!). A não ser que, nós também, nos tornemos amazônidas, de verdade: não deixando que isto aconteça…

Foto: Lúcio Flávio Pinto/Ed. do AutorDesnaturada: cultura & natureza

Autor: Lúcio Flávio Pinto

Ano: 2025

Páginas: s/n

Idioma: Português

Editora: Lúcio Flávio Pinto/Ed. do Autor

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Texto: Patrick Pardidni
Revisão e edição: Juliana Carvalho
Montagem da página: Alice Palmeira
Direção: Marcos Colón

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